Petistas e esquerdistas afins transferiram sua manifestação para o dia 20, junto com “bloquinho”. Sem cachaça, já não reúnem ninguém. O pão está pouco, tomem circo e bêbados. Faz sentido. É a cara do PT!
Escrevi
aqui. Não ousem deter a marcha dos pacíficos. Escrevi aqui: não
desafiem a força da mansidão, porque, como está em Gálatas, contra ela,
nem mesmo as leis são eficazes. Os pacíficos e os mansos de espírito já
venceram a ditadura militar no Brasil. Contra eles, não houve lei
eficaz. Os que optaram, por exemplo, pela luta armada só contribuíram
para recrudescer o regime e conferiram uma suposta autoridade moral a
quem não tinha nenhuma.
Os que se
cansaram do regime petista e de sua rotina de desrespeito às leis e às
instituições não abrirão mão, pois, da luta pacífica. E se, contra os
pacíficos, os mansos e os justos, nada podem as leis, tampouco pode a
força bruta.
As
esquerdas, ao menos oficialmente — e é na prática que vamos ver o efeito
de sua decisão —, anunciaram o cancelamento de suas manifestações para
este domingo, 13, quando muitos milhares de pessoas sairão às ruas em
defesa do impeachment, cobrando, em nome da lei, da Constituição e da
ordem, que este governo seja apeado do poder.
A Juventude
do PT, a UNE (União Nacional dos Estudantes) e os ditos movimentos
sociais desistiram de rivalizar com os manifestantes pró-impeachment. Os
esquerdistas dizem agora ter tomado a decisão para evitar possíveis
confrontos com manifestantes anti-Dilma.
O encontro
“Sem Medo de Ser Feliz – Pela Diversidade e Democracia” foi remarcado
para o domingo seguinte, dia 20 de março. Os organizadores afirmam que o
evento será um encontro apartidário e cultural, com shows e presença de
artistas e, claro!, de bloquinhos de carnaval.
“O sapo não
pula por boniteza, mas porém por precisão”, diz um provérbio capiau
recolhido por Guimarães Rosa. Acho bom e prudente que as esquerdas
tenham recuado, mas não pensem que o fizeram movidas pelo bom senso. Foi
a necessidade.
A notícia de
que elas pretendiam sair às ruas para rivalizar com os que são
favoráveis ao impeachment foi contraproducente pra elas; rendeu efeito
contrário. O objetivo era assustar as pessoas. O que o monitoramento do
governo constatou foi o contrário: a ideia do desafio fez com que
crescessem enormemente os anúncios de adesão aos protestos marcados para
este dia 13.
Os petistas e as esquerdas não estão se dando conta de que se chegou, definitivamente, ao fim de uma era.
Para onde
quer que se olhe, constata-se o fim do governo. A simples conjectura de
que um ministério pode ser dado a Lula apenas para lhe garantir o foro
especial por prerrogativa de função indica a falência. O fato de um
investigado pelo Ministério Público Federal e denunciado pelo Ministério
Público Estadual ter tomado as rédeas, na aparência ao menos, da luta
contra o impeachment é a confirmação de que Dilma já não governa.
E que se
note. O PT já apeou do governo Dilma faz tempo. Já anunciou que não
apoia a reforma da Previdência. Já anunciou que não aceita o corte no
Orçamento. Já deu a sua receita para o futuro: aumentar os gastos
públicos.
Ou por
outra: Lula não anda todo buliçoso por aí para salvar Dilma. A luta,
hoje, é apenas para manter o controle da máquina pública, vital para o
PT, e, com ela em mãos, manter as condições de chantagear o processo
político.
Ocorre que o
país, crescentemente, se dá conta de que não tem mais um governo. Está
submetido hoje a um interventor investigado, que não foi eleito por
ninguém. E por isso também muitos milhares estarão nas ruas neste
domingo.
As
esquerdas, em suma, recuaram porque o contraste seria humilhante e se
evidenciaria, também pela ocupação do espaço, que uma minoria tiraniza
uma maioria.
Uma minoria que vai cair.
Ah, sim:
como se vê, no dia 20, as esquerdas pretendem unir a defesa do PT com
bloquinho de carnaval. Sem cachaça, já não reúnem ninguém. O pão tá
pouco, tomem circo e bêbados. Faz sentido! É a cara do PT — sem querer
desrespeitar os bêbados profissionais, é claro!
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