Em entrevista, o senador petista Humberto Costa (PE) dá o governo Temer como certo e admite que Dilma tem dificuldade para o diálogo político
“Ah, se houver impeachment, vamos parar o Brasil!”
“Ah, se houver impeachment, o Brasil fica ingovernável!”
“Ah, se houver impeachment, haverá luta!”
“Ah, se houver impeachment, o Brasil fica ingovernável!”
“Ah, se houver impeachment, haverá luta!”
Como vocês
sabem, acima vão alguns ecos de vozes petistas no período que antecedeu a
votação na Câmara. Era uma forma de fazer pressão no Congresso por meio
do discurso terrorista, da ameaça.
Na quinta, um dia depois de o Senado
aceitar abrir o processo contra ela, Dilma pretende descer a rampa do
Palácio do Planalto, com um séquito de petistas. Será um momento lindo
da democracia. O estado de direito estará expulsando da sede do governo
federal um partido que instaurou uma cleptocracia no país. E depois?
Será que o PT parte para a luta armada, como chegou a anunciar Vagner
Freitas, presidente da CUT, em discurso na sede do governo?
Que luta
armada o quê?! Essa gente é doida, mas não rasga dinheiro. Que os
petistas vão criar embaraços a Temer, isso me parece evidente. Mas vai
se adaptar à luta política, ainda que recorrendo à sabotagem do governo
de turno, como de hábito. Mas a ficha já começa a cair, e os petistas
baixam a bola.
Leiam, por exemplo, a entrevista concedida
pelo senador Humberto Costa (PT-PE) à Folha desta segunda. Ele já vai
acomodando a fala: “Não vamos incendiar o país”. Ora, é claro que não!
Os brasileiros não permitiriam: nem o incêndio real nem o metafórico.
Sim, Costa
continua a chamar o impeachment de “golpe”, mas com uma ligeira
inflexão: diz que foi um golpe no PT. Ah, bom! Golpe no PT, se tivesse
havido, já seria diferente de golpe de estado, certo?
O senador já
trata o governo Temer como uma realidade, diz não haver chance de
diálogo do ainda vice com o PT no futuro, mas, ora vejam, o homem não se
furta a fazer críticas à presidente que está saindo:
“Dilma é uma pessoa que tem uma dificuldade de dialogar, de ouvir, é o perfil dela, com todo o respeito. Ela não se adaptou a um modo de fazer política que existe no Brasil. Não estou falando que tinha que fazer qualquer concessão à corrupção, nada disso. Mas, no Brasil, nesse modelo de presidencialismo de coalizão, você tem que ter uma relação que tem que conviver e ter ao seu lado gente que pensa e age de maneira diferente. Tem algumas coisas que são simbólicas na política. Essa coisa de fazer o diálogo, de conversar. Ela não tem esse perfil. É muito diferente de Lula. E infelizmente isso vale muito mais do que a gente pensa.”
“Dilma é uma pessoa que tem uma dificuldade de dialogar, de ouvir, é o perfil dela, com todo o respeito. Ela não se adaptou a um modo de fazer política que existe no Brasil. Não estou falando que tinha que fazer qualquer concessão à corrupção, nada disso. Mas, no Brasil, nesse modelo de presidencialismo de coalizão, você tem que ter uma relação que tem que conviver e ter ao seu lado gente que pensa e age de maneira diferente. Tem algumas coisas que são simbólicas na política. Essa coisa de fazer o diálogo, de conversar. Ela não tem esse perfil. É muito diferente de Lula. E infelizmente isso vale muito mais do que a gente pensa.”
Não custa
lembrar: Costa é nada menos do que líder do governo no Senado; vale
dizer: na Casa, ele fala em nome daquela que ele admite ter “dificuldade
de dialogar, de ouvir…”
Leiam a
entrevista e constatem que o senador se inclui entre os que estão
desenhando os passos futuros do PT, e Dilma, tudo indica, é uma herança
que o partido não pretende carregar.
O PT vai
criar dificuldades para Temer? Ora, é evidente! Mas observem que Costa
sabe existir um limite para a agitação que, se ultrapassado, rende
dissabores ao próprio partido, especialmente num momento em que a
população não anda assim tão satisfeita com a companheirada.
Os petistas
nos ameaçaram com a guerra civil na esperança de assustar a sociedade.
Deu errado. Vão ter de engolir a regra do jogo. Sim, Costa diz algumas
barbaridades: afirma que Temer deve 50% do seu mandato de presidente a
Cunha e 50% ao juiz Sergio Moro.
Está errado! O mandato de Temer é fruto dos milhões que foram às ruas contra a roubalheira promovida pelo petismo.
O PT de oposição já vai se desenhando. E, tudo indica, vai tentar apagar Dilma da história.
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