Crise
Vice não é bem aceito nem por apoiadores de Dilma, nem pelos que querem seu impeachment
PUBLICADO EM 09/05/16 - 03h00
Prestes a se sentar na cadeira presidencial até que se conclua o
julgamento do impeachment de Dilma Rousseff, o vice Michel Temer (PMDB)
tem pela frente uma intrincada rede de problemas para ser desfeita em
muito pouco tempo. Se tudo der certo, em apenas dois anos e meio. Porém,
alvo de acusações na operação Lava Jato, no STF, e envolvido em
processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e questionamentos legais e
morais, Temer pode ser o próximo a cair.
Com a pressão de assumir um governo em crise sob todos os aspectos e
com a legitimidade posta em xeque, as chances de sucesso de um eventual
governo Temer são remotas, segundo especialistas políticos e econômicos.
“Arriscaria a prever que, depois de consumado o afastamento de Dilma,
os vícios do processo de impeachment vão ser apontados perante a
comunidade internacional, e é possível que surjam ações contra o Brasil,
minando sua autoridade (de Temer) e causando mais instabilidade
política”, analisa o professor de direito da UFMG Thomas Bustamante.
Em um país extremamente polarizado, Temer consegue ser rejeitado tanto
entre apoiadores de Dilma, com 79%, quanto os que defendem seu
impeachment – 54% –, como aponta pesquisa Datafolha. Para o cientista
político, professor e pesquisador do Centro de Estudos Legislativos da
UFMG Thiago Silame, a questão da legitimidade para o cargo será o
primeiro desafio do ex-articulador político de Dilma. “Assumir um
governo em decorrência de um processo de impeachment controverso como
este será extremamente complicado”, afirma.
Temer ainda pode enfrentar um processo de impedimento, já que um pedido
protocolado pelo advogado mineiro Mariel Marley Marra o acusa de
liberar, quando exercia interinamente a Presidência, créditos
suplementares sem autorização do Congresso, mesma acusação que deve
afastar Dilma do cargo.
Os entraves judiciais de Temer incluem ainda o processo no TSE de
impugnação da chapa, por supostamente ter utilizado verba desviada da
Petrobras na campanha. A ação, ironicamente, foi provocada pelo PSDB,
derrotado nas urnas, e que, agora, declara apoio ao governo Temer.
Alegando contribuir com propostas para tirar o país da crise, o
presidente do PSDB, Aécio Neves, descartou desistir do processo. “E
mesmo que quisesse, não há como reverter”, atesta o professor Rodolfo
Viana, explicando que o processo seria conduzido pelo Ministério Público
Federal.
Sucessão
Presidência. Na ausência de
Temer, o próximo da linha sucessória passou a ser o presidente do
Senado, Renan Calheiros. Segundo da linha, Eduardo Cunha foi afastado da
Câmara pelo TSE.
Prioridade do governo deve ser gerar empregos
Ao herdar R$ 10 bilhões em despesas extras, vindas do “pacote de bondades” de Dilma Rousseff, Temer terá na economia um dos desafios centrais. O peemedebista terá a missão de promover o ajuste fiscal, mantendo programas socais, sem aumentar impostos. “A prioridade deve ser a geração de empregos, porque disso dependem as soluções para a aguda crise social do país. Temer não tem tempo para errar”, disse o presidente do PSDB, Aécio Neves.
Para o professor da UFMG Cláudio Gontijo, Dilma acertou ao aumentar os gastos públicos para reanimar a economia. “Pena que fez tarde”, lamentou o economista.
Gontijo acredita que Temer adotará a política de corte de gastos do governo, “o que aprofundará a recessão”. (AD)
Apuração
“A ação do PSDB sobre irregularidades está sob análise do TSE. O impeachment da presidente em nada altera a posição do PSDB pela investigação e penalização dos responsáveis pelas ilegalidades da campanha do PT”. Aécio Neves, presidente do PSDB
Prioridade do governo deve ser gerar empregos
Ao herdar R$ 10 bilhões em despesas extras, vindas do “pacote de bondades” de Dilma Rousseff, Temer terá na economia um dos desafios centrais. O peemedebista terá a missão de promover o ajuste fiscal, mantendo programas socais, sem aumentar impostos. “A prioridade deve ser a geração de empregos, porque disso dependem as soluções para a aguda crise social do país. Temer não tem tempo para errar”, disse o presidente do PSDB, Aécio Neves.
Para o professor da UFMG Cláudio Gontijo, Dilma acertou ao aumentar os gastos públicos para reanimar a economia. “Pena que fez tarde”, lamentou o economista.
Gontijo acredita que Temer adotará a política de corte de gastos do governo, “o que aprofundará a recessão”. (AD)
Apuração
“A ação do PSDB sobre irregularidades está sob análise do TSE. O impeachment da presidente em nada altera a posição do PSDB pela investigação e penalização dos responsáveis pelas ilegalidades da campanha do PT”. Aécio Neves, presidente do PSDB
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