sexta-feira, 18 de março de 2016

Mercado já vê impeachment como cenário mais provável

Probabilidade de interrupção do mandato de Dilma ganhou força devido às manifestações de domingo e pela revelação das gravações telefônicas entre ela e Lula

- Atualizado em
Presidente Dilma Rousseff concede coletiva de imprensa em Brasília (DF) nesta quarta-feira (16)
Presidente Dilma Rousseff em coletiva de imprensa em Brasília (DF) (Evaristo Sá/AFP)
A previsão de parte dos analistas para a economia já considera o impeachment da presidente Dilma Rousseff como o cenário mais provável. A probabilidade de interrupção do mandato da petista ganhou força nos últimos dias devido às manifestações de domingo e pela revelação das gravações telefônicas envolvendo Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na quinta-feira, a consultoria americana Eurasia elevou de 65% para 75% a possibilidade de a presidente Dilma não terminar o seu mandato, de acordo com o relatório. Segundo o documento, a votação do impeachment no Congresso deve ocorrer em maio. No começo do mês, a Eurasia estimava em 40% as chances de Dilma não terminar o mandato, porcentual que foi subindo de forma rápida nas últimas semanas.
A consultoria estima que Dilma tem hoje entre 85 e 90 deputados de esquerda que vão votar contra o impeachment, principalmente por motivos ideológicos. Para que o impedimento não seja aprovado, ela precisa de 172 dos 513 votos da casa. Ou seja, a presidente precisaria convencer 80 de 260 parlamentares de partidos de centro a não abandonarem o governo.
A expectativa por um novo governo tem ficado evidente no mercado financeiro. Apenas em março a Bolsa subiu 18,98%, e o dólar recuou 8,78%. Na leitura dos analistas, um novo governo poderia fazer com que os ajustes considerados necessários saíssem do papel.
Na segunda-feira, dia seguinte às manifestações, a Tendências Consultoria Integrada também passou a enxergar um risco maior de interrupção do governo. A probabilidade de um impeachment ocorrer já no primeiro semestre aumentou de 55% para 70%. O cenário engloba uma interrupção do mandato da presidente pelo impeachment ou pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Esse cenário é bastante parecido com o da MB Associados. Segundo a consultoria, a probabilidade de interrupção do mandato da presidente é de 70%. "Esperamos que a queda (da presidente) se dê no máximo até metade do ano, mas, pelos acontecimentos, parece que será antes disso", afirmou o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale.
O cenário da MCM também foi alterado depois da divulgação das gravações de conversas telefônicas do ex-presidente Lula. "Sérgio Moro explodiu o governo Dilma e o ex-presidente Lula. Talvez, tenha se explodido também", disseram os analistas, acrescentando que Moro será submetido a um processo junto ao Conselho Nacional de Justiça e pode ser punido.
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(Com Estadão Conteúdo)

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