quarta-feira, 30 de março de 2016

Ordem de Pimentel é deixar a crise do PMDB em Brasília

Orion Teixeira / 30/03/2016 - 06h00 - Hoje em Dia
Orion Teixeira é jornalista político. Escreve de terça-feira a domingo neste espaço.
 
Orion TeixeiraA ordem do governador Fernando Pimentel (PT), que tem no PMDB um de seus principais parceiros na gestão, foi curta e grossa: não tragam a crise de Brasília para Minas. O recado tinha endereço certo para que o líder da Maioria, Rogério Correia (PT), não atacasse os peemedebistas que, nessa terça-feira (29), formalizaram o rompimento com o governo Dilma Rousseff (PT). Nos últimos dias, Correia teve fortes embates com deputados do PMDB, chamando o partido e o seu presidente nacional, Michel Temer (vice-presidente da República), de “golpistas”.
Para mostrar carinho e boa vontade, o secretário de Governo, Odair Cunha (PT), chamou um por um dos 13 peemedebistas à sede do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para ouvir seus reclamos e confirmar o pagamento de suas emendas parlamentares no Orçamento, destinando recursos para os municípios onde são mais votados. Desde o início deste ano, a base aliada de Pimentel, com 55 dos 77 votos dos quais 13 são do PMDB, votou apenas um projeto (efetivos da Polícia Militar) e um veto, ambos do governador, e trancaram os trabalhos com outros quatro vetos que aguardam votação. Mais nada.
A preocupação de Pimentel faz sentido, porque o efeito da decisão do PMDB nacional poderá ter novas repercussões, além do rompimento com Dilma. Caso assuma o governo com o impeachment, o PMDB tende a se aproximar do PSDB para ter governabilidade, com repercussão nas eleições municipais deste ano e em sua relação com os governos estaduais.
Dilma terá que jogar no varejo
Com a decisão do PMDB, que poderá ainda atrair o PP e o PTB, a derrota de Dilma no impeachment parece iminente. Para evitá-la, a presidente terá que articular no varejão da Câmara dos Deputados, já que terá apenas o apoio partidário do PT e do PCdoB. Ou seja, terá que negociar individualmente com deputados de partidos que irão liberar o voto.
Mauro Lopes, o breve
O peemedebista Mauro Lopes sabia que corria esse risco, mas aceitou assim mesmo virar ministro da Aviação Civil. Talvez, pelo currículo. Cinco meses atrás, quando ficou ameaçado de perder o cargo de secretário-geral do PMDB nacional, lideranças mineiras pressionaram Michel Temer (presidente nacional) para rever a decisão sob o compromisso de que Lopes não aceitaria o Ministério. Foram contrariados. Lopes assumiu e ficou 13 dias no cargo, dois a mais que o ex-ministro da Justiça, Wellington Lima e Silva.
Primeiro a entrar e a sair
O secretário de Defesa Social, Bernardo Santana, foi o primeiro secretário anunciado e o primeiro a deixar o governo Pimentel. Sua saída coincide com a propalada reforma administrativa (se é que vai sair mesmo), que reduzirá a nada sua secretaria. A ideia da reforma é enxugar, cortar cargos, mas, nessa área, será criada outra pasta: a atual passará a se chamar ‘Segurança Pública’ e a nova, Secretaria Extraordinária de Administração Penitenciária.
Com a mudança, a primeira ficará esvaziada, apesar de ter vinculação, mas não comando, com a Polícia Militar, a Polícia Civil e os Bombeiros. Todos têm autonomia financeira e funcional e são subordinados diretamente ao governador. Prestigiado no início, Bernardo sai para não ficar como rainha da Inglaterra. Disse que vai cuidar de suas empresas e do partido (PR).

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