sexta-feira, 25 de março de 2016

Lula vem para o governo de um jeito ou de outro, afirma Dilma


Gregg Newton/Reuters
Brazil's President Dilma Rousseff takes a selfie with a man after a meeting with jurists at Planalto Palace in Brasilia, Brazil, March 22, 2016. REUTERS/Gregg Newton EDITORIAL USE ONLY. NO RESALES. NO ARCHIVE TPX IMAGES OF THE DAY ORG XMIT: BSB110
Presidente Dilma Rousseff tira selfie em evento com juristas contra o impeachment na última terça (22)
Em entrevista a seis veículos estrangeiros nesta quinta (24), a presidente Dilma Rousseff afirmou que o ex-presidente Lula vai participar de seu governo de qualquer forma, seja como ministro ou assessor.
"Ou ele vem como ministro ou vem como assessor, de uma maneira ou de outra. Vamos trazê-lo para ajudar o governo. Não há como impedir", disse a presidente, segundo o jornal espanhol "El País".
"Lula não é apenas um negociador talentoso, mas entende também todos os problemas do Brasil", disse a petista.
Sobre a acusação de que nomeou Lula para livrá-lo do risco de prisão na investigação da Lava Jato em primeira instância, em Curitiba, a presidente indagou aos jornalistas: "O Supremo não é bom o suficiente para investigar Lula?".
"Vamos supor que venha ao governo para se proteger: que proteção mais esquisita, na verdade, porque um ministro não está protegido. Ao contrário, é investigado pelo Supremo Tribunal Federal. E os 11 ministros [do Supremo] não são melhores nem piores que um juiz de primeira instância. O que acontece é que Lula iria fortalecer meu governo, e os partidários do 'quanto pior, melhor' não querem que isso ocorra".
Dilma voltou a negar a possibilidade de renunciar, falou em golpe e afirmou que não há base legal para a aprovação de seu impeachment pelo Congresso.
"Não estou comparando o golpe aqui com os golpes militares do passado, mas isso [impeachment] seria uma ruptura da ordem democrática do Brasil", afirmou a presidente, segundo o jornal britânico "The Guardian".
CICATRIZES
Ela disse ainda, de acordo com o jornal, que seu afastamento teria "consequências" e deixaria "cicatrizes profundas" na vida política brasileira.
"Por que querem minha renúncia? Por que sou uma mulher fraca? Não sou", respondeu Dilma, segundo relato do "Guardian". Ela frisou que aqueles que pedem sua renúncia querem, na verdade, evitar a dificuldade em remover "ilegalmente" do poder um presidente eleito legitimamente.
A petista afirmou, segundo o americano "The New York Times" que vai apelar de todas as maneiras legais possíveis para barrar o impeachment. Segundo ela, há falta de "bases legais" para o processo no Congresso.
Na entrevista, destacou que o pedido de afastamento tem sido conduzido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), envolvido em escândalos de propina e lavagem de dinheiro.
'DURMO BEM'
A presidente afirmou ainda que não é "agradável" ser vaiada em protestos nas ruas e disse que não é uma pessoa "depressiva": "Eu durmo bem à noite".
Segundo o "Guardian", Dilma aparentava tranquilidade na conversa, que durou uma hora e meia. O único momento em que mostrou irritação, diz o jornal, foi quando comentou a divulgação da gravação telefônica dela com Lula, gravada pela Polícia Federal com autorização do juiz Sérgio Moro.
A presidente disse que a "violação de privacidade" infringe a democracia porque invade, na avaliação dela, o direito à vida privada de cada cidadão. Sem citar Moro, Dilma afirmou que um juiz deve ser "imparcial", sem decidir com "paixões políticas".
Além de "El País", "The New York Times" e "The Guardian", os outros veículos que a entrevistaram foram "Le Monde" (França), "Página 12" (Argentina) e "Die Zeit" (Alemanha). Todos os seis se situam no espectro da centro-esquerda.

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