sexta-feira, 1 de abril de 2016

Moro diz ser 'possível' que esquema tenha relação com morte de Celso

27ª fase da lava jato

Moro relata que Ronan Maria Pinto foi condenado na Justiça de Santo André por crimes de extorsão e corrupção ativa no esquema de corrupção e extorsão na Prefeitura de Santo André

Moro
O juiz Sergio Moro afirmou que "é possível" que a morte do prefeito Celso Daniel, em 2002, tenha relação com o esquema
PUBLICADO EM 01/04/16 - 13h58
O juiz Sergio Moro afirmou que "é possível" que a morte do prefeito Celso Daniel, em 2002, tenha relação com o esquema de corrupção e extorsão na Prefeitura de Santo André (SP), "o que seria ainda mais grave", segundo o magistrado.
A avaliação foi feita na decisão que autorizou a execução da 27ª fase da operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta (1º), e que tem entre os alvos o empresário e dono do "Diário do Grande ABC" Ronan Maria Pinto, além de condenados no esquema de corrupção do mensalão no governo Lula, como o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira e o ex-tesoureiro Delúbio Soares.
Moro relata que Ronan Maria Pinto foi condenado na Justiça de Santo André por crimes de extorsão e corrupção ativa no esquema de corrupção e extorsão na Prefeitura de Santo André. "É ainda possível que este esquema criminoso tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, o que é ainda mais grave", afirmou Moro.
"Se confirmado o depoimento de Marcos Valério [operador do mensalão], de que os valores lhe foram destinados em extorsão de dirigentes do PT, a conduta é ainda mais grave, pois, além da ousadia na extorsão de na época autoridades da elevada administração pública, o fato contribuiu para a obstrução da Justiça e completa apuração dos crimes havidos no âmbito da Prefeitura de Santo André", completou.
No documento, o juiz cita que Marcos Valério "declarou uma possível motivação, de que indivíduos do PT estariam sendo vítimas de extorsão da parte de Ronan Maria Pinto" e "citou expressamente como envolvidos" Sílvio Pereira, José Dirceu, o ex-ministro Gilberto Carvalho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o jornalista Breno Altmann.
Moro afirmou que a fala de Marcos Valério "embora deva ser vista com muitas reservas, o fato é que metade do valor do empréstimo foi, pela prova colhida, inclusive documental, destinada a Ronan Maria Pinto".
O referido empréstimo seria de R$ 12 milhões e foi contraído em 2004 pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente, cujo destinatário final teria sido o PT.
"Chama a atenção o malabarismo financeiro para viabilizar a transação, tendo o valor transferido do banco Schahin para Ronan Maria Pinto passado por três intermediários (José Carlos Bumlai, Bertin Ltda. e Remar Agenciamento)", disse o juiz, além da elaboração de contratos fraudulentos de mútuo para ocultar a operação, um deles com utilização da empresa 2 S Participações, de Marcos Valério.
Irmão de Celso Daniel, Bruno José Daniel prestou depoimento e relatou que, após o homicídio, lhe foi relatada a existência desse esquema criminoso [Santo André] e que envolvia repasses de parte dos valores da extorsão ao PT.
De acordo com seu relato, o fato lhe teria sido relatado por Gilberto Carvalho e por Miriam Belchior [ex-mulher do prefeito e ex-ministra].
Ele contou aos investigadores que o destinatário dos valores devidos ao PT seria José Dirceu e levantou suspeitas ainda sobre o possível envolvimento de Sergio Gomes da Silva no homicídio do irmão. Declarou não ter conhecimento do envolvimento de Ronan Maria Pinto no episódio ou de extorsão por ele praticada contra o Partido dos Trabalhadores.

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