terça-feira, 1 de março de 2016

'Choque' entre Dilma e o PT mostra fragilidade do governo

01/03/2016 06:45 - Atualizado em 01/03/2016 06:45

Bruno Moreno - Hoje em Dia


A saída de José Eduardo Cardozo (PT) do Ministério da Justiça é a mais recente marca do isolamento do governo Dilma Rousseff (PT) em relação ao Partido dos Trabalhadores. Se a presidente já dava sinais de que governa sem considerar os pedidos do partido dela, agora pode se distanciar ainda mais.

Cardozo era o último petista dentre os seus aliados mais próximos. Em função da operação “Lava Jato”, sofreu forte pressão do partido para limitar a atuação da Polícia Federal, mas não atendeu aos pedidos.

Sua saída (veja infográfico e matéria ao lado) e os recentes desentendimentos de Dilma com o PT, assim como os agravantes da crise econômica, trarão uma nova configuração para o cenário político nacional.

O deputado federal Julio Delgado (PSB/MG), oposição a Dilma, avalia que a saída de Cardozo é um sinal do enfraquecimento do PT no governo dela. Mas ele até mesmo acredita que essas movimentações podem ser um sinal de que Dilma quer diminuir a importância do PT no governo federal.

“Emaranhado”

“A Dilma pode até encontrar um ponto de chamar a sociedade para fazer um governo de União nacional, e mudar algumas coisas que ela está segurando por conta deles (PT). Ela pode aproveitar a oportunidade para ter governabilidade, com estabilização econômica, fazer as reformas estruturantes, a da Previdência, o ajuste fiscal, a ponto de sair desse emaranhado”.

Já o deputado Rodrigo de Castro (PSDB/MG) avalia que a liberdade com que os delegados da Polícia Federal atuam na operação “Lava Jato” é um dos principais motivos para o racha entre Dilma e o PT.

“Dilma está com uma agenda desconectada do ideário petista por conta das crises política e econômica que o PT ajudou a criar. Nesse momento, o PT era parceiro. Quando ‘a casa caiu’, o PT não quer mais. É como um noivo que só quer os bons momentos”, avalia.

Nesse cenário, o deputado acredita que será ainda mais difícil a aprovação das medidas do ajuste fiscal, como a reforma da Previdência e a CPMF.

Em relação à troca no comando no Ministério da Justiça, Rodrigo de Castro acredita que a liberdade com que os investigadores trabalham será mantida. “Se até agora não exerceram um controle sobre a Polícia Federal, não será agora que conseguirão colocar essa pressão”, avalia.

Já o deputado federal por São Paulo Paulinho da Força (Solidariedade) avalia que a troca no Ministério da Justiça pode impulsionar o processo de impeachment. “Se Dilma permitir isso (o cerceamento do trabalho da PF na 'Lava Jato'), o impeachment ganha mais força. Não vamos aceitar que um partido político trabalhe para livrar o Lula e a Dilma”, afirmou em nota.

Lealdade

Na opinião do deputado federal Reginaldo Lopes (PT/MG), não há distanciamento entre Dilma e o PT e essa crise entre a presidente e o partido seria alimentada pelo PSDB e pelos oposicionistas do PMDB.

No entanto, ele reconhece que há interesses dissonantes entre eles e, indiretamente, cobra maior participação de ideias petistas no governo Dilma.

Nenhum comentário: