quarta-feira, 13 de julho de 2016

MP espera Janot para se decidir sobre delação de Marcos Valério

Coluna A.Parte

Promotores confirmam que operador do mensalão tucano e petista citou políticos que hoje têm foro privilegiado


PUBLICADO EM 13/07/16 - 03h00- O tempo
Os promotores que analisam a proposta de delação premiada feita pelo empresário Marcos Valério confirmaram nesta terça-feira (12), pela primeira vez, que o operador tanto do mensalão tucano quanto do petista citou políticos que atualmente têm foro privilegiado. “Surgiu a possibilidade de ele apontar fatos envolvendo pessoas de foro especial”, disse João Medeiros, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Minas. Ele, no entanto, não revelou nomes.
João Medeiros e Eduardo Nepomuceno explicaram que a promotoria enviou ao procurador geral de Justiça de Minas, Carlos André Mariani Bittencourt, um ofício para que a Procuradoria Geral da República (PGR), comandada por Rodrigo Janot, seja acionada sobre a intenção de Valério.
Segundo Medeiros, a investigação agora aguarda um posicionamento de Janot para anunciar se o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) prosseguirá com a negociação da delação de Valério. Marcos Valério pretende dar informações em troca de redução de pena. “Temos informação da PGR de que o nosso documento já está lá. Aguardamos retorno”, disse Medeiros. O promotor disse que é preciso ter cautela com a questão.
Segundo ele, existem três possibilidades: Janot pode informar que não tem interesse no material; pode pedir que o processo seja todo enviado para Brasília e que só depois Minas apure os fatos relacionados à alçada do MP; ou ainda – o que para os promotores seria o melhor dos cenários – pode propor que os dois órgãos compartilhem da delação e apurem os fatos simultaneamente.
Ainda de acordo com o promotor, interessam ao Ministério Público “todos os vínculos contratuais das empresas dele (Valério) com órgãos públicos, com vínculo municipal ou com o Estado”.
O promotor não confirma nem desmente informações já publicadas por O TEMPO de que Valério irá relatar esquemas que vão além do praticado para a reeleição do então governador Eduardo Azeredo, já condenado a 20 anos e dez meses de prisão. Esse fato gerou o mensalão mineiro. Um deles seria a realização de empréstimos do Banco Rural para bancar imóveis de dois tucanos mineiros. Medeiros explicou que “o ponto de partida é o processo que está aqui, o mensalão mineiro”.
O promotor avalia que no processo já há provas suficientes para condenar o empresário. Segundo ele, Valério terá que prestar informações novas. O advogado de Valério, Jean Robert Kobayashi Júnior, aguarda com expectativa o retorno do MP. Segundo o defensor, Valério citará, inclusive, políticos do governo interino de Michel Temer (PMDB). “São pessoas do atual e do antigo governo”. (Tâmara Teixeira)

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