quarta-feira, 30 de março de 2016

Planalto em ruínas

Editorial / 30/03/2016 - 06h00

Editorial1Será que naquele 26 de outubro de 2014, dia em que foi reeleita, Dilma Rousseff imaginou que veria seu governo amanhecer esfacelado como neste 30 de março de 2016? Certo que não. O país dirigido por ela enfrenta uma das piores crises econômicas já vistas em terras tupiniquins; o maior esquema de corrupção brasileiro descoberto até aqui, a cada dia, traz novas e “bombásticas” revelações; e, ontem, a notícia de que o PMDB deixou oficialmente o governo abriu caminho para que mais partidos tomem a mesma atitude nos próximos dias.
A deterioração do governo, selada pelo rompimento peemedebista, trouxe para mais perto o processo de impeachment, já acelerado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. O parlamentar era, inclusive, todo sorrisos durante o pronunciamento de Romero Jucá na reunião feita pelo PMDB na tarde de ontem.
Fato é que Dilma fez de tudo para manter a sigla junto ao governo. Sem ele, a governabilidade, ou seja, a possibilidade de aprovação de projetos nas casas legislativas ficou ainda mais difícil. Em números, somente 216 dos 513 membros da Câmara dos Deputados (42%) declaram-se agora governistas. No Senado, a situação do governo do PT consegue ser pior: só 26 dos 81 membros (32%). E, para coroar, a Comissão do Impeachment é composta por 60% de parlamentares contrários à presidente: somente 26 dos 65 deputados são pró-Dilma.
Nos bastidores, diz-se que o governo passará a trabalhar no varejo, o que significa tentar “encher o papo” grão por grão, convencer deputado por deputado a votar contra o impeachment. Não é garantido, mas Renan Calheiros, presidente do Senado, e uma pequena quantidade de políticos a ele ligados estaria ao lado de Dilma na “luta” contra a queda da petista. Em troca, claro – sempre há moedas na costura política –, de ministérios, de verba e, por aí vai. E assim o pernicioso toma-lá-dá-cá se retroalimenta.
É sempre bom lembrar que, mesmo perdendo o apoio dos partidos aliados, os membros das siglas podem, individualmente, votar ou não a favor da presidente.
Enquanto isso, nosso ainda vice-presidente Michel Temer já articula nomes como Roberto Brant e Henrique Meirelles para ocupar alguns dos ministérios, se o impeachment for concretizado e o PMDB assumir o poder. Vamos aguardar os próximos capítulos.

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