quinta-feira, 4 de abril de 2013

Aumentam em 35% as denúncias contra policiais no estado de SP

Relatório da ouvidoria mostra dados de denúncias contra PMs e civis.
É o maior número de denúncias recebidas nos últimos 17 anos.

Tatiana Santiago Do G1 São Paulo
PMs são denunciados à Ouvidoria (Foto: Fabio
Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Ouvidoria registra recorde de denúncias no Vale do Paraíba (Foto: Fabio Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo) O número de denúncias contra policiais civis e militares do estado de São Paulo subiu 35,87% entre os anos de 2012 e 2011. Segundo relatório da ouvidoria da Polícia foram registradas 7.455 denúncias no ano passado contra 5.487 em 2011.
Desde que a ouvidoria foi criada, em novembro de 1995, esse foi o maior número de denúncias recebidas e o aumento recorde dos últimos 17 anos.
Os policiais são investigados por maus-tratos, abuso de autoridade, tráfico de drogas, extorsão, desvio de dinheiro e apropriação indevida, ameaça, má qualidade no atendimento, entre outros.
Em 2012, 3.497 policiais civis e militares foram denunciados apenas na capital paulista, isso significa que 45% dos 7.749 casos registrados em todo o estado eram relativos à cidade de São Paulo. No entanto, nem todas as informações repassadas para a ouvidoria viraram denúncias.
O e-mail foi o principal meio usado pelos denunciantes, 45% usaram esse recurso. O telefone apareceu em seguida com 38%. Menos de 2% das denúncias foram feitas pessoalmente.
Dados
De 1995, quando a ouvidoria foi criada, até o ano passado, do total das denúncias recebidas, 13,3% foram sobre infração disciplinar, que totaliza 8.180.
No mesmo período, a má qualidade de atendimento aparece em segundo lugar no ranking com 7.836 denúncias ou 12,74%. Os homicídios aparecem na terceira posição com 5.842 casos, o que corresponde a 9,5% do total.
Expulsão
Um delegado, dois investigadores e um papiloscopista foram demitidos da Polícia Civil de São Paulo pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Os policiais civis foram acusados pela Corregedoria da Polícia Civil de envolvimento na tortura e morte de um preso dentro de uma delegacia em São Bernardo do Campo, no ABC, há dez anos.
A demissão do delegado Paul Henry Bozon Verduraz, dos investigadores Ricardo Milanez e Sergio Ferreira Barros Filho e do papiloscopista Samir Gushiken foi publicada nesta quarta-feira (3) no Diário Oficial do Estado de São Paulo. O advogado Luciano Anderson de Souza, que defende os policiais punidos, e o próprio delegado afirmaram que eles são inocentes das acusações e que irão recorrer da decisão.
Em 14 de fevereiro de 2003, o motoboy Alex Sandro Neto de Almeida, de 24 anos, estava preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Santo André porque era investigado pela participação do sequestro de seu patrão, dono de um restaurante em São Bernardo. O suspeito foi levado para prestar informações sobre o caso na delegacia especializada, mas acabou morrendo no local. Laudo do Instituto Médico-Legal (IML) em Diadema mostrou que o corpo de Alex tinha politraumatismos, fratura de uma costela e perfuração do pulmão esquerdo. A defesa alega que o motoboy sofreu um mal súbito e não foi agredido pelos policiais.
PM
Em 2012, a Corregedoria da Polícia Militar abriu cerca de 350 inquéritos para apurar a participação de policiais militares em homicídios. Ao todo, 324 PMs foram demitidos da corporação por atos irregulares no ano passado. Ainda segundo a Corregedoria, 21 policiais militares foram presos em flagrante por homicídio.
Mais três policiais militares foram presos administrativamente pela Corregedoria da Polícia Militar nesta terça-feira (2) por suspeita de participação na execução de dois jovens no Centro de São Paulo.
Ao todo, 11 PMs já foram detidos por suposto envolvimento no assassinato de um homem de 18 anos e de um adolescente de 14 anos no Brás. O crime, ocorrido na madrugada de 16 de março, foi gravado por câmeras de segurança.
As cenas mostram dois motociclistas com capacetes se aproximando das vítimas. Eles ordenam que os jovens erguam os braços e se virem de costas. Em seguida, atiram e fogem. Outra gravação mostra uma viatura da PM perto do local da execução no momento em que ocorriam os disparos.
Quatro dos 11 policiais militares detidos deverão ser soltos da prisão administrativa por falta de provas contra eles. Sete continuariam na Corregedoria à espera da conclusão da investigação criminal pela Polícia Civil.
 

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