quarta-feira, 9 de março de 2016

Por livre espontânea pressão, secretário é obrigado a falar

Orion Teixeira
Orion Teixeira
orionteixeira@hojeemdia.com.br
  
09/03/2016

Depois do que aconteceu ao ex-presidente Lula, que foi obrigado a depor na Polícia Federal para esclarecer suspeitas, a condução coercitiva está fazendo escola. Após negar-se a ir à Assembleia Legislativa para esclarecer o parcelamento dos salários de servidores mineiros (que ganham mais de R$ 3 mil líquidos) em três vezes, o secretário de Planejamento e Gestão, Helvécio Magalhães (PT), está sendo, praticamente, obrigado a fazê-lo. Para evitar a “coerção”, o secretário de Governo, Odair Cunha (PT), entrou em cena para apagar o princípio de incêndio na Assembleia Legislativa, que da oposição pegou também a base governista, criando constrangimentos gerais, até para a presidência da Assembleia.
Odair enviou ofício para acalmar os exaltados e garantir a presença, como convidado, de Magalhães. A cobrança por sua presença e esclarecimentos veio da oposição, mas o convite foi aprovado por meio de acordo com os governistas. Ora, se não era para ir, o melhor teria sido rejeitar o convite e transformar o ato numa contenda política. Em vez disso, aprovaram, mas o secretário não compareceu e enviou ofício dizendo que não era com ele.
Agora, ele terá que ir e ainda vai acompanhado do secretário da Fazenda, Afonso Bicalho, para responder basicamente a uma pergunta. O parcelamento de salários vai continuar no próximo mês? De acordo com a decisão anunciada, a medida duraria só até o terceiro mês do ano, quando, então, o governo já teria corrigido o impacto de duas folhas em dezembro (salário do mês mais o décimo terceiro), já que essa foi a razão apontada.
Os deputados ainda querem saber mais. Houve aumento do ICMS para centenas de produtos e o empréstimo de R$ 4,8 bilhões, via depósitos judiciais do Tribunal de Justiça, e ainda assim o déficit só aumenta. Caso Helvécio se recuse novamente, da próxima vez, será convocado, quando é obrigado a ir para não cair em crime de improbidade.

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