quinta-feira, 30 de junho de 2016

'Lula será candidato', afirma Dilma à revista francesa

postado em 30/06/2016 13:07


Em entrevista feita em Brasília para a revista francesa semanal L'Express divulgada nesta quarta-feira, 29, Dilma Rousseff afirmou que Lula será candidato à Presidência em 2018. A informação é, inclusive, uma das chamadas da capa da publicação.

"É a razão principal do golpe de Estado: prevenir que o Lula se apresente à Presidência. Hoje em dia, apesar de todas as tentativas de destruir a sua imagem, Lula continua entre as pessoas mais amadas. Eu posso te dizer que ele vai se apresentar na próxima eleição", disse.

Questionada sobre como ela vê e espera a possível confirmação do afastamento no Senado, Dilma se disse profundamente injustiçada quanto à forma como "foi tirada do poder". Na entrevista, ela ainda disse que não cometeu crime de responsabilidade, mas que apenas aprovou quatro decretos para créditos suplementares a fim de financiar, principalmente, hospitais.

"Não sou o primeiro presidente a agir assim. O Fernando Henrique Cardoso aprovou 23 decretos similares. Na verdade, [a acusação] é apenas um pretexto."

No decorrer da entrevista, Dilma voltou a defender o PT, a falar que não sabia do esquema de corrupção na Petrobras e a criticar os grampos divulgados pelo juiz federal Sérgio Moro. "Não importa o país do mundo, divulgar o registro de uma conversa do chefe de Estado seria um crime."

Dilma ainda citou a queda de três ministros do governo interino por corrupção e que o momento político no Brasil "é grave".

Violência no Rio

As seis páginas seguintes à entrevista com a presidente afastada são dedicadas à violência das favelas cariocas e a preparação do Brasil para a Olimpíada. Com o título de "As favelas, sangue de cima a baixo", em tradução livre, o texto fala de diversos casos problemáticos como o resgate ao traficante Fat Family no hospital Souza Aguiar, da Rocinha como "longe" de ser exemplar e do desaparecimento do Amarildo, até hoje não explicado.

Sede nacional do PT sofre segundo ataque no mesmo dia

VIOLÊNCIA

A sede nacional do PT, no centro da capital paulista, foi atacada pela segunda vez nesta quinta (30), com o lançamento de um artefato explosivo contra o prédio

sede do PT
Sede nacional do PT foi atacada novamente

PUBLICADO EM 30/06/16 - 17h40
A sede nacional do PT, no centro da capital paulista, foi atacada pela segunda vez nesta quinta (30), com o lançamento de um artefato explosivo contra o prédio. A nova ação foi confirmada pelo partido que, no entanto, não forneceu detalhes sobre o atentado.
Na madrugada, o local já havia sofrido com um ato de vandalismo. Foram quebradas as vidraças da entrada principal, restando, em grande parte da fachada, apenas a grade metálica. Pela manhã, a calçada havia sido varrida, e os restos de vidro acumulados em caixas de papelão em frente ao prédio.
O partido ainda não comentou oficialmente os ataques. A Secretaria de Estado de Segurança Pública de São Paulo também não forneceu informações sobre o ocorrido. Funcionários que trabalham no local informaram que a Polícia Militar chegou a levar um homem suspeito dos atos de vandalismo durante a noite, quando havia apenas um vigia no prédio.
O secretário municipal de Saúde de São Paulo, Alexandre Padilha, postou em uma rede social fotos do local logo após o ataque. “Escuridão sobre a tolerância e democracia”, escreveu Padilha sobre a depredação.

Justiça Federal bloqueia R$ 19,5 milhões das contas do WhatsApp

Determinação

O aplicativo descumpriu decisão judicial de liberar mensagens trocadas pelo aplicativo por traficantes investigados pela Polícia Federal

WHATSAPP-
Justiça Federal bloqueia R$ 19,5 milhões das contas do WhatsApp

PUBLICADO EM 30/06/16 - 14h23
A Justiça Federal em Londrina, no Paraná, mandou bloquear R$ 19,5 milhões das contas do WhatsApp no Brasil.
A empresa, que pertence ao Facebook, descumpriu decisão judicial de liberar mensagens trocadas pelo aplicativo por traficantes investigados pela Polícia Federal.
O pedido veio da Operação Quijarro, que prendeu uma organização criminosa especializada em tráfico internacional de drogas.
Apenas as contas bancárias do WhatsApp no país foram bloqueadas, não há a suspensão do serviço. O valor da multa se refere a multas acumuladas de cinco meses.
A investigação
A operação Quijarro é focada na desarticulação de uma organização criminosa internacional de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro nos Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Policiais federais cumpriram 81 mandados judiciais, sendo 14 de prisão preventiva, 17 de busca e apreensão em imóveis, 43 de busca e apreensão de veículos e 7 de condução coercitiva nas cidades de Londrina e Araucária (PR), Corumbá (MS), Martinópolis, Presidente Prudente e São Paulo.
O nome da operação é Quijarro porque a droga entrava no Brasil pelo porto de mesmo nome, que fica na Bolívia e faz fronteira com Corumbá (MS).

Dilma diz que Cunha é ameaça 'integral' a Temer e elogia soltura de ex-ministro

Estadão Conteúdo
29/06/2016 - 22h30 - Atualizado 22h39
A presidente afastada Dilma Rousseff criticou o encontro entre o presidente em exercício, Michel Temer, e o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, e disse que Cunha representa uma ameaça "integral" e "em todos os sentidos" ao governo interino. "Domingo passado o senhor Eduardo Cunha foi visitar o senhor presidente interino e provisório no Jaburu, não trataram de futebol certamente, agora trataram de questões que dizem respeito à governabilidade do País", disse, em entrevista ao Jornal do SBT. Interlocutores de Temer confirmam o encontro e dizem que Cunha foi ao Jaburu sem avisar, já o presidente afastado da Câmara nega que tenha estado com Temer.

Segundo Dilma, mesmo que Cunha escape do processo de cassação é difícil acreditar que ele perderá sua influência na Câmara e no governo Temer. "Será que ele escapando ou não perderá o controle que tem sobre uma parte da Câmara? Ele deixará de ter sido o grande fiador desse impeachment? Deixará de exercer (influência) sobre todo o governo provisório?", disse. Questionada se acreditava que Cunha era uma ameaça ao governo Temer respondeu: "integral e em todos os sentidos".

Indagada se a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, de só afastar Cunha depois do processo de impeachment ser aceito na Câmara, Dilma disse que isso poderia comprometer sim o andamento do processo, mas ressaltou que ele já estava contaminado. "O processo tem um pecado original que tem nome: Eduardo Cunha."

Dilma disse que "dentro das possibilidades está bem" e afirmou que vai recorrer ao STF caso o processo de impeachment avance no Senado. "(Se for aprovado) vai ser outra batalha no Supremo, sempre vai ter Supremo como última instância", disse, ressaltando que o STF não está endossando o processo. "Pelo contrário, (o Supremo) está dizendo que a análise do mérito não é deles enquanto os senadores não julgarem."

A petista afirmou que a perícia feita pelo Senado comprova que o impeachment não tem base para avançar e que ainda pretende batalhar para barrar o processo no Senado. Na segunda-feira, 27, o corpo técnico do Senado responsável por elaborar uma perícia do processo de impeachment entregou laudo que responsabiliza a petista pela edição de decretos de créditos suplementares, mas que a isenta da atuação nas chamadas pedaladas fiscais. "Acho que reforça o caminho (dos argumentos no Senado). Há um golpe, porque a constituição prevê que para ter impeachment é preciso ter crime de responsabilidade e não tendo crime não pode ter impeachment", disse.

A presidente afastada também comentou a decisão do ministro do STF, Dias Toffoli, de revogar a prisão do ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo. "Eu considero que o Supremo tem tido uma posição bastante correta quando se trata de impedir que as prisões passem a ser, que tenham outro sentido de não aqueles previsto na lei", disse. "Eu acredito que foi uma decisão prudente e muito firme do Toffoli", afirmou.

Dilma também rechaçou a possibilidade de aparecer alguma irregularidade ligada a ela e a pagamentos ao marqueteiro de campanha João Santana na delação do empresário Marcelo Odebrecht. "Quem é o informante de dentro do processo de delação que começa com essas informações? Eu paguei R$ 70 milhões para João Santana, o candidato adversário pagou metade. O que eu tinha a mais de pagar que era necessário pagar caixa dois?", disse.

Novas eleições

Dilma disse que não vai tomar a iniciativa de propor o plebiscito para novas eleições caso volte ao poder, mas ressaltou que caso haja essa proposta por parte do congresso vai endossar. "Não é assim simples. Uma coisa importante é manter a unidade daqueles que me apoiam num extremamente difícil momento", disse. "Essas pessoas têm diferença de opinião, alguns são a favor e outros contra. Se os 27 senadores me propuserem isso eu vou endossar, mas eu não vou tomar iniciativa de fazer isso", disse.

Olimpíada

Dilma disse que ainda não foi convidada para a abertura dos Jogos Olímpicos, mas que tem vontade de comparecer e que acha justo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também seja chamado. "Acredito que eventualmente serei convidada, gostaria por um motivo muito simples: fiz todas as tratativas, preparativos e obras. Eu me sinto mãe dessa Olimpíada e o Lula é o pai, é justo que eu e Lula estivéssemos", disse.

Se não reagir, Pimentel fica até com a reeleição sob risco

Orion Teixeira / 30/06/2016 - 06h00
Orion Teixeiraxeira é jornalista político. Escreve de terça-feira a domingo neste espaço.
Orion TeixeiraDesde que ganhou fôlego na Justiça, o governador Fernando Pimentel (PT) está mudando sua forma de agir e disposto a deixar a paralisia que ameaçava seu governo e futuro político. De acordo com as preliminares do Superior Tribunal de Justiça (STJ), se for processado, não precisará ser afastado do cargo, como prescreve o artigo 92 da Constituição Mineira, por conta de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do voto do relator, Herman Benjamin.
A defesa dele ainda tentará impedir até mesmo a abertura do processo com base na contestação das provas, constituídas sem aval do foro privilegiado (STF), e no princípio federativo pelo qual a ação judicial deveria ser autorizada pela Assembleia Legislativa de Minas. Na dúvida, andará com o habeas corpus preventivo.
Ele é acusado pela Polícia Federal e pela Procuradoria Geral da República de ter favorecido, quando ministro do Desenvolvimento Econômico (2011/2014), a concessionária Caoa com incentivos fiscais em troca de vantagens indevidas. A votação sobre seu caso ficou para o início do segundo semestre. Na pior das hipóteses, se processado, o tempo correrá a seu favor, já que não seria concluído antes o fim do mandato.
Junto do “alívio” judicial, o governador ganhou outros dois. Um deles é financeiro, com a renegociação da dívida do Estado junto à União. São R$ 500 milhões/mês a mais que poderão levá-lo a interromper, por exemplo, o parcelamento dos salários dos servidores que ganham mais de R$ 3 mil. O terceiro fator, é de ordem política, com o deslocamento do foco sobre ele, por meio das acusações, prisão e delações premiadas envolvendo, agora, os principais rivais, os tucanos.
O inferno astral passou, mas chegou ao nível de secretário discutir a possibilidade de mudança de governo. Aliados avaliam que, se ele não reagir agora, governando e fazendo obras, não terá como cumprir promessas feitas, com riscos até para sua reeleição em 2018. Tudo somado, o petista está mais confiante e falante, discursando e criticando mais a crise política nacional. Por isso, deu ordens à equipe para mostrar serviço.
Eleição de 500 prefeitos
Além de governar e buscar resultados, a estratégia é de eleger até 550 prefeitos como base de apoio para a reeleição de Fernando Pimentel. Seu grupo investirá no interior, onde o desgaste do PT e de aliados é menor.
Ainda assim, na capital, está apostando na pulverização de candidaturas aliadas para tentar evitar derrota de seu grupo perante os rivais. Pimentel articula cinco ou seis pré-candidatos para que um deles possa chegar à loteria do segundo turno em Belo Horizonte.
Está programado também que, a partir de agosto, com a definição dos candidatos a prefeito, ele dedicará os sábados a viagens ao interior para apoiar seus aliados.
‘O errado é que está certo’
Uma semana depois que o ministro Teori Zavascki, do STF, diagnosticou que o país está doente e receitar remédio amargo, outro ministro do Supremo, Luís Roberto Barroso, observou que a corrupção se tornou a “espantosa regra” por causa da impunidade e disse que a sociedade brasileira não tolera mais isso.
Como dizia “em mil e novecentos e Kafunga” o comentarista esportivo de mesmo nome: “o errado é que está certo”.

TRE condena Durval Ângelo por crime relacionando a 'caixa dois'

Tribunal Regional Eleitoral

Segundo a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE-MG), deputado estadual declarou o recebimento de R$ 15 mil do deputado federal Juvenil Alves, mas o órgão descobriu que ele teria recebido, na verdade, R$ 899 mil

Durval Ângelo dá entrevista aos jornalistas após o depoimento
PUBLICADO EM 29/06/16 - 20h35
O deputado estadual Durval Ângelo (PT) foi condenado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas (TRE-MG) por falsidade ideológica eleitoral por ter omitido informações na prestação de contas de sua campanha de 2006, quando concorreu ao cargo na Assembleia. A ação foi proposta pela Procuradoria Regional Eleitoral (PRE-MG) em 2012.
Segundo a PRE, Durval declarou em sua prestação de contas o recebimento de R$ 15 mil do então candidato à reeleição ao cargo de deputado federal Juvenil Alves. Mas, o órgão descobriu que ele teria recebido, na verdade, R$ 899 mil. O valor não declarado foi considerado como “caixa dois”.
Os fatos foram descobertos em 2006, após a deflagração da operação Castelhana, em que Juvenil foi preso por suspeita de chefiar uma organização criminosa.
Com a análise das provas colhidas, descobriu-se que as doações realizadas por Juvenil Alves a Durval Ângelo ocorreram por meio de interpostas pessoas ou mediante pagamento direto de despesas de campanha. A investigação criminal também identificou indícios de transferências de verbas a Durval, utilizando-se de contas correntes de diversos servidores que trabalhavam em seu gabinete na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e de outras pessoas próximas ao deputado.
Em sua defesa, o deputado alegou que os repasses ocorreram fora do período eleitoral, entre 2004 e início de 2005, e que se destinavam a instituições de assistência social. As provas obtidas durante a operação, no entanto, demonstraram que os valores repassados a pessoas ligadas ao deputado aconteceram no período compreendido entre junho de 2006 e março de 2007. De acordo com a denúncia, um dos repasses aconteceu em 2006, quando uma servidora lotada no gabinete do deputado desde 2001 recebeu em sua conta R$ 456.708,10. O dinheiro foi usado para cobrir gastos de campanha.
Além disso, o coordenador da campanha de Juvenil Alves confirmou, em juízo, que uma das formas de repasse de valores para Durval Ângelo ocorria por meio de pagamento de serviços executados. Outros testemunhos também confirmaram que várias despesas de campanha foram custeadas por Juvenil Alves e não lançadas na prestação de contas de Durval Ângelo.
No acórdão condenatório, o TRE reconheceu o farto conjunto de provas de que o réu cometeu o crime de falsidade ideológica eleitoral: “O caderno probatório permite a conclusão da realização da conduta tipificada no art. 350 do Código Eleitoral por parte do denunciado, consistente na omissão de informações do recebimento de vultosas quantias para a sua campanha política, através de funcionários de seu gabinete e outras pessoas a ele ligadas, como também de pagamento de despesas do candidato por recursos oriundos de Juvenil Alves, recebimento esses não declarados em sua prestação de contas de campanha, documento público em sua essencialidade”.
Durval Ângelo foi condenado a um ano de reclusão e ao pagamento de cinco dias-multa, mas teve sua pena convertida na prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas. A Procuradoria Regional Eleitoral recorrerá da decisão para que a pena seja aumentada, inclusive pela alta culpabilidade do crime, que é grave e tem pena prevista de até 5 anos.

*Com informações da assessoria do Ministério Público Federal (MPF) 

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Toffoli manda soltar ex-ministro Paulo Bernardo e cita 'constrangimento ilegal'

Da Redação (*)
Hoje em Dia - Belo Horizonte
29/06/2016 - 13h36 - Atualizado 16h31
Paulo Bernardo havia sido preso preventivamente na quinta-feira passada, dia 23, com outros 10 alvos da investigação
Paulo Bernardo havia sido preso preventivamente na quinta-feira passada, dia 23, com outros 10 alvos da investigação O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli, mandou soltar nesta quarta-feira, 29, o ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento/Governo Lula e Comunicações/Governo Dilma), detido durante a Operação Custo Brasil.

 Na decisão, Toffoli indeferiu pedido de liminar na Reclamação (Rcl) 24506, mas, "por reputar configurado flagrante constrangimento ilegal, passível de correção por habeas corpus de ofício quando do julgamento de mérito da ação", determinou "cautelarmente, sem prejuízo de reexame posterior", a revogação da prisão preventiva de Paulo Bernardo.

O ex-ministro havia sido preso preventivamente na quinta-feira passada, dia 23, com outros 10 alvos da investigação sobre o esquema Consist - empresa de software que teria desviado R$ 100 milhões de empréstimos consignados no âmbito do Ministério do Planejamento durante a gestão de Bernardo.

O  ministro determinou ainda que o Juízo Federal da 6ª Vara Criminal Especializada em Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional e em Lavagem de Valores da Seção Judiciária de São Paulo "avalie a necessidade, se for o caso, de aplicação de medidas  cautelares diversas da prisão, dentre aquelas previstas nos artigos 319 e 321 do Código de Processo Penal".

A investigação mostra que o advogado Guilherme Gonçalves, estabelecido em Curitiba, teria atuado como repassador de propinas do esquema Consist para o ex-ministro e teria, ainda, bancado despesas da mulher de Bernardo, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), na campanha de 2010. A parlamentar e seu marido negam ter recebido valores ilícitos.

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(*) Com agências

Em quatro horas, Dilma arrecada mais de R$ 66 mil em vaquinha para pagar viagens

Estadão Conteúdo
29/06/2016 - 15h57 - Atualizado 17h36
Dilma Rousseff
Duas amigas da presidenta afastada Dilma Rousseff da época da ditadura militar iniciaram nesta quarta (29) uma campanha virtual para arrecadar dinheiro para custear as despesas com os deslocamentos da petista pelo país em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB).
Dilma Rousseff
No início de junho, o presidente interino, Michel Temer, limitou o uso de aviões da FAB por Dilma apenas para deslocamentos de Brasília a Porto Alegre (RS), onde mora a família da presidenta afastada. Esta semana, no entanto, a Justiça Federal do Rio Grande do Sul autorizou Dilma a usar as aeronaves da FAB em viagens pelo país, desde que os custos sejam ressarcidos por ela ou pelo PT.
Idealizada por Guiomar Silva Lopes e Maria Celeste Martins, contrárias ao impeachment, a vaquinha virtual foi batizada de Jornada pela Democracia - Todos por Dilma, e tem como objetivo arrecadar R$ 500 mil até agosto. Em quatro horas de campanha, 746 pessoas já haviam feito doações e o total arrecadado chegou a mais de R$ 66 mil.
Recompensa
Quem contribuir com mais de R$ 10 receberá uma foto oficial autografada em versão digital, um vídeo de agradecimento, além de citação no site da presidenta afastada.
No vídeo de apresentação da campanha, Celeste conta que conheceu Dilma em 1969, na clandestinidade. Já Guiomar conhece Dilma desde 1970, quando foi presa e torturada pelo regime militar. “Conheço a Dilma de longa data. É uma das pessoas mais íntegras que eu conheço. A luta que ela vem desenvolvendo na retomada do seu mandato merece todo apoio que se possa dar”, diz Celeste.
“As medidas coercitivas em relação à presidenta Dilma são absurdas, ilegais. Como é que um governo como esse tira qualquer direito, inclusive de mobilidade, da presidenta? A gente está aqui para compor e reforçar as atitudes e lutas no sentido de repor o governo legítimo da presidenta Dilma”, acrescenta Guiomar.
A assessoria de Dilma disse que “saúda” a iniciativa das amigas da presidenta afastada.
A campanha está hospedada na plataforma de crowdfunding Catarse e aceita doações apenas de pessoas físicas residentes no Brasil. De acordo com o site, 13% serão repassados para a própria plataforma, 4% para pagamento de impostos e o restante do valor arrecadado (83%) será usado para pagamento de despesas com deslocamento da presidenta Dilma. A prestação de contas será apresentada, periodicamente, no site www.dilma.com.br.

Policia Militar do Rio confirma furto de 38 armas do comando geral da corporação

Agência Brasil
29/06/2016 - 17h40
A Corregedoria Interna da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ) confirmou nesta quarta (29) que no dia 29 de maio foram furtadas 38 armas da Reserva Única de Material Bélico do Quartel General da corporação, na Avenida Evaristo da Veiga, centro do Rio. Foram levadas 32 pistolas automáticas calibre 380 e seis revólveres calibre 38, além de 38 carregadores para as pistolas.
O pedido de informações sobre o desaparecimento das armas foi feito pelo presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Armas da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), deputado estadual Carlos Minc.
“Segundo a corregedoria, foram roubadas por PMs e devem estar agora nas mãos de bandidos, de marginais, assaltando a população e matando policiais militares, o que é inadmissível”, disse Minc.
O presidente da CPI das Armas ficou surpreso porque o assalto ocorreu dentro do prédio do comando da corporação, em local onde sequer havia câmeras de segurança. “É um estímulo ao roubo e à impunidade. E há uma lei da Alerj que obriga a ter câmeras de monitoramento. Aliás, foi uma recomendação de outra CPI das Armas, realizada há cinco anos.”
A ajudante geral da Corregedoria Interna, coronel Claudia Lovain de Menezes Cardoso, informou no ofício que existem “indícios de que o furto foi praticado pelos policiais militares que trabalhavam na Reserva Única de Material Bélico, já que o acesso é restrito a quem trabalha no local e a propriedade dessas armas era de conhecimento somente deles”, acrescentou Carlos Minc.
Após o furto, foi instaurada uma averiguação sumária, concluída com a identificação dos policiais militares que trabalhavam no local. A oficial superior não informou no documento o número de militares suspeitos pelo furto.
De acordo com a CPI das Armas da Alerj, o recente furto é mais um indicativo da precariedade da fiscalização do armamento utilizado pelas forças de segurança no Rio de Janeiro.
Segundo a comissão, em dez anos, entre 2005 e 2015, foram extraviadas ou roubadas 17.662 armas de empresas de segurança privada (que são controladas pela Polícia Federal), 1.016 da Polícia Civil e 645 da Polícia Militar.

'Aliança com PMDB de Temer foi meu maior erro', diz Dilma

ENTREVISTA

Petista ainda afirmou que vê possibilidade de um retorno ao exercício do cargo


Dilma
Segundo Dilma, essa não foi uma questão pessoal e Temer não "representa a si mesmo"
PUBLICADO EM 28/06/16 - 20h08
A presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), afirmou nesta terça-feira (28) em entrevista à rádio "Metrópole", da Bahia, que a aliança com o PMDB do presidente interino, Michel Temer, foi o maior erro cometido por ela em sua gestão.

"O erro mais óbvio que cometi foi a aliança que fiz para levar a presidência nesse segundo mandato com uma pessoa que explicitamente, diante do país inteiro, tomou atitudes de traição e usurpação", afirmou.

Segundo Dilma, essa não foi uma questão pessoal e Temer não "representa a si mesmo".

"Não acho que o vice-presidente representa a si mesmo. O grupo que ele representa, e o encontro com Eduardo Cunha [no último domingo] mostra isso, é um grupo político. E eu errei em fazer aliança com esse grupo político", disse a petista.

Dilma ainda afirmou que vê possibilidade de um retorno ao exercício do cargo com a votação do processo de impeachment em agosto, no Senado.

Questionada sobre como governaria sem uma base sólida no Congresso Nacional, defendeu a necessidade de uma reforma política, mas não falou em propostas de plebiscito ou novas eleições.

Disse que sua volta ao exercício da Presidência será a condição para "restabelecer a democracia no Brasil".

Segundo a presidente afastada, "o sistema político do Brasil está em processo acelerado de deterioração". E exemplificou com o encontro Michel Temer e o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), no último domingo (26).

Segundo ela, Temer não conseguiria governar sem conversar com Cunha. E ironizou o encontro: "Não foi sobre futebol que eles conversaram".

CRÍTICAS AO GOVERNO

Na entrevista, Dilma ainda fez uma série de críticas ao governo Temer. Afirmou que o presidente interino "considera a cultura irrelevante", ao tomar a decisão de extinguir o ministério. E criticou a equipe de ministros sem mulheres e negros.

Dilma também afirmou que o novo governo apresenta uma pauta conservadora e que retira direitos dos trabalhadores.

"Estamos vendo nesses parcos 45 dias do governo provisório, um crescente avanço para retirar direitos. Reduzem o Pronatec e agora eles estão dizendo que vão exigir 70 anos para que as pessoas tenham direito à aposentadoria", disse, numa referência à possível proposta de reforma da Previdência de Temer.

A petista ainda citou a perícia realizada pelo Senado para afirmar não teve participação nas chamadas "pedaladas fiscais".

E afirmou que não houve dolo na publicação dos decretos que não haviam sido autorizados pelo Congresso Nacional.

"Eu não fui informada da suposta incompatibilidade dos decretos em relação à meta fiscal. Também neste caso esta eliminada qualquer dúvida em relação ao fato. Não há dolo, portanto, não há crime", disse.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Editorial do Estadão: Sórdida tramoia petista

O esquema armado para roubar mais de R$ 100 milhões dos funcionários públicos revela uma eficiência que o PT jamais demonstrou para impedir a crise econômica em que afundou o país

Por: Augusto Nunes
Publicado no Estadão
Já não há quem se surpreenda com a prisão de mais um figurão do PT, ex-ministro de Lula e de Dilma, por envolvimento em corrupção. A acusação que pesa sobre Paulo Bernardo e seus cúmplices, no entanto, é excepcionalmente grave não pelo fato de tratar-se de mais uma velhacaria urdida com o objetivo de alimentar o propinoduto que durante tantos anos financiou o lulopetismo, mas porque a natureza dessa trama criminosa é particularmente perversa do ponto de vista social: obrigava funcionários públicos de baixa renda – os principais usuários do crédito consignado – a contribuir compulsoriamente para abastecer os cofres do PT e rechear o bolso de espertalhões como o ex-ministro do Planejamento e também das Comunicações. A Operação Custo Brasil, congênere da Lava Jato, desvela assim mais uma sórdida tramoia do peculiar modo lulopetista de promover a defesa dos interesses dos trabalhadores.
O esquema armado pelos sequazes de Paulo Bernardo para roubar mais de R$ 100 milhões dos funcionários públicos revela uma criatividade e eficiência que o PT jamais conseguiu demonstrar para administrar ou impedir a crise econômica em que afundou o País. De acordo com a Polícia Federal (PF), sem nenhuma necessidade ou função senão a de armar o propinoduto, uma empresa-companheira, a Consist Software, foi contratada pelo Ministério do Planejamento, mediante licitação dirigida, para gerenciar os empréstimos consignados aos servidores públicos. Para isso cobrava uma taxa de cerca de R$ 1,00, debitada mensalmente na folha de pagamento do tomador do crédito, independentemente do valor do empréstimo. A Consist ficava com menos de um terço desse valor, como pagamento pelo serviço prestado. O restante virava propina, a maior parte cabendo ao PT, de acordo com distribuição que era feita pelo então tesoureiro do partido, hoje encarcerado, João Vaccari Neto. Para Paulo Bernardo cabia uma comissão que era inicialmente de quase 10% e com o tempo foi sendo reduzida.
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Surpreendidos pela forte repercussão que a Operação Custo Brasil teve desde logo na mídia e nos círculos políticos, com a desfaçatez habitual os petistas partiram imediatamente para a ofensiva alegando, como vociferou o senador Lindbergh Farias, que a prisão de Paulo Bernardo teve “evidente motivação política”, destinada a desviar a atenção dos problemas que o governo interino está enfrentando pelo fato de em menos de um mês três ministros de Michel Temer terem sido demitidos. Ora, ao longo dos dois anos e dois meses até agora decorridos desde o início de suas operações, a Lava Jato jamais precisou de “motivação política” para levar uma legião de petistas e políticos de outros partidos à barra dos tribunais. A “motivação” da prisão de Paulo Bernardo foi exatamente a mesma que obrigou os três ministros do PMDB a deixarem os cargos: bem fundamentadas suspeitas de corrupção.
Alegam também os petistas, eternas vítimas de um sistema injusto que, não obstante, os manteve por mais de 13 anos no poder, que o juiz que autorizou a operação abusou de seus poderes, usurpando prerrogativas da Suprema Corte ao invadir o apartamento de Paulo Bernardo em Brasília, que na verdade é propriedade do Senado Federal, cedido à mulher do investigado, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). De acordo com esse ponto de vista, Paulo Bernardo não tem foro privilegiado, mas a senadora, que é sua mulher, tem. Para agir, portanto, a PF teria que ter sido autorizada pelo STF.
O argumento de abuso de autoridade – que instrui uma representação que o presidente do Senado, Renan Calheiros, se apressou a apresentar ao STF – pode até ter procedência, embora cada caso deva ser considerado sempre com a cautela necessária para evitar, por exemplo, que o foro privilegiado de cônjuges se torne o confortável refúgio de meliantes e também para se evitar que apartamento funcional receba tratamento privilegiado, que deve ser atribuído a uma pessoa que recebe múnus de autoridade, e não a um imóvel. De qualquer modo, essa é uma decisão que cabe à Suprema Corte tomar.
De resto, abuso de verdade, e claramente criminoso, é o que comete quem não tem o menor escrúpulo para, em nome de interesses políticos e da ganância pessoal, meter a mão no bolso de cidadãos indefesos.

Conselho de Ética abre processo contra Bolsonaro por homenagem a torturador

Representação foi apresentada pelo Partido Verde sob o argumento de que o deputado fez apologia ao crime de tortura

Por: Marcela Mattos, de Brasília - Atualizado em
Deputado Jair Bolsonaro PP/RJ
O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ)(Gilberto Nascimento/Agência Câmara/VEJA)
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados instaurou nesta terça-feira processo por quebra de decoro contra o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). A ação é motivada pela homenagem feita pelo controverso parlamentar durante a votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, quando reverenciou o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos maiores símbolos da repressão na ditadura militar.
A representação contra o deputado foi apresentada pelo Partido Verde. Na ação, a legenda sustenta que Bolsonaro tem o direito de expressar suas preferências e simpatias, mas não pode fazê-lo de modo a enaltecer crimes ou criminosos, e classificou as declarações como uma "verdadeira apologia ao crime de tortura".
Durante a votação do impeachment de Dilma, Bolsonaro subiu à tribuna e bradou: "Em memória do coronel Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, o meu voto é sim", disse. Dilma foi uma das vítimas do coronel mencionado pelo deputado fluminense durante a ditadura.
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Nesta manhã, foram sorteados três deputados para relatar o caso: Zé Geraldo (PT-PA), Wellington Roberto (PR-PB) e Valmir Prascidelli (PT-SP). O presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), escolherá um dos três para assumir a representação, determinar se o caso deve ou não ter prosseguimento e, se sim, definir o tipo de punição que pode ser aplicada a Bolsonaro - pode ser desde uma advertência à cassação.
Conhecido por suas declarações polêmicas, Bolsonaro já foi alvo de outras três representações no Conselho de Ética da Câmara, mas todas acabaram arquivadas. Na semana passada, ele se tornou réu no Supremo Tribunal Federal por dizer que não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque "ela não merece".

Dinheiro da Lei Rouanet foi usado em festas particulares e até em casamento

PF faz operação contra fraudes na Lei Rouanet

Agentes estão nas ruas cumprindo 14 mandados de prisão temporária em São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal; investigadores apontam que o grupo criminoso conseguiu abocanhar 180 milhões de reais em projetos

Por: Rodrigo Rangel - Atualizado em
Polícia Federal
Polícia Federal deflagra Operação Boca Livre, em São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal(Vagner Rosário/VEJA)
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira a Operação Boca Livre, que tem como alvos empresas que atuam na captação de recursos por meio da Lei Rouanet. Uma das suspeitas é a empresa Bellini Cultural, responsável pela captação de incentivos, por meio da Lei Rouanet, para a publicação de livros, promoção de grandes artistas, como Roberto Carlos e Daniela Mercury, e exposições de painéis fotográficos.
Ao todo estão sendo cumpridos 14 mandados de prisão temporária e 37 de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Os investigadores apontam que, ao longo de 20 anos, o grupo criminoso conseguiu abocanhar 180 milhões de reais em projetos a partir de superfaturamento de contratos, notas fiscais falsas e projetos duplicados.
Segundo a PF, eventos corporativos, shows com artistas famosos em festas privadas, livros institucionais e até mesmo um casamento foram financiados com dinheiro público obtido por meio da Lei Rouanet.
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Na operação de hoje, além da Bellini, são citadas as empresas Scania, KPMG e o escritório de advocacia Demarest, Roldão, Intermedica Notre Dame, Laboratório Cristalia, Lojas 100, Nycomed Produtos Farmacêuticos e Cecil. Os presos são acusados de organização criminosa, peculato, estelionato contra União, crime contra a ordem tributária e falsidade ideológica.
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Na Operação Lava Jato, que desvendou o bilionário esquema de cobrança de propinas em contratos com a Petrobras, a força-tarefa da Operação Lava Jato recolheu indícios que podem colocar em xeque a lisura de iniciativas culturais do país por meio da Lei Rouanet. O delegado da Polícia Federal Eduardo Mauat, por exemplo, encaminhou ofício ao Ministério da Transparência Fiscalização e Controle solicitando detalhes sobre os 100 maiores recebedores e captadores de recursos via Lei Rouanet nos últimos dez anos. Ele quer saber os valores recebidos pelos 100 maiores beneficiários naquele período discriminando a origem (Fundo Nacional de Cultura ou Fundos de Investimento Cultural e Artístico), os responsáveis por aprovar a liberação de verbas e também se houve prestação de contas dos projetos aprovados.
Criada no governo Fernando Collor em 1991, a Lei Rouanet prevê incentivos fiscais a empresas ou pessoas físicas interessadas em investir em propostas culturais. Na prática, o governo abre mão de receber parte dos impostos devido pelas empresas para que elas direcionem esse dinheiro a projetos previamente aprovados pelo Ministério da Cultura.

Impeachment pode marcar nova onda de valorização do real

Economistas veem possibilidade de forte apreciação da moeda a partir de agosto, caso a saída definitiva da presidente afastada Dilma Rousseff se confirme

- Atualizado em
A presidente da República afastada, Dilma Rousseff, concede entrevista coletiva em Brasília (DF) - 14/06/2016
Para um conjunto de economistas, caso o Senado confirme a saída da presidente afastada, a confiança de investidores externos tende a crescer - e a confiança no quadro político é o elemento que falta para a injeção de recursos no país, que já tem títulos e ações com rentabilidade bastante atrativa(Ueslei Marcelino/Reuters)
Um segmento de economistas avalia que o real pode passar por uma nova rodada de valorização a partir de agosto, caso o Senado confirme a saída definitiva da presidente Dilma Rousseff. Os analistas observam que o ingresso de recursos externos na economia brasileira tende a aumentar com o avanço da confiança de investidores externos no país.
Se sacramentado o impeachment, o otimismo seria alimentado por mudanças estruturais na área fiscal, como a aprovação pelo Congresso do teto de gastos públicos vinculados à inflação e o lançamento de uma proposta de reforma da Previdência Social. A confiança tende a elevar a demanda por títulos nacionais, especialmente de renda fixa, mas também por ações. Os investidores já têm como atrativo a elevada rentabilidade oferecida por papéis brasileiros - o alto juro básico, de 14,25% ao ano, sustenta esse rendimento -, mas a demanda está represada pela incerteza no quadro político.
Para Alberto Ramos, diretor de pesquisas para a América Latina do banco Goldman Sachs, "o câmbio pode ir para 3 reais ou abaixo dessa marca em poucos meses", após definido o impeachment de Dilma Rousseff, com sinais firmes da evolução das propostas do governo de correção da gestão das contas públicas. Entre os destaques das propostas, afirma, está a aceitação pelos parlamentares da emenda constitucional que determina que as despesas do Poder Executivo não mais terão aumento real.
"A questão é saber o que o Banco Central fará quando o dólar chegar a 3 reais", diz Ramos.
Inflação - O Banco Central teria várias razões para manter o câmbio entre 3,15 reais e 3,20 reais no segundo semestre, afirma Braulio Borges, economista-chefe da consultoria LCA.
O combate à inflação é prioridade do BC. Uma queda nominal de 8% do dólar poderia reduzir o IPCA em 2017 de 5,3% para perto de 4,8%, calcula o economista. "Há também outros fatores. Um deles é redução do passivo das empresas muito endividadas em dólar, sobretudo a Petrobras", disse Borges.
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Um outro elemento é a melhora de confiança de empresários e consumidores a partir da força do câmbio. "Quando a moeda brasileira está valorizada, isso ajuda a tornar positivas as expectativas sobre as perspectivas da economia no curto prazo", complementa o economista-chefe da LCA. "Mas, se ela está desvalorizada, esse fator pesa para que a percepção piore de forma considerável."
Mesmo com a saída do Reino Unido da União Europeia, os especialistas avaliam que os efeitos sobre o câmbio no Brasil até o fim deste ano deverão ser indiretos e não significativos. Isso porque o crescimento mundial poderá ter pressões para baixo, o que poderia levar o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) a ser ainda mais cauteloso para elevar os juros neste ano. Neste contexto, há chances de apreciação do real, sobretudo com uma perspectiva de mudanças estruturais na área fiscal.
Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o BC poderia permitir que o câmbio se estabilize em um patamar entre 3,20 reais e 3,30 reais depois de agosto, o que seria oportuno para iniciar um necessário ciclo de redução de juros.
"Como a inflação está alta, ela deve fechar este ano ao redor de 7% e em 5,5% em 2017. Assim, o BC pode, na prática, estender seu objetivo para levar o IPCA a 4,5% para 2018", comentou Vale. "A redução da Selic é importante porque não joga lenha na fogueira na já complicada situação fiscal, dado que os juros altos causam grande impacto nas contas públicas", disse. Para ele, a Selic cairá para 13,25% ao fim deste ano e chegará a 11,25% no encerramento do próximo.
De acordo com Vale, a tendência do câmbio é de valorização num horizonte de dezoito meses, pois há uma evolução notória da governabilidade do país com a administração Michel Temer em relação à de Dilma Rousseff. Ainda segundo o economista, isso deverá culminar na volta da harmonia macroeconômica, com a austeridade da política fiscal e distensão da taxa de juros.
(Com Estadão Conteúdo)

A perícia não inocenta Dilma

A presidente afastada Dilma Rousseff durante encontro com correspondentes estrangeiros no Palácio da Alvorada, em Brasília 

 Terça-feira, 28/06/2016, às 07:42,

Há uma crença difundida por Brasília e pelos meios empresariais que vê como inevitável a condenação da presidente afastada Dilma Rousseff no processo de impeachment. Mas os levantamentos disponíveis demonstram que ainda é impossível prever o resultado do julgamento.

Confirmados, há algo entre 40 e 45 votos favoráveis à condenação, para menos de 20 pela absolvição. Para Dilma ser condenada, são necessários os votos de 54 senadores. Entre aqueles cujo voto está indefinido há alvos da Operação Lava Jato, como o presidente do Senado, Renan Calheiros, ou o ex-ministro das Minas e Energia, Edison Lobão.

Dois motivos embasam a crença na condenação de Dilma. Primeiro, criou-se um consenso político em torno do governo do presidente interino Michel Temer. Verdade que três ministros foram derrubados por denúncias da Lava Jato. Verdade que a Câmara vive uma situação bizarra com a sucessão indefinida do presidente afastado Eduardo Cunha.

Mas Temer tem conseguido o Dilma não conseguia desde o início de seu segundo mandato: governar o país. Aprovou diversos projetos no Congresso e construiu uma maioria que deverá funcionar no mais relevante, a Proposta de Emenda Constitucional que estabelece um teto para os gastos públicos.

O segundo motivo é que ninguém, incluindo os senadores, tem nenhum tipo de nostalgia da paralisia política e da inépcia que sempre acompanharam Dilma no poder. É razoável supor que os senadores preferirão condená-la a enfrentar as incertezas derivadas de uma eventual volta dela. Para poiorar, o PT é um partido hoje dizimado pela Lava Jato, que mal consegue definir uma estratégia para lidar com sua crise interna.

Mesmo que Dilma tenha acenado com a proposta de plebiscito para realizar eleições gerais, a incerteza gerada por um plebiscito pode ser ainda maior, como mostra o caso britânico. Apesar da gritaria, o impeachment continua a seguir o rito estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e não houve nenhum tipo de ruptura institucional. Se Dilma for condenada, nossas instituições terão resistido – não sem solavancos, diga-se – à maior crise política que talvez já tenham enfrentado.

Mas sempre há uma distância entre um cenário razoável e a realidade política. É inegável que o processo contra Dilma enfraqueceu ontem com a perícia apresentada por técnicos do Senado. A perícia sustenta que ela não teve responsabilidade pelo atraso de pagamentos do Tesouro ao Banco do Brasil pelo Plano Safra, no valor de R$ 3,5 bilhões, nem por um dos quatro decretos que ampliaram gastos do governo sem autorização do Legislativo.
Para os peritos, as fraudes fiscais cometidas por Dilma em 2015 se resumem a três decretos autorizando créditos suplementares, somando algo como R$ 2,3 milhões, um valor irrisório diante do trilionário Orçamento Nacional. Claro que as fraudes são resultado de uma prática que vinha pelo menos dos dois anos anteriores. Só em 2014, o Tribunal de Contas da União verificou irregularidaes que somaram R$ 106 bilhões. Mas Dilma está em julgamento pelas contas de 2015. Sua defesa afirmou que usará a perícia dos técnicos em seu favor.

Haverá nas alegações finais certamente um debate sobre a extensão das fraudes. A defesa insistirá na sua irrelevância, com base na perícia. A acusação chamará a atenção para a extensão total que consta do voto do senador Antônio Anastasia, que fala num impacto negativo no Orçamento de até R$ 1,8 bilhão, no total de seis decretos analisados para a emissão de créditos suplementares.


Ninguém conseguirá, contudo, negar que houve fraude, nem que Dilma foi a responsável, independentemente da extensão dos efeitos. É preciso lembrar que impeachment também é um processo político – serve para proteger o Estado, não para punir quem cometeu o delito em questão. Os senadores têm mandato para avaliar o histórico e as consequências do julgamento. A volta de Dilma ao poder abriria um período maior de incerteza, e sua condenação no Senado não elimina a possibilidade de absolvição na esfera criminal, como ocorreu com o ex-presidente Fernando Collor.

Mesmo que o crime de responsabilidade de Dilma pareça pequeno para alguns, ele não ocorreu num vácuo. É resultado do desleixo e da irresponsabilidade do governo petistas com as contas públicas ao longo de anos, cujo preço a economia brasileira ainda não terminou de pagar. Seu caso lembra, guardadas as devidas proporções, o processo nos anos 1930 contra o mafioso Al Capone. Ele fora responsável por milhões de dólares em roubo e por dezenas de assassinatos – mas no final acabou condenado por ter fraudado o Imposto de Renda.

Juiz mantém prisão de Paulo Bernardo e demais investigados na Custo Brasil

Decisão foi tomada após a oitiva de Guilherme Gonçalves, que seria o operador do ex-ministro no esquema que desviou cerca de R$ 100 mi de contrato do Ministério do Planejamento

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Preso na operação Custo Brasil, o ex-ministro Paulo Bernardo chega à sede da Polícia Federal, em São Paulo (SP)
Preso na operação Custo Brasil, o ex-ministro Paulo Bernardo chega à sede da Polícia Federal, em São Paulo (SP)(Eduardo Knapp/Folhapress)
Alvo da Operação Custo Brasil, o advogado Guilherme Gonçalves, que foi preso ontem após voltar de uma viagem a Portugal, foi ouvido na tarde desta segunda-feira na 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo. A oitiva de Gonçalves pelo juiz federal Paulo Bueno de Azevedo começou às 14h30 e terminou por volta das 15h30. Depois da audiência do advogado, o juiz decidiu manter presas todas as pessoas detidas na operação, incluindo o ex-ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff Paulo Bernardo, o ex-secretário de Gestão do prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) Valter Correia e o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, que se entregou à Justiça na sexta-feira.
"A decisão do juiz da 6ª Vara Criminal foi de que os motivos da prisão preventiva permanecem", disse o procurador da República Rodrigo de Grandis. Os dez presos pela Custo Brasil, deflagrada na quinta-feira passada, são acusados de participação no esquema de corrupção que desviou cerca de 100 milhões de reais em um contrato de gestão de empréstimos consignados do Ministério do Planejamento durante a gestão de "PB", como Bernardo é conhecido, entre 2005 e 2011.
Segundo o procurador, os presos continuarão detidos na sede da Superintendência da Polícia Federal na Lapa, Zona Oeste de São Paulo, onde deverão ser ouvidos até o fim desta semana. De Grandis acrescentou que o Ministério Público tem "vários elementos" para acusar os investigados. "Não só colaborações premiadas, mas elementos documentais, provas técnicas e e-mails", afirmou.
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O ex-vereador do PT Alexandre Romano, conhecido como Chambinho, foi o delator do esquema implantado na pasta para rechear os bolsos de Paulo Bernardo e irrigar o caixa dois de campanhas petistas, como as da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), mulher do ex-ministro. Chambinho listou em seus depoimentos de colaboração à Justiça como petistas das mais diversas matizes embolsaram dinheiro e receberam benesses a partir de favores políticos e desvio de recursos em estatais.
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Após a audiência de Gonçalves, seu advogado, Rodrigo Sánchez Rios, disse que seu cliente sempre agiu de forma transparente e que hoje falou ao juiz "sobre a origem dos contratos e os trabalhos que ele prestou para a Consist durante cinco anos". A Consist é a empresa apontada como responsável pela gestão fraudulenta do esquema de crédito consignado montado no Ministério do Planejamento. "Em nenhum momento, pela perícia que apresentamos, há uma retirada de dinheiro vultoso do escritório destinado a algum servidor público", disse Rios.
O advogado de Guilherme Gonçalves informou que amanhã deverá apresentar ao juiz um pedido de soltura junto de contratos entre o escritório de Gonçalves e a Consist. "A defesa insiste que isso [a prisão] é desproporcional e desnecessário. Não há nenhum dado que prove que, eventualmente, esse valor recebido por um advogado tenha sido repassado para um servidor público."
(com Agência Brasil)

Morre o ator Bud Spencer, ícone do western spaghetti

Italiano ajudou a popularizar o gênero ao lado de Terence Hill, nas décadas de 60 e 70

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O ator italiano Bud Spencer em maio de 2013
O ator italiano Bud Spencer em maio de 2013(Adam Berry/Getty Images)
Conhecido por suas duplas no cinema com Terence Hill, o ator italiano de western spaghetti Bud Spencer morreu nesta segunda-feira, aos 86 anos, em Roma. "Papai se foi serenamente às 18h15 (horário local). Não sofreu, tinha todos nós junto dele e sua última palavra foi 'obrigado'", afirmou Giuseppe Pedersoli, filho do ator, de acordo com a imprensa italiana.
Bud Spencer, nome artístico de Carlo Pedersoli, ficou conhecido por papéis carismáticos em alguns dos chamados western spaghetti, especialmente os humorísticos, junto com Terence Hill. Seu primeiro grande papel foi o do agressivo Nando do filme de Mario Monicelli Um Herói de Nossos Tempos (1957).
Em 1957, Pedersoli deixou a Itália rumo à América do Sul, onde trabalhou como operário da construção civil. E, após retornar a seu país natal, fez sucesso na música compondo para cantores como Ornella Vanoni e Nico Fidenco.
Seu retorno ao cinema foi com o título de Giuseppe Colizzi Deus Perdoa... Eu Não!, de 1967, que marcou o tipo de personagem que depois Spencer interpretaria, o do gigante gentil, mas muito bom de briga. Ao lado de Terence Hill, fez filmes como Os Quatro da Ave Maria (1968), A Colina dos Homens Maus (1969), Chamam-me Trinity (1970), Trinity Ainda é Meu Nome (1971), entre muitos outros.
Os atores Bud Spencer e Terence Hill no filme 'Trinity é o Meu Nome' de 1970
Os atores Bud Spencer e Terence Hill no filme 'Trinity é o Meu Nome', de 1971(VEJA.com/Reprodução)
Nos anos 1980, Bud Spencer voltou a trabalhar com Hill em produções que misturavam humor e ação, mas sem a ambientação do Velho Oeste, como Quem Encontra um Amigo, Encontra um Tesouro (1981), Dois Loucos com Sorte (1983), Eu, Você, Ele e os Outros (1984) - rodado no Rio de Janeiro - e Os Dois Super-Tiras em Miami (1985).
Nos últimos anos, o ator participou de algumas séries para televisão. Uma de suas últimas aparições foi em 2010, na TV, em uma série de ficção do Canale 5 chamada I Delitti del Cuoco (Os crimes do cozinheiro, em tradução direta).
Outras carreiras - Bud Spencer também quis investir na política e, em 2005, disputou as eleições regionais do Lácio, cuja capital é Roma, pelo Forza Itália, partido de Silvio Berlusconi, mas não foi eleito.
Antes de ficar mundialmente conhecido como ator, ele foi vinte vezes campeão da Itália de natação em provas medley e dos estilos peito e borboleta. Em julho de 1950, aos 20 anos, tornou-se o primeiro italiano a nadar os 100 metros medley em menos de 1 minuto.
Bud Spencer disputou dois Jogos Olímpicos, os de Helsinque, em 1952, e de Melbourne, em 1956. Além disso, praticou polo aquático, rúgbi e boxe.
Repercussão - O ministro da Cultura da Itália, Dario Franceschini, lamentou a morte de Bud Spencer. "Desaparece um grande ator de nosso cinema que, no curso de sua longa carreira, soube divertir gerações inteiras e conquistar o público com seu grandíssimo profissionalismo." O primeiro-ministro Matteo Renzi foi ao Twitter homenagear o ator. "Ciao #BudSpencer. Tantos gostávamos de você", escreveu.
(Com agências EFE e France-Presse)

Juros batem recorde e desestimulam consumo e investimentos no setor produtivo brasileiro

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
28/06/2016 - 06h00 - Atualizado 07h25
REFLEXOS – Maria Auxiliadora: “Sou lojista há 25 anos e posso dizer que nunca passamos por uma crise tão forte”
REFLEXOS – Maria Auxiliadora: “Sou lojista há 25 anos e posso dizer que nunca passamos por uma crise tão forte”
Os juros cobrados pelos bancos na tomada de crédito bateram recorde em maio. A taxa média cobrada ficou em 32,7% ao ano, o maior percentual da série histórica, iniciada em março de 2011. Só o incidente sobre o rotativo do cartão de crédito - a modalidade mais cara no país - chegou aos 471,3% em 12 meses, segundo boletim divulgado ontem pelo Banco Central (BC).
Nas operações de crédito pessoal para pessoas físicas, excluindo o consignado, os juros médios somaram 129,9% ao ano em maio. Já os consumidores que tomaram recursos emprestados na modalidade consignada (com desconto na folha de pagamentos), pagaram 29,6% ao ano.
“O brasileiro vive uma situação complicada. Ao mesmo tempo em que a renda foi achatada pela inflação e pelo desemprego, a tomada de crédito também ficou mais cara. E esse é o momento em que as pessoas mais precisam de empréstimos para bancar suas necessidades básicas”, afirma o economista da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Storfer.
De fato, a tomada de crédito por parte das pessoas físicas teve uma pequena elevação. Os bancos emprestaram para elas R$ 800 bilhões em maio, valor que superou em 0,5% o tomado no mês anterior. Mas esse aumento não significa um aquecimento para o comércio. Apenas indica que as pessoas estão com mais dificuldades para arcar com as despesas básicas.
Segundo o economista da Fecomércio Minas, Guilherme Almeida, a alta dos juros impacta negativamente sobre o consumo, principalmente de bens duráveis, que são mais caros. “O consumidor passa a ficar com temor de se endividar, principalmente em um contexto de crise”, diz.
A presidente da Associação dos Lojistas da Savassi, Maria Auxiliadora de Souza, já sente na prática esses reflexos. “Sou lojista há 25 anos e posso dizer que nunca passamos por uma crise tão forte. E, com certeza, que essa restrição do crédito tem parcela de responsabilidade sobre isso, porque tira dinheiro da praça”, afirma.
Mas não só o comércio sofre com essa realidade. O custo médio dos créditos às empresas, de todos os setores, ficou em 21,9% ao ano em maio, valor 3,1 pontos percentuais maior do que no mesmo período de 2015. Na prática, a alta tem sido mais um fator de desestímulo ao investimento no setor produtivo. “Com o custo do dinheiro mais alto, as empresas investem menos. Para o Brasil, significa um atraso na retomada do crescimento”, afirma Storfer.
Além disso
Levantamento divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) diz que a crise econômica que atinge o Brasil começa a perder fôlego. Apesar disso, ainda há um longo caminho para a recuperação do país, de acordo com o coordenador do Grupo de Conjuntura do Ipea, José Ronaldo Souza Júnior. Os dados constam na Carta de Conjuntura, que avalia dados econômicos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o Ipea, os sinais de que a crise está perdendo fôlego podem ser percebidos principalmente na indústria nacional. Além disso, a desvalorização do real ante o dólar, de acordo com o Ipea, beneficia o setor exportador brasileiro, principalmente nos segmentos têxtil, madeireiro e de calçados.
Além de aumentar a competitividade brasileira no setor externo, a desvalorização do real também está estimulando a substituição de importação na produção de alguns bens intermediários, ou seja, nos insumos usados pelo setor produtivo. Por outro lado, no entanto, a moeda nacional desvalorizada torna a importação de máquinas e equipamentos mais cara, prejudicando investimentos no setor produtivo.

Crise leva metade dos belo-horizontinos a deixar de pagar alguma conta em dia

Bruno Moreno
bmoreno@hojeemdia.com.br
28/06/2016 - 06h00 - Atualizado 07h31
Na casa da vendedora Cláudia Martins, 38 anos, fechar as contas do mês tem sido uma tarefa difícil, e não raro uma ou outra fatura fica para depois. Em tempos de recessão econômica, ela não é um caso isolado. Junto a ela está praticamente a metade (48,7%) da população da capital mineira, de acordo com pesquisa da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio), divulgada ontem.
O número é expressivo, já que em novembro de 2015, na última pesquisa realizada, o percentual de pessoas que deixavam de pagar alguma conta do mês era de apenas 5%.
De acordo com a analista da Fecomércio, Elisa Castro da Mata Ferreira, a diminuição da renda das famílias e a inflação levam à falta de planejamento e à inadimplência.
“Por isso, precisam recorrer a recurso financeiro para poder terminar de cumprir os gastos básicos”, avalia. A pesquisa começou a ser feita em 2013 e, segundo Elisa, nunca houve uma variação tão significativa.
O índice de pessoas que admitem recorrer ao financiamento para cobrir os gastos mensais saltou de 2,1% (novembro) para 42,1% (junho) .
A expectativa de Elisa Castro é a de que apenas em junho de 2017 os números devam retornar aos patamares verificados anteriormente.
Cláudia Martins trabalhou por muitos anos como vendedora em lojas de roupas na Savassi. Com o fechamento de vários estabelecimentos e também após o nascimento do filho, há 11 meses, ela não conseguiu voltar para o mercado formal de trabalho.

Por isso, decidiu vender paçoca e amendoim com leite condensado. A renda ajuda a arcar com as contas da casa e, às vezes, alguma compra do supermercado.
“Mas quando aperta mesmo, deixo de pagar a luz e até o condomínio”, lamenta. No entanto, apesar da dificuldade, ela não recorre a empréstimos, e também corta tudo o que não é básico.


Crise leva metade dos belo-horizontinos a deixar de pagar alguma conta em dia
Cláudia - Aperto para pagar despesas mensais
Lazer e Poupança

A pesquisa da Fecomércio também indicou que o morador da capital mineira tem destinado o dinheiro que sobra do orçamento mensal ao lazer (27,6%) e à poupança (26,1%).
No entanto, Elisa Castro enfatiza que normalmente a população poupa mais do que gasta com diversão, mas a renda está tão baixa que a opção de guardar dinheiro está perdendo espaço.

Trabalhar mais e gastar menos, estratégias para conseguir honrar os compromissos
Uma das medidas adotadas pelos belo-horizontinos para conseguir honrar as contas em dia é trabalhar um pouco mais. E é justamente isso o que faz o taxista Sander Alves, 56 anos.“Prefiro não atrasar o cartão, porque tem os juros mais altos de todos. Mas quando vejo que vai ficar apertado para pagar tudo, trabalho ainda mais aos finais de semana”, revela Sander.
A prática é adotada por 3,3% dos moradores da capital que responderam à pesquisa da Fecomércio.
O restante da população corta gastos com supérfluos, ou deixam de pagar alguma prestação, dentre outras ações. No entanto, Sander só consegue gerar mais renda porque é dono do carro. “Trabalho há 20 anos como taxista, e só há quatro anos sou proprietário”, revela.

Dívida

Já o estudante de Ciências Aeronáuticas Fernando Alexandre, 26 anos, tem uma dívida de R$ 2,3 mil com uma operadora de telefonia celular, e está tentando renegociar.

O valor é resultado de uma série de atrasos ao longo dos últimos anos. Natural de Cuiabá (MT), ele mora em Belo Horizonte há um ano e meio, e depende da ajuda dos pais.

Nesse período, o dinheiro enviado por eles não teve reajuste, porque a situação em casa também não está fácil. Por isso, Fernando teve que priorizar as contas essenciais, como a mensalidade da faculdade, moradia, alimentação e transporte.

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Pimentel adverte para risco de volta da ditadura no país

Orion Teixeira / 28/06/2016 - 06h00- Hoje em Dia
Orion TeixeiraQuatro dias após a operação policial que levou preso o ex-ministro Paulo Bernardo (dos governos Lula e Dilma), em Brasília, e cercou a sede de seu partido, em São Paulo, o governador Fernando Pimentel (PT) voltou a condenar o que chamou de criminalização da “atividade política” no país.
Apesar da importância das investigações contra a corrupção, o governador avaliou que os políticos, de maneira geral, de vereador a presidente da República, estão sendo tratados como “criminosos” pelo fato de terem mandatos e de estarem na vida pública.
Ele advertiu que, na democracia, não há caminho fora da política. “Fora dela é a ditadura, que nós já passamos por isso e não queremos mais”, disse ele, ontem, em evento público na Cidade Administrativa.
Ao contestar os excessos, o petista admitiu que malfeitos precisam ser punidos, após apuração com amplo direito de defesa. Em seus comentários, não ficou claro se fazia referência a alguma denúncia, ao impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) ou a operação policial.
Na última quinta-feira, a Polícia Federal (PF), por meio de mandado judicial, prendeu provisoriamente Paulo Bernardo no apartamento funcional da senadora Gleisi Hoffmann, sua mulher, e fez inspeções no local.
Senadores aliados e de oposição condenaram a ação, que teria desrespeitado o foro privilegiado da senadora, que só poderia (sua residência) ser alvo de investigação após aval do Supremo Tribunal Federal. No mesmo dia, forte aparato policial cercou a sede nacional do PT, em São Paulo, onde também fez buscas e apreensões. Há meses, o governador também é alvo de investigação da PF na Operação Acrônimo, que virou denúncia, ainda não aceita, pelo Superior Tribunal de Justiça.
Pimentel ainda comparou a situação da democracia brasileira àquele ditado popular segundo o qual “não podemos jogar fora o neném junto com a água do banho”. De acordo com a visão dele, a democracia brasileira seria o “neném”. “Temos que ter cautela. Valorizar a vida pública, valorizar quem defende os direitos da população”, acrescentou.
Reforma administrativa adiada
Mais um adiamento. Os 18 projetos de reforma administrativa do Estado, ou parte deles, não serão mais votados nesta terça. Novo acordo jogou tudo para a próxima semana, quando os deputados estaduais deverão aprovar o pacote fechado.

Marcos Valério abrindo o bico (Charge)

Charge O Tempo 28/06/2016 (28-06-2016)
Charge O Tempo 28/06/2016

Preço da comida dispara e faz o consumidor pesquisar mais

Custo de vida

De 145 itens alimentícios pesquisados pelo IBGE, 91 aumentaram mais que a inflação no ano

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Dificuldade. Vânia adotou a troca de produtos como regra, porque a renda não acompanha os preços
PUBLICADO EM 28/06/16 - 03h00
Quem foi ao supermercado comprar comida por esses dias teve dificuldade de comemorar o recuo de 0,4% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) na comparação entre junho e maio deste ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nas prateleiras, essa queda não é perceptível. “Subiu tudo: arroz, feijão, óleo, leite, café”, lista a dona de casa Renata de Castro, 44. O próprio IBGE confirma essa percepção. Entre os 145 itens alimentícios pesquisados pelo instituto, 91 apresentaram, no acumulado do ano, um aumento acima do IPCA-15, que foi de 4,62%. Alguns itens apresentam um aumento até dez vezes maior, como feijão carioca (54%), batata inglesa (47,6%) e mamão (77%).

“As pessoas falam muito do combustível que subiu, mas o problema maior é a comida. Até porque o combustível você para de colocar, mas não tem jeito de parar de comer”, avalia Renata. O jeito é pesquisar.

O professor de finanças do Ibmec Ricardo Couto explica que, no caso da comida, uma das dificuldades é justamente a limitação das substituições. “É o caso do feijão, que estamos vendo. A produção no país caiu, mas o consumo se manteve, e isso faz com que o preço dispare. E para o brasileiro é muito difícil abrir mão do arroz com feijão”, explica o professor.

A açougueira Rosali Alves do Nascimento, porém, abriu mão. “Hoje (ontem) não comprei feijão. Nesse preço, não comprei. Eu adoro, mas minhas filhas falaram que não precisava, então eu deixei. Tem que pesquisar para achar o preço menor também”, opina.

Para a dona de casa Vânia Rodrigues, 50, o consumidor deve trocar os produtos e levar os mais baratos. “Tenho trocado produtos, mudado de marcas, porque a minha renda não está acompanhando o aumento dos preços”, avalia.


Como funciona. Ricardo Couto explica que o IPCA-15 nem sempre reflete o aumento dos alimentos porque o preço do produto é influenciado por fatores como safra e demanda internacional. “O consumidor deve saber que o índice da inflação considera uma cesta ampla de produtos. Então, um produto pode ter subido muito de preço, mas o peso é pequeno no resultado final”, explica. Segundo Couto, alguns fatores ajudam para a baixa da inflação. “É o caso do dólar. Ele foi o grande vilão da inflação no ano passado. Mas, em 2016, com a estabilização, tem mantido alguns preços estáveis”, diz.
Perspectiva
Queda. Para o professor do Ibmec Ricardo Couto, a tendência é que a inflação comece a ceder. “Neste ano ela deve fechar em torno de 7% e caminhar para o centro da meta (4,5%) em 2017”, avalia.
Feijão subiu 125% nos supermercados de BH
O aumento dos preços dos alimentos é sentido por quem vai aos supermercados de Belo Horizonte e região metropolitana. Uma pesquisa do site Mercado Mineiro em 11 estabelecimentos da capital mostrou que, de janeiro a junho deste ano, o feijão carioca chegou a subir mais de 125%, passando de R$ 5,53 para R$ 12,49 o kg.

O feijão, porém não está sozinho. O molho de tomate de 340 gramas, segundo o estudo, subiu, no mesmo período, 88,89%, já que custava R$ 1,89 em janeiro, em média, e está R$ 3,57 em junho.

O aumento está gerando uma busca pelo menor preço nos supermercados. “No último domingo, estive em quatro supermercados, e hoje (ontem) estou em outro. Compro alguns produtos em uma loja e outros em outra, para garantir o menor preço”, afirma o comerciante Afrânio Maia, 61. Para a esposa de Afrânio, Maria Elisa Maia, os supermercados remarcam mais do que o necessário. “Eles colocam alguns produtos na promoção, mas descontam no preço de outro”, opina. (LP)