Em entrevista, Rui Falcão admite que chefão petista seria uma espécie de primeiro-ministro; como inexiste esse cargo no Brasil, então ele se oferece para ser um ditador
Se
for nomeado ministro, Luiz Inácio Lula da Silva será, na prática,
primeiro-ministro. Como esse cargo inexiste no Brasil, ele se
transforma, então, em presidente da República, e Dilma passa a exercer
uma função meramente decorativa. A rigor, hoje, ela já dispõe de muito
menos prerrogativas do que o cargo lhe confere, uma vez que entregou
parte considerável das suas tarefas a dois prepostos de Lula: Jaques
Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo). Um dos
dois abriria lugar para o superministro. Em entrevista a Amanda Klein,
da RedeTV, levada ao ar na noite desta segunda, Rui Falcão, presidente
do PT, diz cheio de orgulho que seria isto mesmo: Lula como uma espécie
de primeiro-ministro.
É um acinte
e um descalabro. Um primeiro-ministro pode ser destituído por um voto
de desconfiança do Parlamento. Um presidente, como sabemos, só deixa o
cargo em circunstâncias bem mais complicadas: crime comum no exercício
do mandato, crime de responsabilidade ou se cassado pelo Tribunal
Superior Eleitoral.
Na prática,
então, ao menos enquanto o Ministério Público e o Supremo deixassem,
Lula seria uma espécie de ditador do Brasil, atuando como presidente,
por delegação de Dilma, mas sem ser eleito por ninguém.
Aqui, é
preciso que se digam as coisas com clareza. Embora as questões de
polícia os tenham aproximado, as de política os distanciam bastante. O
leitor talvez não saiba, mas é preciso que se diga: hoje, Lula e Dilma
se detestam. E há quem jure que um se refere ao outro, privadamente, aos
palavrões, daqueles que ofendem a ascendência… E daí? Lula está se
impondo a Dilma, e o PT a convenceu de que ele pode salvá-la do
impeachment. Mas, para tanto, precisa ter todo o poder.
E ela lhe
ofereceu. Lula não quer ver seu nome colado a uma recessão. Ao
contrário: ele quer ser o ministro do “renascimento econômico” e, ora
vejam, para assumir a Presidência informal exige mudança da política
econômica. Uma das ideias de jerico dos companheiros é passar a usar as
reservas para fazer bombar a economia. Lula está disposto a destruir o
Brasil por muitas gerações.
Golpe
Eis aí o verdadeiro golpe. É evidente que, se assumir um ministério, Lula está em busca do foro especial por prerrogativa de função. A investigação do tríplex — seja a que já estava com o Ministério Público Federal, seja a que caminhava no MP de São Paulo — e do resto migra para o Supremo.
Eis aí o verdadeiro golpe. É evidente que, se assumir um ministério, Lula está em busca do foro especial por prerrogativa de função. A investigação do tríplex — seja a que já estava com o Ministério Público Federal, seja a que caminhava no MP de São Paulo — e do resto migra para o Supremo.
A decisão de
fazer Lula ministro indica o que o PT entende ser o sistema político
brasileiro: aposta-se que ele pode ser refém de um homem e de uma única
vontade.
Há mais: nas
conversas reservadas que anda tendo, Lula passa a certeza a uma parcela
dos políticos, especialmente do PMDB, de que consegue pôr um freio na
Operação Lava Jato. A suposição, desde sempre, é que falta pulso ao
governo para enquadrar a Polícia Federal.
A operação é
típica de republiqueta de banana e de bananas. Se Dilma e o PT
realmente fizerem essa escolha, estarão jogando a Presidência da
República, como instituição, na lama. A dupla estaria debochando do povo
brasileiro, na certeza de que Polícia Federal, Ministério Público,
Congresso e Justiça não passam de marionetes da vontade de um
“condutor”, de um líder. No depoimento ao Ministério Público Estadual,
Lula expressou a convicção de que é mesmo um Super-Homem. Anunciou que
vai se candidatar em 2018 e desafiou: vamos ver quem terá coragem de
barrá-lo.
Essa reta final do petismo não será fácil. E que fique claro para todos: Lula ministro é a escolha do tudo ou nada.
Vamos ver: ou as instituições reagem ou vamos para o buraco.
Texto publicado originalmente às 3h43
Nenhum comentário:
Postar um comentário