quarta-feira, 6 de abril de 2016

Relator diz que parecer sobre impeachment vai focar nas pedaladas fiscais

- Atualizado: 06 Abril 2016 | 11h 35

Jovair Arantes (PTB-GO) falou que teve tempo suficiente para analisar processo em entrevista à Rádio Estadão; relatório será apresentado nesta quarta-feira, 6

SÃO PAULO E BRASÍLIA- Em entrevista à Rádio Estadão na manhã desta quarta-feira, 6, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), relator da Comissão Especial do Impeachment, disse que seu parecer sobre o afastamento da presidente Dilma Rousseff do cargo vai levar em consideração "principalmente” as pedaladas fiscais cometidas pelo governo petista, além dos decretos de créditos suplementares de 2015.
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O parecer deve ser apresentado à comissão por volta das 14h desta quarta. "Esse é o ponto principal da denúncia e, como teve um rito do STF determinando o caminho do objeto de análise, nós ficamos em cima pra não suscitar nenhuma possibilidade de judicialização", disse Arantes.
Durante essa manhã, o deputado continuava finalizando o parecer, mas revelou já ter certeza do seu voto sobre o impeachment. "Fizemos um trabalho profundo de estudo técnico sobre questão orçamentária, financeira e também o aspecto político. Estou nos últimos capítulos, mas só vou formalizar o voto na leitura do parecer".
Deputado Jovair Arantes (PTB-GO) é o relator do processo de impeachment da presidente Dilma na Câmara
Deputado Jovair Arantes (PTB-GO) é o relator do processo de impeachment da presidente Dilma na Câmara
Arantes também afirmou que não há golpe em curso para retirar a presidente do poder. "Nós temos uma constituição que ampara cidadão. Não tem golpe, nem de um lado ou do outro, estou tranquilo porque não vou participar de um relatório com essa característica."
Os dois dias entre a entrega da defesa da presidente a apresentação do relatório foram considerados suficientes para o deputado. "Deu tempo, fizemos confronto ponto a ponto, passamos noite adentro. Há a necessidade de urgência e agilização porque temos que dar dois dias para pedidos de vista", comentou o relator. A expectativa é que, após a análise dos deputados, a votação seja iniciada no fim da tarde de segunda-feira, 11. Durante a discussão do processo, o tempo acordado para cada deputado dar sua opinião será de cinco minutos.
Madrugada. O insone parlamentar de sexto mandato trocou nos últimos dias sua companhia de madrugadas em claro. Em vez de ficar até 3 horas da manhã diante da TV, passou a debruçar-se sobre a denúncia e a elaborar, na calada da noite, o relatório que será apresentado nesta quarta. Não estava só. Estendeu o trabalho noturno a técnicos da Câmara que o auxiliam.
Dentista, começou a atividade política ainda na faculdade, quando presidiu diretório acadêmico da Faculdade de Odontologia João Prudente, em Anápolis (GO), a 238 quilômetros de Buriti Alegre (GO), sua cidade natal. Na política partidária, começou em 1988, quando elegeu-se vereador pelo PMDB, partido ao qual foi filiado antes de ajudar a fundar o PSDB e de migrar para seu atual PTB.
Presidente do Conselho Deliberativo do Atlético Goianiense, Jovair quer disputar outra presidência, a da Câmara dos Deputados. É um dos preferidos do atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de quem é próximo. “Mas não quero misturar os dois assuntos”, avisa.
Aliás, foi justamente a proximidade com Cunha somada ao bom trânsito no governo que cacifou Jovair a assumir a relatoria da comissão. Os outros nomes cogitados foram considerados muito extremos à esquerda ou à direita.
Na terça-feira, 5,  Jovair passou o dia conversando com deputados tanto do governo quanto da oposição. Diante da polarização política do País, Jovair sabe que, a partir da tarde de hoje, pode comprometer amizades do lado a ser contrariado por seu relatório. Acompanhado por dois seguranças – “são as regras do jogo”, afirma-, ele tenta antecipadamente minimizar o efeito sobre os insatisfeitos. “Não é o relatório que pode separar uma história de parceiros. (Mas), a partir da leitura do nosso relatório, o relacionamento que sempre foi de um jeito pode ser de outro. Faz parte do jogo”, afirmou.

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