quinta-feira, 17 de março de 2016

Lula, a incógnita

José Antônio Bicalho
José Antônio Bicalho
jleite@hojeemdia.com.br
  

17/03/2016

Lula é e sempre foi uma incógnita no campo da economia. Crítico contumaz da ortodoxia de seu antecessor, quando no poder repetiu FHC com a dupla Antônio Palocci (Fazenda) e Henrique Meirelles (Banco Central).
Nunca permitiu que se praticasse uma política econômica genuinamente de esquerda (vide a aberração do câmbio ao longo de toda a era Lula), mas em seu segundo mandato recorreu ao heterodoxo Guido Mantega (Fazenda) para assegurar algum crescimento em meio a explosão da crise financeira internacional.
Nova reviravolta e Lula exerceu influência decisiva para que Dilma aceitasse a troca de Mantega pelo ultraortodoxo Joaquim Levy, no primeiro ano do segundo mandato da presidente. Sobreveio o inevitável desastre do ajuste fiscal e Lula fez novas gestões por mudança. Dilma trocou Levy pelo atual ministro Joaquim Barbosa, mais identificado como a ala desenvolvimentista do governo petista. Mas, então, a casa já havia pegado fogo e para Barbosa entregaram um balde.
Lula retorna, agora, como ministro da Casa Civil com a missão de juntar os cacos políticos e impedir o impeachment. Nisso ele é craque. Mas Lula também sabe que a sobrevivência do governo dependerá vitalmente da recuperação da economia. E nisso ele não é um craque.
O tal “plano de reanimação nacional” só terá sucesso com uma mudança radical na política econômica. Mas, na economia, Lula nunca se mostrou um radical.
Dilma reuniu a imprensa nessa quarta-feira (16) para dizer que nada muda na política econômica com a chegada de Lula. Que estão mantidos Barbosa na Fazenda e Tombini no Banco Central. E que o compromisso com as metas fiscais e de inflação continuam sendo a espinha dorsal da política econômica. Disse, ainda, que não mexerá nas reservas internacionais a não ser para defender o país das flutuações cambiais e ataques especulativos contra a moeda nacional.
É sempre assim e não necessariamente verdade. Quando um governo se mexe para fazer mudanças, a primeira iniciativa é dizer ao mercado que nada muda, pois agentes econômicos com medo do incerto podem jogar por terra todo o planejado.
Nessa quarta-feira (16), o mercado especulava a troca de Tombini por Meirelles na direção do Banco Central. Se for essa a mudança que passa pela cabeça de Lula, preparem-se, porque o pior ainda está por vir. Mas se estiver pensando em dar um cavalo de pau na economia, aí sim, alguma esperança será gerada.

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