terça-feira, 15 de março de 2016

LULA MINISTRO – Ex-presidente e Dilma debocham do povo e das instituições; ele quer nos enterrar por várias gerações

Em entrevista, Rui Falcão admite que chefão petista seria uma espécie de primeiro-ministro; como inexiste esse cargo no Brasil, então ele se oferece para ser um ditador

Por: Reinaldo Azevedo
Se for nomeado ministro, Luiz Inácio Lula da Silva será, na prática, primeiro-ministro. Como esse cargo inexiste no Brasil, ele se transforma, então, em presidente da República, e Dilma passa a exercer uma função meramente decorativa. A rigor, hoje, ela já dispõe de muito menos prerrogativas do que o cargo lhe confere, uma vez que entregou parte considerável das suas tarefas a dois prepostos de Lula: Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo). Um dos dois abriria lugar para o superministro. Em entrevista a Amanda Klein, da RedeTV, levada ao ar na noite desta segunda, Rui Falcão, presidente do PT, diz cheio de orgulho que seria isto mesmo: Lula como uma espécie de primeiro-ministro.
É um acinte e um descalabro. Um primeiro-ministro pode ser destituído por um voto de desconfiança do Parlamento. Um presidente, como sabemos, só deixa o cargo em circunstâncias bem mais complicadas: crime comum no exercício do mandato, crime de responsabilidade ou se cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Na prática, então, ao menos enquanto o Ministério Público e o Supremo deixassem, Lula seria uma espécie de ditador do Brasil, atuando como presidente, por delegação de Dilma, mas sem ser eleito por ninguém.
Aqui, é preciso que se digam as coisas com clareza. Embora as questões de polícia os tenham aproximado, as de política os distanciam bastante. O leitor talvez não saiba, mas é preciso que se diga: hoje, Lula e Dilma se detestam. E há quem jure que um se refere ao outro, privadamente, aos palavrões, daqueles que ofendem a ascendência… E daí? Lula está se impondo a Dilma, e o PT a convenceu de que ele pode salvá-la do impeachment. Mas, para tanto, precisa ter todo o poder.
E ela lhe ofereceu. Lula não quer ver seu nome colado a uma recessão. Ao contrário: ele quer ser o ministro do “renascimento econômico” e, ora vejam, para assumir a Presidência informal exige mudança da política econômica. Uma das ideias de jerico dos companheiros é passar a usar as reservas para fazer bombar a economia. Lula está disposto a destruir o Brasil por muitas gerações.
Golpe
Eis aí o verdadeiro golpe. É evidente que, se assumir um ministério, Lula está em busca do foro especial por prerrogativa de função. A investigação do tríplex — seja a que já estava com o Ministério Público Federal, seja a que caminhava no MP de São Paulo — e do resto migra para o Supremo.
A decisão de fazer Lula ministro indica o que o PT entende ser o sistema político brasileiro: aposta-se que ele pode ser refém de um homem e de uma única vontade.
Há mais: nas conversas reservadas que anda tendo, Lula passa a certeza a uma parcela dos políticos, especialmente do PMDB, de que consegue pôr um freio na Operação Lava Jato. A suposição, desde sempre, é que falta pulso ao governo para enquadrar a Polícia Federal.
A operação é típica de republiqueta de banana e de bananas. Se Dilma e o PT realmente fizerem essa escolha, estarão jogando a Presidência da República, como instituição, na lama. A dupla estaria debochando do povo brasileiro, na certeza de que Polícia Federal, Ministério Público, Congresso e Justiça não passam de marionetes da vontade de um “condutor”, de um líder. No depoimento ao Ministério Público Estadual, Lula expressou a convicção de que é mesmo um Super-Homem.  Anunciou que vai se candidatar em 2018 e desafiou: vamos ver quem terá coragem de barrá-lo.
Essa reta final do petismo não será fácil. E que fique claro para todos: Lula ministro é a escolha do tudo ou nada.
Vamos ver: ou as instituições reagem ou vamos para o buraco.
Texto publicado originalmente às 3h43

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