quarta-feira, 6 de abril de 2016

‘Meu mandato, minha vida’ guiará rumo do impeachment

Orion Teixeira / 06/04/2016 - 06h00
Jornal Hoje m Dia

Orion Teixeira é jornalista político. Escreve de terça-feira a domingo neste espaço.
Orion TeixeiraNa falta de rumos e do diálogo possível, uma sucessão de factoides irrompeu sobre Brasília nesta semana. Desde a proposta de renúncia da presidente Dilma Rousseff (PT), ao impeachment do vice-presidente Michel Temer (PMDB), reforma ministerial, antecipação de eleições gerais para todos os cargos e até a saída do PMDB do governo (esta da semana passada). Todos esses movimentos não levarão a lugar algum e apenas buscam saída para a crise desde que “ela não afete meus interesses (mandato)”.
Enfim, fazem poeira semelhante à passagem de uma carruagem pelas estradas do velho oeste (norte-americano). Feitas as contas, como diria o bruxo alemão, “tudo que é sólido desmancha no ar”. E o que fica? O que há, e que é preciso acabar logo, é com esse processo de ingovernabilidade que implantaram no país, neste atual segundo mandato da presidente, culminando com o pedido de seu impeachment.
A instabilidade foi plantada, com o apoio oportunista da oposição, exatamente por aquele partido que foi chamado para dar a prometida governabilidade, o PMDB. Claro, ganhou o reforço também da incapacidade política de Dilma e de seu governo. Tanto é que, na undécima hora, recorreram ao seu antecessor, o ex-presidente Lula, para tirá-la da encrenca em que se meteu. O expediente ainda não funcionou (virou imbróglio judicial), e permanece como há quase 20 dias: ou Lula salva o mandato de Dilma ou morrem os dois num abraço de afogados.
A pirotecnia das propostas mexe em um só ponto, no mandato de cada um. Na hora em que colocarem em votação, na segunda quinzena de abril, a maior delas, o impeachment da presidente, a maioria dos 513 deputados federais dirá sim ou não, no microfone da votação aberta, olhando para as ruas, especialmente aquelas onde busca os votos de seus mandatos, da sobrevivência política.

Nessa hora, não o influenciarão os cargos oferecidos, atuais e futuros, nem princípios constitucionais. Lamentavelmente, vão continuar olhando para o próprio umbigo. Hoje, os ventos sinalizam calmaria para o lado da presidente, deixando o PMDB em ventania, especialmente após as manifestações do último dia 31, contra o impeachment, e os recentes fatos políticos (STF, erro do PMDB em romper e a defesa da presidente). São esses mesmos fatores que influenciarão o voto no dia D, com repercussão para os mandatos de cada um dos parlamentares.
Dilma disse que topa
“Convence a Câmara e o Senado de abrirem mão de seus mandatos. Aí, vem conversar comigo”, disse a presidente Dilma sobre a proposta de antecipação das eleições de 2018, convencida da importância que cada político dá ao próprio mandato.

PMDB mineiro recua
A mudança dos ventos a favor de Dilma e em desfavor do PMDB também repercutiu, em Minas, despressurizando a relação desse partido com o governador Fernando Pimentel (PT). Tanto é que a greve branca na Assembleia Legislativa foi superada nesta terça (5), com a votação dos cinco vetos do governador (derrota de só um) e do projeto que concede reajuste de 11,36% ao professorado, retroativo a janeiro, dando mais um passo na consolidação do piso nacional. Além da questão nacional, o PMDB não quis comprar brigar com os professores e seu combativo sindicato. Agora, só falta o governo pagar.

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