Pelo menos quatro dos nove lotes do trecho já licitado para duplicação da BR-381 não deverão ficar prontos dentro do cronograma previsto. Isso na melhor das hipóteses. Num cenário mais pessimista, mais dois se juntariam ao grupo dos atrasados. Todos os seis lotes estão sob responsabilidade da empresa Isolux que retomou parte do trabalho paralisado após um acordo na Justiça Federal.
A Isolux retomou os trabalhos nos lotes 1 e 2 em janeiro deste ano e a previsão para conclusão das obras nos trechos é no mês de outubro de 2016
O caso mais evidente de um lote que não vai ficar pronto dentro do previsto é o do 3.1, que tem pouco mais de 28 quilômetros, e vai de Jaguaraçu até o Ribeirão Prainha. O trecho vai ligar túneis que já estão prontos, mas ainda sem uso. De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o lote está em vias de rescisão contratual, “com possibilidade de a segunda colocada assumir a obra ou ser realizada uma nova licitação”.
Assim como o 3.1, os 4, 5 e 6, também de responsabilidade da Isolux, não devem ficar prontos nos prazos estabelecidos na assinatura dos contratos. Previstas para serem finalizadas no primeiro semestre de 2017, as obras nos trechos sequer começaram de fato. Segundo informações do Dnit, estão em fase de projeto.
Apesar de terem sido retomados os trabalhos nos lotes 1 e 2 por força de decisão judicial, as intervenções ainda estão em fase inicial. Ainda não há sequer a certeza de que é a própria Isolux que vai terminar a obra nos trechos.
Segundo o Dnit, fiscais do departamento acompanham ininterruptamente os trabalhos, para garantir o fiel cumprimento dos contratos
“Em função da situação econômica e política do país, todos os investimentos em infraestrutura ficaram prejudicados. Esse ano tinha um orçamento previsto para a 381 de R$ 135 milhões, cortaram R$ 70 milhões e ficaram apenas R$ 65 milhões. Esse valor hoje dificulta ou quase inviabiliza a sequência dos trabalhos”, afirma o coordenador do Movimento Nova 381 e presidente da Fiemg Regional Vale do Aço, Luciano Araújo.
Dessa forma, mesmo que o Dnit mantenha os pagamentos em dia, como o faz hoje, não há condições para cumprir os cronogramas iniciais. “Esses trechos não vão sair no prazo. Estamos concentrando nossos esforços agora no lote 7 (Caeté a Rio Una) que já tem vários trechos com terraplanagem pronta. Ali a obra andou bem e queremos que seja concluída”, diz Araújo.
Outra prioridade é o lote 3.1 que, quando pronto, possibilitaria o uso dos túneis que já foram finalizados antes do prazo previsto mas que não podem ser utilizados. “A segunda colocada já manifestou interesse em assumir e a chance é grande. Agora resta a liberação de mais recursos”, ressalta Araújo.
Cerca de 20 quilômetros do lote 7 já estão prontos para receber o asfalto e algumas intervenções no trecho, que vão eliminar curvas perigosas que causam acidentes graves na rodovia, também estão na fase final dos trabalhos; segundo o Movimento Nova 381, tudo depende da liberação de mais recursos

Mais verba
Segundo estimativa do Movimento Nova 381, seriam necessários R$ 190 milhões para terminar todo o trabalho no lote 7 e iniciar as intervenções no 3.1. Foi feito um pedido junto ao governo federal para a liberação dos recursos, mas ainda não há uma resposta sobre essa possibilidade.
Questionado sobre a disponibilidade de dinheiro para viabilizar o trabalho nos trechos cujas obras já estão em andamento, o Dnit foi sucinto ao informar via nota que “há previsão orçamentária”, sem, contudo, detalhar valores.

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