08/03/2016 - Veja.com
às 3:16 \ Direto ao Ponto
Noticiada pelo jornalista Josias de Souza em seu blog no UOL, a lição
de dignidade e coerência ministrada por Pedro Taques foi virtualmente
ignorada pelos grandes jornais. Pior para os leitores. A réplica do
governador de Mato Grosso a outro falatório intempestivo da presidente
da República é muito mais surpreendente e relevante do que a algaravia
de devotos aflitos com a chegada da Lava Jato às portas do deus da
seita.
Na noite de sexta-feira, Dilma reuniu-se em Brasília com um grupo de
governadores para tratar do alongamento das dívidas dos Estados com a
União. Já ao abrir o encontro, declarou-se “indignada” com o tratamento
(que qualificou de “desrespeitoso”) dispensado a Lula pelo juiz Sérgio
Moro. Ela enxergou “um abuso de autoridade” na condução coercitiva
autorizada por Moro. “Bastava convidar”, recitou. “Lula não se negaria a
prestar os esclarecimentos”.
Ex-procurador da República, Taques dirigiu-se à “presidente” (e não
“presidenta”) para falar em nome do país que presta: “Eu não sairia
desta sala com a consciência tranquila e não respeitaria o bom povo de
Mato Grosso, que me mandou aqui, se não expressasse minha opinião”,
ressalvou. “Entendo que não houve abuso ou perseguição. Ninguém está
acima da lei. Todos, inclusive eu, podemos ser investigados. A lei não
pode servir para beneficiar amigos nem para prejudicar inimigos”.
Filiado ao PSDB, Taques ensinou que um governador eleito pela
oposição tem, mais que o direito, o dever de discordar publicamente de
qualquer adversário político ─ mesmo que se trate do presidente da
República. Também ensinou que, para cumprir tal dever, basta não ter
medo. E ter vergonha na cara, naturalmente.
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