Governo
Transformada em braço do partido , instrumento de política econômica e foco de corrupção, a empresa resistirá à gestão petista, mas vai demorar para recuperar a excelência
DEU NO QUE DEU - A refinaria, no Texas, e o ex-presidente
Gabrielli: análise do TCU revela que a diretoria não calculou custos
básicos embutidos no negócio, assumiu todo o risco sozinha e pôs a
estatal nas mãos dos belgas
(Sérgio Lima/FOLHAPRESS)
Mais que um retrato a óleo do Brasil, a Petrobras sempre foi o
orgulho de todos os brasileiros. Não apenas mais um daqueles símbolos
ufanistas sonoros e coloridos, de aves que por aqui gorjeiam e verdes
inigualáveis, mas como ponta de lança do progresso, exemplo de
meritocracia, laboratório de alta tecnologia, carreira dos sonhos dos
jovens mais brilhantes e indutora do crescimento econômico. Há onze anos
essa complexa e bilionária estrutura funciona sob o comando do PT,
partido no governo, que detém o controle executivo e gerencial da
empresa. Nem o mais ardoroso militante petista pode, em sã consciência,
afirmar que a Petrobras está em melhores condições agora do que antes de
2002. Não há lente ideológica capaz de produzir hoje uma imagem
animadora da Petrobras.
O consenso dos analistas da indústria petrolífera é que a Petrobras
está soçobrando sob a bateria de abusos de que vem sendo vítima. É
consenso também que o potencial da Petrobras é tão grande que, deixada
em paz pelo governo, em pouco tempo retomará a trajetória que fez dela,
no auge, uma das empresas petroleiras mais valiosas do mundo. Mas
abusaram do aparelhamento político da Petrobras, transformando-a em uma
fonte de escândalos de corrupção. A Petrobras foi feita de ferramenta
para tentar corrigir erros absurdos de política econômica, sendo
obrigada a amargar prejuízos bilionários para segurar os preços do
diesel e da gasolina nas bombas e, assim, mascarar a inflação. O
resultado é desastroso para a empresa e para o Brasil. Se não tivesse
sido submetida a esse sacrifício, teria cumprido seu bilionário plano de
investimentos, responsável por 1% do PIB brasileiro. As reportagens que
se seguem narram histórias relacionadas a essa lenta demolição — que
precisa ser estancada logo.
-
O PLANO ERA ENRIQUECER
O vice-presidente da Câmara, o petista André Vargas, e o doleiro Alberto Youssef, operador da quadrilha que atuava na Petrobras, associaram-se para fraudar contratos no governo — e, juntos, ganhar uma fortuna -
O CLUBE DOS CORRUPTOS
Para fazer negócios com a Petrobras, empresários precisavam pagar pedágio que variava de 300 000 a 500 000 reais -
AÇÃO ENTRE AMIGOS
Em depoimento, o mensaleiro Marcos Valério revelou que a Petrobras foi usada para financiar negócios do PT -
FEITO PARA DAR ERRADO
Documento do TCU mostra que o contrato de aquisição da refinaria de Pasadena tinha tantos furos que o rombo bilionário na Petrobras era o único desfecho possível -
A COLÔMBIA DÁ LIÇÕES AO PT
Com foco nos resultados e livre do uso político pelo governo do momento, a Ecopetrol desbancou a Petrobras como modelo de gestão para as estatais petrolíferas da América Latina
Nenhum comentário:
Postar um comentário