terça-feira, 12 de abril de 2016

Relatório do impeachment é 'maior fraude' da história, diz Dilma

12/04/2016 13h59 - Atualizado em 12/04/2016 14h17

Parecer foi aprovado em comissão e será votado no plenário da Câmara.
Sem citar nomes, presidente disse que Temer e Cunha são 'chefes do golpe'.

Filipe MatosoDo G1, em Brasília
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (12) em discurso no Palácio do Planalto que o relatório da comissão especial do impeachment aprovado nesta segunda-feira (11) na Câmara dos Deputados é a "maior fraude jurídica e política da nossa história".
Aprovado por 38 votos a 27, o relatório defende a autorização de abertura do processo de impeachment da presidente. Agora, deverá ser votado no fim de semana pelo plenário da Câmara. Se aprovado, vai para o Senado, instância responsável por julgar se a presidente será afastada por crime de responsabilidade.
"Trata-se maior fraude jurídica e politica de nossa história. Sem ela, impeachment sequer seria votado. O relatório da comissão do impeachment é instrumento da fraude. O relatório é tão frágil, sem fundamento, que chega a confessar que não há indícios, provas suficientes daquelas que chama de irregularidades e tentam me atribuir", declarou a presidente.
'Chefes da conspiração'
No mesmo discurso, Dilma apontou o vice-presidente Michel Temer e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como "chefes do golpe" e "chefes da conspiração".
Nesta segunda-feira (11), em uma gravação distribuída "sem querer", segundo a assessoria, para grupos de Whatsapp, Temer fala como se o processo de impeachment de Dilma estivesse concluído e como se ele fosse assumir a Presidência. Rompido com Dilma, Eduardo Cunha conduz a tramitação do processo de impeachment na Câmara dos Deputados.
"Não sei direito qual é o chefe e qual é o vice-chefe. Um deles é a mão, não tão invisível assim, que conduz com desvio de poder e abusos inimagináveis deste processo de impeachment. O outro, esfrega as mãos e ensaia a farsa do vazamento de um pretenso discurso de posse", declarou a presidente em um evento para educadores e representantes estudantis no salão nobre do Palácio do Planalto.
Procurada pelo G1, a assessoria da Vice-presidência disse que Temer não assistiu ao discurso de Dilma e, portanto, não poderia fazer comentários.
Segundo a presidente, o país vive "tempos estranhos, tempos de golpe, de farsa e de traição".
Dilma afirmou que ficou "chocada" com a "desfaçatez" do vazamento da gravação. De acordo com a presidente, na gravação, "um dos chefes da conspiração assume a condição de presidente da República".
Para ela, o áudio "revela traição a mim e à democracia" e demonstra que os “golpistas” não têm respeito pela democracia.
Segundo a presidente, a gravação explicitou o “desapreço” pelo estado democrático e pela Constituição. Na avaliação da petista, “atropela-se” os ritos em curso no Congresso Nacional, numa “clara demonstração de desrespeito” pelo Legislativo, além de uma atitude de “arrogância”.
“[O áudio é] um gesto que revela a traição a mim, à democracia e ainda explicita que esse chefe conspirador também não tem compromissos com o povo”, acrescentou.
“Se havia dúvida sobre o golpe, a farsa e a traição em curso, não há mais. Se havia alguma dúvida sobre minha denúncia de que há um golpe de estado em andamento, não pode haver mais. Os golpistas podem ter chefe e vice-chefe assumidos”, declarou.
'Provocações'
Ao público presente à solenidade, a presidente pediu pediu que se mantenha unido e não aceite "provocações".
"É possível novos vazamentos ilegais e facciosos. Eles podem acontecer, é possivel novas acusações sem provas que serão feitas e amplificadas por manchetes escandalosas. Muito possivelmente, sofrerei novas calunias e ataques desesperados. Fiquem atentos, mantenham-se unidos, não acietem provocações. Não somos do ódio. Somos da paz", disse.

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