Crise
‘Senso de justiça’ motivou ação
Alvo.
“Pau que dá em Chico tem de dar em Francisco também”, diz Marra para defender processo
PUBLICADO EM 06/04/16 - 03h00
Motivado pelo “senso de justiça”, o advogado e teólogo mineiro Mariel
Marley Marra, 35, com apenas dois anos de experiência no direito,
ameaçou diretamente os planos de poder do PMDB. Ele é o autor do pedido
de impeachment contra o vice-presidente Michel Temer (PMDB).
Nesta terça, dia em que o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo
Tribunal Federal (STF), determinou ao presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), que dê prosseguimento ao pedido de impeachment de
Temer, Marra passou o dia conversando com a imprensa sobre a ação.
“Pau que dá em Chico tem de dar em Francisco também. Não podemos ter
uma indignação seletiva, nem ter corruptos favoritos neste momento”,
argumentou o advogado. No impeachment contra a presidente Dilma, segundo
ele, são apontados decretos abrindo crédito suplementar no momento em
que o governo estava em desacordo com a Lei Orçamentária Anual (LOA),
sendo isso um crime de responsabilidade. “Fiz uma pesquisa e verifiquei
que Michel Temer havia também assinado esses mesmos decretos”,
justificou.
Tomando como base apenas argumentos técnicos, Marra é enfático ao dizer
que o pedido de impeachment protocolado por ele contra Temer não tem
nenhuma relação partidária. Isso porque a ação contra o vice-presidente
poderia beneficiar Dilma Rousseff pela possível desistência de
parlamentares peemedebistas em continuar com o processo. “Algumas
pessoas podem até dizer que sou advogado do PT ou qualquer coisa do
tipo, mas eu realmente acredito que quem fez tem que pagar, independente
do partido. Meu combate é contra a corrupção”, assegura.
Protocolada na Câmara dos Deputados em 21 de dezembro de 2015, a
denúncia de Marra foi considerada inepta e arquivada por Cunha.
Inconformado, o advogado entrou com mandado de segurança na Suprema
Corte, que acatou liminarmente o recurso. “Cunha tinha que fazer apenas o
juízo de admissibilidade, mas agiu como se fosse advogado do Michel
Temer, ele entrou no mérito. Do ponto de vista do direito
administrativo, o ato dele foi viciado. Agiu com excesso de poder”,
garante.
O advogado nega que o pedido contra Temer vá ajudar o PT de alguma
forma e defende que o melhor caminho para o país será a convocação de
novas eleições, segundo ele, “preferencialmente diretas”. Caso o
impeachment de Dilma e de Temer se concretize, o processo tem de
acontecer até o fim deste ano para que novas eleições diretas sejam
convocadas. Se passar deste ano, um novo presidente será escolhido de
forma indireta pelo Congresso.
Outras ações
Atuação.
Marra é autor de uma ação popular contra a nomeação de Lula na Casa
Civil, além de ter proposto, junto à Procuradoria Geral da República o
afastamento cautelar do senador Renan Calheiros.
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