Abin alerta sobre ameaça terrorista
Agência confirma que membro do Estado Islâmico disse, pelo Twitter, que Brasil é o próximo alvo
Maxime Hauchard aparece em vídeos
de decapitação na Síria. A Agência Brasileira de Inteligência confirmou
a autenticidade do perfil
Foto: Reprodução Internet |
BRUNA FANTTI
Rio - ‘Brasil, vocês são nosso próximo alvo. Podemos atacar esse
país de merda”. A ameaça foi postada em novembro do ano passado, em um
perfil do Twitter que tinha como dono Maxime Hauchard, 22 anos. A
Agência Brasileira de Inteligência (Abin) afirmou, ontem, que o perfil
realmente pertence ao terrorista francês que aparece em vídeos do Estado
Islâmico (EI) decapitando sírios.
A mensagem foi postada uma semana após os atentados coordenados na
França, que deixaram 129 mortos e dezenas de feridos. A conta na rede
social do terrorista já foi suspensa. “Monitoramos e percebemos que o
perfil realmente era do Maxime, um dos líderes do Estado Islâmico. A
partir do momento da postagem houve uma maior intensidade nos discursos
de agressividade dos autoproclamados seguidores desse grupo terrorista
no Brasil”, afirmou o diretor de Contraterrorismo da agência, Luiz
Alberto Sallaberry, na Feira Internacional de Segurança que está sendo
realizada no Rio.
“Maxime é uma espécie de garoto-propaganda do Estado Islâmico. Saiu de
um vilarejo no interior da França para a Síria, aos 18 anos, onde se
integrou ao terrorismo. É o segundo na linha de comando de decapitadores
e gosta de dizer que estar no grupo “é como estar no Éden”, descreveu o
diretor a uma plateia de especialistas em Segurança.
Segundo Sallaberry, no Brasil há um crescente nível de pessoas que dizem
ter feito o juramento ao califado do Estado Islâmico, ou seja,
concordantes com um grupo que deturpou os princípios da religião
islâmica e utiliza a violência para expandir seu domínio territorial.
“Quando uma pessoa faz o juramento ao califado e se torna autoproclamado
ela está disposta a cometer qualquer atentado violento em nome do
grupo. A ordem não precisa ser presencial, pode ser via internet”, disse
Sallaberry.
LOBOS SOLITÁRIOS
Os ataques dos chamados ‘lobos solitários’, pessoas que praticam ataques
sozinhas, são a maior preocupação da agência para a Olimpíada no Rio de
Janeiro. Dez delegações, entre elas dos Estados Unidos e Canadá, são
classificadas pela agência com nível “muito alto” para ataques. O nível
de ameaça da delegação brasileira é alto.
O monitoramento das redes sociais é uma das atividades da Abin para
combater o terrorismo. Por razões de segurança, Sallaberry não divulga o
número de pessoas que se dizem autoproclamadas e que são monitoradas.
Cursos para auxiliar na identificação de terroristas
Para melhor ilustrar seu discurso na Feira Internacional de Segurança, o
diretor de Contraterrorismo da Agência Brasileira de Inteligência, Luiz
Alberto Sallaberry, apresentou bandeiras do Brasil onde, em árabe, está
escrito “Deus acima de tudo”, com símbolos do Estado Islâmico, postadas
por pessoas monitoradas.
“Posso dizer que são de origem salafista sunita, comunidade que está
ligada ao Estado Islâmico. Não estou dizendo que vai acontecer um
atentado. Estou dizendo que é a primeira vez que a probabilidade
aumentou sobremaneira no nosso país”, afirmou o diretor da agência.
Para evitar possíveis ataques, a Abin intensificou cursos com setores de
hotelaria, taxistas e outras pessoas para que elas possam identificar
possíveis alvos terroristas em território nacional. Além disso, faz
constante intercâmbio com forças estrangeiras e internas. “O sucesso
contra o terrorismo só é possível com cooperação. O terrorista é a
ameaça sem rosto. Pode ser qualquer um”, afirmou em seu discurso.
O Dia/montedo.com
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