Em entrevista à Folha, a Afastada deixa claro que não tem medo de ser cara de pau e volta a falar num complô para derrubá-la com o intuito de brecar a Lava-Jato
A
entrevista concedida por Dilma Rousseff à Folha no domingo é a melhor
evidência de por que não pode ser presidente da Republica. É claro que
ninguém esperava que estivesse contente com a sorte. Mas é
impressionante que tenha piorado. Parece ainda mais alienada da
realidade. E está mais autoritária também.
Aquela que
disse mais de uma vez que o único controle que admitia para a imprensa
era o controle remoto anuncia, agora, a necessidade combater o
oligopólio da mídia. Instada a explicar a que se referia, preferiu o
enigma: “Eu dei murro em ponta de algumas facas. Mas eu não tenho como
dar murro em todas as facas”.
Dilma deu murro na ponta da faca do esquema criminoso que tomava conta da Petrobras? Não!
Dilma deu murro na ponta da faca das quadrilhas que desviavam dinheiro público para partidos e seus bandidos? Não!
Dilma deu murro na ponta da faca do vergonhoso loteamento de cargos públicos para manter a base no Congresso? Não!
Dilma foi é beneficiária de tudo isso.
A entrevista
é patética, a começar da negativa, mais uma, de que tenha cometido
crime de responsabilidade. Ela sabe ser mentira. E segue surfando na
onda nos diálogos gravados por Sérgio Machado para afirmar que o
impeachment é só uma tentativa de barrar a Lava-Jato. Se fosse indagada
sobre alguma ação concreta nesse sentido, não saberia dizer. Porque não
há.
Segundo a
fina pensadora, o governo que está aí pertence a Eduardo Cunha. Mais uma
vez, se tivesse de dizer por quê, não saberia. No máximo, diz que assim
é porque André Moura é líder do governo na Câmara. Eu fui um dos
críticos da indicação, mas atribuí-la a Cunha é uma mentira estúpida.
Moura recebeu o apoio de 225 deputados — e é evidente que o presidente
afastado da Câmara não dispõe de uma “bancada” desse tamanho.
Com a cara
de pau mais explícita, Dilma ataca as propostas de corte de gastos do
novo governo, atribuindo-as a um complô neoliberal… Não sabe o que diz.
Se alguém lhe cobrasse que discriminasse as forças que conspiram nesse
complô, não teria como apontá-las. Afinal de contas, os muito ricos
nunca tiveram por que reclamar dos governos petistas, incluindo os de
Dilma.
Então
ficamos assim: segundo a antiga soberana, ela só caiu porque as elites
neoliberais se juntaram aos que queriam paralisar a Lava-Jato, com o
apoio da mídia oligopolista. Ah, bom! Mas por que os adversários do PT
iriam querer parar a operação com essa determinação se a dita-cuja
dizimou o… PT??? Dilma nunca precisou ser lógica.
Como ninguém
é fulminado por um raio por ser cara de pau, a Afastada comenta as
propostas do pacote econômico anunciado por Henrique Meirelles, ministro
da Fazenda:
“Não sei se é dele essa ideia de propor o orçamento base zero [que só cresce de acordo com a inflação do ano anterior]. Mas não é possível, num país como o nosso, não ter um investimento pesado em educação. Sem isso, o Brasil não tem futuro, não. Abrir mão de investimento nessa área, sob qualquer circunstância, é colocar o Brasil de volta no passado. É um absurdo.”
“Não sei se é dele essa ideia de propor o orçamento base zero [que só cresce de acordo com a inflação do ano anterior]. Mas não é possível, num país como o nosso, não ter um investimento pesado em educação. Sem isso, o Brasil não tem futuro, não. Abrir mão de investimento nessa área, sob qualquer circunstância, é colocar o Brasil de volta no passado. É um absurdo.”
É a fala de
uma irresponsável. Em matéria de governo, não existe a expressão “sob
qualquer circunstância”. Afinal “sob qualquer circunstância”, a senhora
Dilma Rousseff produziu um déficit de R$ 170,5 bilhões. Mais: ela
própria já havia feito cortes severos no Orçamento de 2016 na área
social.
Instada a
falar sobre as promessas feitas em 2014 e que não teria como cumprir,
teve o desassombro de sugerir que ninguém tinha noção do tamanho da
crise, nem ela nem a oposição. Santo Deus!
Ah, sim: Dilma defendeu a recriação da CPMF.
Então
ficamos assim: se acontecesse a tragédia de Dilma voltar a ser
presidente, ela já tem um programa para o “terceiro mandato”: voltar a
gastar adoidado, criar um novo imposto e controlar a mídia.
Aplausos pra ela!
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