Mercado
Atraso e falência de construtoras acirram perigo para 85% das vendas na capital mineira
Razão. Pequena oferta de terrenos hoje não justificaria unidades em construção mais caras que prontas
PUBLICADO EM 30/03/14 - 03h15
Comprar imóveis na planta em Belo Horizonte pode sair mais caro do que
adquirir um pronto para morar. Além do risco de atraso, a opção por um
imóvel que nem começou a ser construído pode acarretar prejuízos
irreparáveis, caso construtora ou incorporadora decretem falência. O
alerta parte do presidente da Comissão de Direito Imobiliário da seção
mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), Kênio Pereira.
Segundo Pereira, de cada cem imóveis vendidos hoje na capital, 85 são
negociados na planta ou em fase de construção. A parca oferta de
terrenos na capital mineira e a supervalorização dos que restam, ainda
de acordo com o especialista no mercado imobiliário, não justificam a
oferta de unidades ainda na planta pelo mesmo preço ou mais caros de um
imóvel já finalizado.
“A lógica sempre foi outra. É o valor da unidade já pronta que define
até quanto pode ser pago por um terreno”, diz Pereira. “Não há como o
proprietário de um terreno exigir um valor exorbitante, pois atender sua
ganância inviabiliza a venda das unidades e os construtores sabem
disso, uma vez que eles pagam o valor justo pelos lotes”, completa ele.
Com casamento marcado para o fim de 2015, o advogado Luiz Felipe
Barbosa, 30, e a fisioterapeuta Andréia Gonçalves Silva, 28, procuram há
quatro meses um apartamento e constataram que o preço de imóveis na
planta não difere tanto dos prontos para morar.
“A diferença mínima que encontramos nesse contexto é de 90%”, diz
Barbosa, revelando que até mesmo a localização, o padrão e a área são
bastante similares.
“Observamos essa situação até mesmo em imóveis da mesma construtora.
Acho que valerá mais a pena comprar um pronto para morar”, constata.
Sem lançamentos. Os
lançamentos em baixa, afirma Kênio Pereira, são o principal fator que
leva as construtoras a não se preocuparem em vender de imediato as novas
unidades. “Essa situação é estranha, pois os preços atualmente não
estão subindo bem acima da inflação, como ocorreu no período de 2006 a
2011 e que gerou excelente lucratividade para quem investiu na planta
naquela época”, acrescenta o especialista.
Atrasos
Estimativa. Segundo
a CMI/Secovi, é difícil precisar a média de imóveis atrasados porque
são dados das construtoras. A estimativa é de menos de 1/4 de imóveis
com obras atrasadas em BH.
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