terça-feira, 22 de março de 2016

Lula dispara: ‘eles têm que ter medo’

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Ex-presidente foi gravado cinco dias antes de ser levado para depor no aeroporto de Congonhas

O Tempo
PUBLICADO EM 22/03/16 - 03h00
São Paulo. À medida em que a Polícia Federal e a Procuradoria da República preparavam a deflagração da Operação Aletheia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se movimentava em busca de apoios. No dia 28 de fevereiro – apenas cinco dias antes de a PF conduzi-lo coercitivamente para depor em uma sala no aeroporto de Congonhas –, o petista caiu no grampo com o deputado Wadih Damous (PT–RJ).
Na conversa, o ex-presidente organiza uma estratégia e diz que os investigadores e o Judiciário deveriam temer uma reação.
“Eu acho que eles têm que ter em conta o seguinte, eles têm que ter medo. Eles têm que ter preocupação, um filho da p*** desses qualquer que fala m****, ele tem que dormir sabendo que no dia seguinte vai ter dez deputados na casa dele enchendo o saco, no escritório dele enchendo o saco, vai ter uma representação no Supremo Tribunal Federal, vai ter qualquer coisa”, dispara Lula.
Viagem. Dois dias depois, Lula foi flagrado em uma conversa com o então ministro chefe da Casa Civil, Jaques Wagner. Na conversa, o ex-presidente diz que não iria a Brasília “por conta da saída do rapaz”. Na avaliação dos investigadores, “rapaz” era uma referência ao ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, hoje ministro chefe da Advocacia Geral da União (AGU). Lula era um crítico de Cardozo porque o ex-ministro não teria controle sobre a Polícia Federal.
O diálogo mostra que o ex-presidente estava de viagem marcada para Brasília, mas mudou de ideia.
“Eu estava pensando se não era o caso de eu não ir a Brasília hoje, por conta da saída do rapaz”, disse Lula.
Jacques Wagner responde que o assunto foi avaliado por Dilma. “Isso ela se preocupou nesta segunda, (disse que) depois vão dizer que ele (Lula) só veio aqui para comemorar o bota-fora”, revelou.
Governo tenta vetar o uso dos grampos

BRASÍLIA.
 O advogado geral da União, José Eduardo Cardozo, entrou no fim da tarde desta segunda com um pedido de liminar no Superior Tribunal Federal (STF) para suspender os efeitos da decisão do juiz Sérgio Moro, que quebrou o sigilo das conversas telefônicas entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Cardozo argumenta que um presidente da República só pode passar por uma interceptação telefônica com a autorização do STF, através de uma norma constitucional. No documento, Cardozo critica Moro e diz que, ao divulgar a conversa, o juiz “colocou em risco a soberania nacional, em ofensa ao Estado democrático republicano”.

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