Protesto
Em pressão contra o governo, suspensão de pagamento de impostos federais também é avaliada
Apoio.
Cerca de 300 empresários paulistas se reuniram ontem no prédio da Fiesp para cobrar mudanças e gritaram “impeachment já”
PUBLICADO EM 18/03/16 - 03h00- O Tempo
BRASÍLIA.
O agravamento da crise política com os acontecimentos dos últimos dias
fez com que entidades do setor industrial começassem a articular um
movimento de pressão que inclui a suspensão do pagamento de impostos
federais e uma paralisação das atividades. A nomeação do ex-presidente
Lula como ministro, ainda em discussão na Justiça, foi o estopim para a
radicalização do movimento.
A informação sobre as articulações é do
presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Beto
Studart. Ele deu entrevista coletiva na quarta-feira após reunião com os
39 sindicatos filiados e conversas com outras federações de indústrias
do país. Ele confirmou que estão sendo estudadas estratégias em nível
nacional. Sobre a paralisação, ele afirmou que a discussão ainda está
sendo feita. “Pode uma parada nacional. Não sei quando vai ser.
Fatalmente, não vai ser essa semana porque não tem organização para
isso”.
Sobre a suspensão de pagamento de impostos,
Beto Studart frisa que isso se daria apenas para os impostos federais.
“Eu poderia dizer, por todo o Brasil, que cada cidadão pague seu imposto
estadual, municipal, mas deixe de pagar o imposto nacional. Por 30
dias. Só isso. Para eles (o governo federal) aprenderem o valor desse
dinheiro”, conclamou.
Ele explicou que reuniões entre federações
de indústrias de todos país ocorreram simultaneamente na quarta-feira e
podem incluir outras categorias. “Todas as federações estão discutindo
como nós. Falei com Santa Catarina, Paraná, São Paulo. Todos eles estão
discutindo”, afirmou. “Devemos envolver outros segmentos da sociedade.
Os médicos já nos procuraram espontaneamente. Outras categorias já nos
procuraram”, concluiu.
Em São Paulo, nesta quinta, foi realizado um
encontro de cerca 300 empresários no prédio da Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo (Fiesp). Eles cobraram mudanças na estrutura
política brasileira e encerraram o encontro cantando o hino nacional
completo. Os executivos carregavam as bandeiras do Brasil e do Estado de
São Paulo. Antes, o grupo gritou “impeachment já”, a pedido do
presidente da Associação Comercial São Paulo (ACSP), Alencar Burti.
Durante a reunião, os líderes empresariais
presentes decidiram iniciar uma pressão conjunta para que os deputados e
senadores priorizem o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O
presidente da Fiesp, Paulo Skaf, afirmou que a entidade mudou o seu
discurso. Até nesta quarta, a Fiesp exigia a renúncia de Dilma Rousseff.
Expectativa
Análise. Presidente da Fiesp, Paulo Skaf disse nesta quinta que acredita que o PMDB deverá decidir pelo desembarque do governo antes do prazo de 30 dias definido na convenção do último sábado.
Análise. Presidente da Fiesp, Paulo Skaf disse nesta quinta que acredita que o PMDB deverá decidir pelo desembarque do governo antes do prazo de 30 dias definido na convenção do último sábado.
Brasília. Os empresários
brasileiros estão perplexos diante da grave deterioração do cenário
político, que submete o país a uma situação sem precedentes em sua
história recente. A informação consta de nota distribuída nesta quinta
pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), na qual a entidade e as
Federações das Indústrias dos Estados manifestam “extrema preocupação
com o agravamento da crise política e econômica que o Brasil atravessa”.
No comunicado feito à Nação, a CNI alerta para o caos em que a política nacional mergulhou, gerando profundas incertezas e piorando as perspectivas da economia, já abalada pela mais séria recessão dos últimos 25 anos, Ela critica a “paralisia decisória” que afastou o país do caminho do crescimento e exige “grandeza, serenidade e espírito público dos homens e das mulheres que ocupam os três Poderes da República, para que o Brasil possa superar o cenário adverso, voltar a crescer e ter confiança no futuro”.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) disse, em nota, que “grupos se engalfinham na luta pelo poder e olham para o Estado com o único objetivo de satisfazer seus próprios interesses”.
Bolsa sobe 6,6% e tem a maior alta desde janeiro de 2009No comunicado feito à Nação, a CNI alerta para o caos em que a política nacional mergulhou, gerando profundas incertezas e piorando as perspectivas da economia, já abalada pela mais séria recessão dos últimos 25 anos, Ela critica a “paralisia decisória” que afastou o país do caminho do crescimento e exige “grandeza, serenidade e espírito público dos homens e das mulheres que ocupam os três Poderes da República, para que o Brasil possa superar o cenário adverso, voltar a crescer e ter confiança no futuro”.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) disse, em nota, que “grupos se engalfinham na luta pelo poder e olham para o Estado com o único objetivo de satisfazer seus próprios interesses”.
São Paulo. O episódio da divulgação de áudios com conversas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff voltou a fortalecer apostas em um impeachment presidencial, o que se traduziu nesta quinta em alta de 6,60% da Bovespa, que fechou aos 50.913. Foi a maior alta porcentual da bolsa em um único dia desde 2 janeiro de 2009. Os mercados já iniciaram o dia precificando a maior chance de uma troca de governo, apoiados na grande repercussão dos áudios revelados por autorização do juiz Sérgio Moro na noite de quarta.
A leitura de que a nomeação de Lula teve por objetivo apenas a obtenção de foro privilegiado trouxe a percepção de que o ex-presidente levou a Operação Lava Jato para dentro do Palácio do Planalto, por envolver a presidente Dilma Rousseff no caso. A Bovespa, que já havia aberto em forte alta, acelerou a tendência com a notícia de que o juiz Itagiba Catta Preta Neto, da 4ª Vara Federal do Distrito Federal, concedeu liminar suspendendo a nomeação de Lula, que acabara de ser empossado como ministro-chefe da Casa Civil. Ações ligadas ao governo, como Petrobras ON (+8,75%) e PN (+12,03%) e Banco do Brasil ON (+14,37%), foram destaques o dia todo. Eletrobras ON, que não faz parte do índice, subiu 10,38%. Tecnicamente, Lula ainda é ministro, mas não pode operar atos como tal, na avaliação do governo.
Mas a Bovespa voltaria a renovar máximas à tarde, com influência das bolsas norte-americanas, que tiveram uma rodada de ganhos, em meio à alta dos preços do petróleo. O Índice Dow Jones fechou em alta de 0,90% (17.841,49 pontos) e com isso anulou as perdas que acumulava no ano, passando a contabilizar alta de 0,32% em 2016.
Câmbio. O dólar à vista teve nesta quinta sua maior queda porcentual em quase um ano, terminando o dia cotado a R$ 3,6473, com baixa de 2,55%. Trata-se do maior recuo desde 23 de março de 2015. Os motivos da forte queda foram os mesmos que levaram a Bolsa a subir. O dólar já abriu em queda frente ao real e atingiu a mínima do dia no início da tarde, com a notícia da suspensão da nomeação de Lula pela Justiça. À tarde o Banco Central anunciou em um curto comunicado que, em função das condições atuais do atual cenário internacional, decidiu reduzir a rolagem dos contratos de swap cambial (leilão de divisas).
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