segunda-feira, 7 de março de 2016

Grupos anti-PT apostam no sucesso das manifestações do próximo domingo

07/03/2016 06:44 - Atualizado em 07/03/2016 06:44

Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia


Com o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) novamente no radar, impulsionado pelas novas revelações da operação “Lava Jato”, como a delação do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e a condução coercitiva do ex-presidente Lula, a oposição e grupos anti-PT acreditam que as manifestações contra o governo, marcadas para o próximo domingo, contarão com a participação maciça da população.

Especialistas acreditam que os defensores do governo e do ex-presidente também não deixarão por menos. Lula disse, na última sexta-feira, que percorreria o país e poderia lançar-se candidato, em 2018. Para analistas, o clima nas ruas deve se acirrar.

Pró-impeachment

Em BH, com o apoio de partidos da oposição, a estimativa é a de que 13 movimentos organizados irão colocar o bloco nas ruas com programação de intensos protestos durante todo o dia. Conforme a agenda, oito grupos vão se reunir, a partir das 10h, na Praça da Liberdade, e depois vão partir para a Praça da Estação, no Centro, onde se juntarão a outros cinco movimentos. “Estamos nos organizando para ficar o dia inteiro na rua”, afirma Flávia Figueiredo, do Renova Brasil.

“A oposição está reforçando o movimento”, explica Marcela Valente, do Brava Gente Brasileira. Outra presença garantida pelos organizadores é do boneco pixuleco de Lula.
O senador Aécio Neves (PSDB) é esperado na nova rodada de manifestações. Mas, segundo aliados do tucano, nada está garantido, pois a intenção é de dar protagonismo à participação popular. Essa é a aposta da oposição para alavancar o processo de impeachment que a presidente Dilma sofre na Câmara.

Divisão

Para o professor do departamento de Ciências Políticas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e especialista em política internacional Dawisson Belém Lopes, a tendência é a de que a nova onda de protestos exponha ainda mais a divisão da opinião pública e crie um clima de guerra. Segundo Lopes, o vazamento de trechos da delação de Delcídio e a inclusão definitiva de Lula na “Lava Jato” vão inflar o movimento e acirrar os ânimos dos dois lados.

“Podemos nos preparar para um protesto muito forte porque existe hoje uma divisão muito polarizada, entre os chamados coxinhas e petralhas. Os militantes do PT estão indignados com a desproporcionalidade da ação da polícia contra o ex-presidente Lula. Por outro lado, os oposicionistas também estão revoltados com as revelações da operação ‘Lava Jato’ e os rumos da economia. Temo até pela integridade física das pessoas”, argumenta.

Segundo o especialista, o atual momento da política brasileira é semelhante ao da Venezuela. “Vivemos hoje um enfrentamento de uma sociedade partida ao meio”.

Para analista, suposto envolvimento de Lula na ‘Lava Jato’ não põe fim ao ‘lulismo’

Na visão do professor de Ciências Políticas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Paulo Roberto Figueira Leal, a ação da “Lava Jato” contra o ex-presidente Lula não significa o fim do “lulismo”. Para ele, existe uma diferenciação entre o Partido dos Trabalhadores e a figura do ex-presidente.
“Ainda é cedo para dizer, mas penso que haverá uma reaglutinação dos setores simpáticos ao ex-presidente. Por outro lado, reforça a visão negativa de quem já condenava Lula”, argumentou. De acordo Figueira Leal, a tendência de agora em diante é de acirramento de opiniões em meio a um longo debate jurídico.

Editoria de Arte/Hoje em Dia
Opositores apostam nos protestos


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