05/04/2013 07h00
- Atualizado em
05/04/2013 07h00
Candidata havia sido excluída da 2ª fase de concurso da PM em MS.
Governo argumenta que concurso ocorre dentro da normalidade.
Indígena recorre à Justiça pelo direito de vaga em concurso em MS (Foto: Fabiano Arruda/G1 MS)
Uma candidata indígena da etnia terena conseguiu, na Justiça, reverter a
exclusão do concurso para oficial da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul,
que teve edital aberto em dezembro de 2012, com 20 vagas, e cota para
negros (10%) e índios (3%). Mirna Greff Lili, 31 anos, diz que se
inscreveu dentro das cotas, mas foi eliminada na segunda fase porque a
reserva de vagas não existia.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) afirmou ao G1, nesta
quinta-feira (4), que entrou em contato com a Secretaria estadual de
Administração (SAD), responsável pela organização do processo seletivo.
Não foi informado pelo órgão o motivo da eliminação da candidata. Foi
dito apenas que, apesar do mandado de segurança, o processo seletivo
continua normalmente e não há problemas com o edital.
A candidata contou ter feito a inscrição como indígena e teve o
cadastro confirmado dentro das cotas. Ela passou na prova escrita e no
dia 8 de março foi chamada para fazer uma entrevista e conferência de
documentos para comprovação da descendência indígena. Após o
procedimento, o servidor que a atendeu disse que não haveria a reserva
de vagas e não soube dizer se o nome dela constaria entre os
selecionados para as próximas fases.
Foi explicado, conforme a candidata, que não havia vagas para
indígenas, já que, conforme a lei estadual que rege os concursos
públicos, apenas 3% das vagas são cotizadas para esse público.
No dia 18 de março, saiu a lista convocando os inscritos para o teste psicotécnico e o nome de Mirna não constava.
A norma em questão é o decreto 13.141 do dia 31 de março de 2011.
Conforme o texto, na aplicação do percentual será desprezada a fração.
No caso de Mirna, 3% de 20 corresponde a 0,6%, o que, ignorando-se a
casa decimal, dá zero vaga.
Dessa forma, a indígena não seria convocada para as fases seguintes.
Foi então que decidiu recorrer à Justiça. “Fui atrás dos meus direitos.
Entrei em contato com um advogado e entramos com mandado de segurança”.
O desembargador Mauro Moreira Marinho, da 4ª Seção Cível do Tribunal de
Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ/MS), aceitou o pedido no dia 14 de
março e determinou que a candidata continuasse na disputa.
Com isso, Mirna Greff conseguiu prosseguir no processo seletivo, ainda
que o caso dependa de uma análise final da Justiça, visto que a
autorização foi em caráter liminar. O exame de avaliação psicológica
ocorreu no dia 24 de março e ela foi aprovada. Agora, aguarda o exame de
saúde previsto para ocorrer no dia 23 de abril.
Até o fim
A indígena, que nasceu numa aldeia que fica num distrito da cidade de Aquidauana, a 143 quilômetros de Campo Grande, considera doloroso e frustrante o processo judicial que a mantém no concurso, além de definir como vergonhoso. No entanto, diz que não vai abrir mãos dos direitos. “Vou até o fim".
A indígena, que nasceu numa aldeia que fica num distrito da cidade de Aquidauana, a 143 quilômetros de Campo Grande, considera doloroso e frustrante o processo judicial que a mantém no concurso, além de definir como vergonhoso. No entanto, diz que não vai abrir mãos dos direitos. “Vou até o fim".
A terena também diz ver o episódio como oportunidade de melhorar de
vida. “Quero ajudar meus pais, que sempre tiveram uma vida difícil.
Quero dar orgulho para eles”, afirma. “Minha indignação é também por
causa dos outros indígenas. Não quero que eles passem pelo que eu
passei”.
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