sábado, 5 de março de 2016

Moro justifica condução coercitiva de Lula em nota

após ação da Polícia Federal

"Como consignado na decisão, essas medidas investigatórias visam apenas o esclarecimento da verdade e não significam antecipação de culpa do ex-presidente", afirmou o juiz da Lava-Jato

Moro
"Cuidados foram tomados para preservar, durante a diligência, a imagem do ex-presidente", disse Moro
PUBLICADO EM 05/03/16 - 12h41
Em nota divulgada neste sábado (5), o juiz federal Sergio Moro afirmou que a medida de condução coercitiva do ex-presidente Lula para depor na sexta (4) não significa "antecipação de culpa" do petista.
Moro afirmou que acatou um pedido do Ministério Público Federal. "Como consignado na decisão, essas medidas investigatórias visam apenas o esclarecimento da verdade e não significam antecipação de culpa do ex-presidente", afirmou o juiz que conduz as investigações da Lava Jato. "Cuidados foram tomados para preservar, durante a diligência, a imagem do ex-presidente", ressaltou.

A nota é uma reação de Moro à polêmica criada por sua decisão de determinar a condução coercitiva de Lula, ou seja, ter obrigado o ex-presidente a ser levado a um local determinado para prestar depoimento –no caso, numa sala no aeroporto de Congonhas.

Além do próprio Lula, aliados, entre eles a presidente Dilma Rousseff, criticaram a medida do juiz.
A divulgação da nota é atitude rara do magistrado, que só costuma se manifestar sobre as críticas endereçadas a si nos autos dos processos da Lava Jato.

Confrontos

Moro também comentou os confrontos na sexta (4) entre militantes anti e pró-Lula por causa da Operação Aletheia (24ª fase da Lava Jato), que teve como alvo o ex-presidente. No despacho que autorizou a ação, Moro havia justificado que pretendia evitar tumultos.

Neste sábado, ele reforçou o mesmo argumento: "Lamenta-se que as diligências tenham levado a pontuais confrontos em manifestação políticas inflamadas, com agressões a inocentes, exatamente o que se pretendia evitar".

"Repudia este julgador, sem prejuízo da liberdade de expressão e de manifestação política, atos de violência de qualquer natureza, origem e direcionamento, bem como a incitação à prática de violência, ofensas ou ameaças a quem quer que seja, a investigados, a partidos políticos, a instituições constituídas ou a qualquer pessoa", ressaltou o juiz.
Leia a nota na íntegra
"Nota oficial da 13ª Vara Federal de Curitiba
A pedido do Ministério Público Federal, este juiz autorizou a realização de buscas e apreensões e condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para prestar depoimento. Como consignado na decisão, essas medidas investigatórias visam apenas o esclarecimento da verdade e não significam antecipação de culpa do ex-presidente. Cuidados foram tomados para preservar, durante a diligência, a imagem do ex-presidente.
Lamenta-se que as diligências tenham levado a pontuais confrontos em manifestação políticas inflamadas, com agressões a inocentes, exatamente o que se pretendia evitar. Repudia este julgador, sem prejuízo da liberdade de expressão e manifestação política, atos de violência de qualquer natureza, origem e direcionamento, bem como a incitação à prática de violência, ofensas ou ameaças a quem quer que seja, a investigados, a partidos políticos, a instituições constituídas ou a qualquer pessoa. A democracia em uma sociedade livre reclama tolerância em relação a opiniões divergentes, respeito à lei e às instituições constituídas e compreensão em relação ao outro.
Curitiba, 05 de março de 2016
Sergio Fernando Moro
Juiz Federal"

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