Publicado: 18, maio 2016 ás 13:45
O desembargador Luís César de
Paula Espíndola, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ), tirou licença
do cargo nessa quarta-feira (18) após uma confusão entre ele e moradores
da Vila Domitila, entre o bairros Cabral e Ahú, em Curitiba, no último
sábado. Por telefone, a assessoria de gabinete informou que a licença
por “motivo de saúde na família” é válida por 20 dias.
O magistrado é acusado por moradores da
região de ter agredido a dona de casa Ana Paula Bergmann, 43 anos, que
reclamava do despejo de entulho em um terreno. Ao ver a agressão, o
policial civil afastado Antonio Carlos Poleira sacou uma arma e deu voz
de prisão ao desembargador.
Ana Paula afirma que o desembargador
ignorou a revolta dos moradores. “Passou aquela caminhonete estranha
aqui, com um caminhão de lixo. Eu vi aquilo e estranhei. Ele ia jogar o
lixo na frente da casa do policial, um pouco pra frente da minha. O
policial disse que ele não podia jogar lixo ali e ele (desembargador)
disse ‘eu jogo onde eu quiser’. O vizinho me pediu pra filmar pra ele
chamar o meio ambiente. Daí ele veio e me deu um murro. Quando eu estava
no chão o assessor dele me puxou e deslocou meu dedinho”, conta.
“‘O senhor está preso’, ele dizia. ‘Eu
sou o poder judiciário; vocês, seus favelados, um lixo a mais um a
menos’. A gente se sente ameaçado pelo poder judiciário”, relata a
moradora.
O advogado Heitor Fabreti Amante, que
representa o policial, afirma que a reação de Polera foi imediata ao ver
a mulher agredida. “O desembargador – que nessa hora ninguém sabia que
era desembargador – deu um soco no rosto da mulher que ela rolou no
mato. O marido dela pediu pro filho buscar uma pochete que tinha uma
arma. Ele sacou a arma e deu voz de prisão ao desembargador. Aí ele
(Espíndola) tirou uma carteira com uma identificação do TJ e disse que o
marido dela estava preso”, conta.
Poleira teria pego a chave da
caminhonete do desembargador para impedir que ele saísse dele do local.
Com a chegada da PM, Espíndola exigiu que o policial civil fosse preso. A
PM, então, acionou o Centro de Operações Policiais Especiais da Polícia
Civil para encaminhar Antonio Carlos à delegacia. Segundo o advogado, a
arma dele é numerada e estava regular. “Arma numerada, regular, com
carga para ele”, diz.
Segundo o advogado, o desembargador e um
assessor foram à delegacia no próprio carro e o policial foi levado de
viatura. “O desembargador foi pelo carro dele. Na delegacia, cheguei
logo depois, o desembargador queria que o delegado prendesse o policial
por desacato. Depois ficou dizendo que ‘esse delegadinho de bosta vai me
criar problema’; xingou todo mundo de lixo, tentou agredir outras
pessoas”, afirma o advogado.
O delegado Hormínio de Paula Lima Neto,
titular do 5º Distrito Policial, no bairro Bacacheri, instaurou
inquérito para apurar o caso. Ninguém foi preso.
Por telefone, a assessoria de gabinete
do desembargador não quis passar contato para entrevista e apenas
informou que ele estava em licença por 20 dias.
Em um dos vídeos, o desembargador disse
que ligou para a Central 156 da Prefeitura de Curitiba solicitando
serviço de recolhimento de entulho. Em nota, a prefeitura informou que
o Espíndola tem cadastro na Central 156, mas não consta nenhuma chamada
recente com os três números de telefone que estão no cadastro. “A
orientação para quem precisa fazer o descarte de mais de três carrinhos
de resíduos vegetais é que procure uma empresa credenciada pela
Prefeitura de Curitiba para a correta destinação dos resíduos, sendo
que o custo é pago pelo responsável pelo entulho. Outra opção é procurar
uma das estações de sustentabilidade tipo 2, que recebem resíduos
vegetais”, diz em nota.
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