Ex-presidente botou a sua sucessora pra fora e assumiu o descomando do país; o clima é de fim de feira
Acho
engraçado o mote dos petistas e das esquerdas em geral, que se opõem ao
impeachment da presidente Dilma Rousseff: “Não vai ter golpe”. Ora, o
golpe já aconteceu. A presidente já foi, de fato, destituída. Quem está
no comando do país, exercendo o poder ilegitimamente, é Lula. Só não se
pode dizer que se trata do exercício ilegal porque, formalmente, ela
continua com a faixa. Mas não manda mais.
Lula, o
investigado pelo MPF e denunciado pelo MP de São Paulo, assumiu
pessoalmente a coordenação política do governo. Os petistas se mobilizam
abertamente para que ele seja o titular ou da Casa Civil, onde está
Jaques Wagner, ou da Secretaria de Governo, cujo titular é Ricardo
Berzoini. Este mesmo chamou o ex-presidente de “o Pelé” do PT e do
governo.
Ora,
quando um dos principais auxiliares de Dilma diz que o Pelé é Lula,
parece ficar claro que, então, a presidente oficial não passa de uma
gandula. E é isso, precisamente, o que ela é.
E Lula não
se faz de rogado. Na quarta, tentou articular um pacto com o PMDB numa
conversa com Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, que ouviu tudo
pacientemente, foi respeitoso, mas não se comprometeu com coisa nenhuma.
Até porque o PMDB já está se preparando para o pós-Dilma — tratarei do
assunto em outro post.
Nesta
quinta, Lula se reuniu num hotel em São Paulo com lideranças do PT.
Estavam presentes Rui Falcão, presidente da legenda, sindicalistas, como
o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Vagner Freitas, os
deputados Arlindo Chingaglia (PT-SP) e Wadih Damous (PT-RJ), e o líder
do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE). Até aí, tudo bem. Mas
sabem quem compareceu ao encontro, nitidamente para prestar contas?
Nelson Barbosa, ministro da Fazenda.
Vale
dizer: o homem responsável pela economia teve de ir até o presidente da
República de fato para tentar explicar por que o projeto do PT para a
área, que prevê uma brutal elevação de gastos públicos, é uma sandice. É
claro que Barbosa não pôde falar exatamente assim, né?
Notem:
ainda que vivêssemos um período político de normalidade, Dilma estaria
numa situação difícil e teria de ancorar seu mandato em alguma coisa. Um
de seus projetos, considerados estratégicos, é a reforma da
Previdência. Pois bem: na reunião desta sexta, Falcão avisou logo de
saída: “De reforma da Previdência, não quero nem ouvir falar”.
Vai ser duro esse fim de feira do governo Dilma, sob comando de Lula, o investigado. Mas teremos de atravessá-lo.
A boa notícia é que o fim está próximo e que tudo isso passa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário