Pesquisa
Estudo internacional mostra um crescimento de 65% na importação de armamentos do país
PUBLICADO EM 06/04/14 - 03h00
O gasto com armamentos do Brasil está aumentando vertiginosamente. Nos últimos cinco anos, somente em equipamentos de grande porte, o país gastou – ou prometeu pagar – mais de R$ 40 bilhões por cinco submarinos franceses (um deles com propulsão nuclear), 36 caças de combate com velocidade supersônica suecos e 2.044 tanques (cuja nacionalidade é uma incógnita.
Graças a essas e outras aquisições, as importações do país aumentaram
65% nos últimos cinco anos (em comparação com os cinco anteriores).
Nesse mesmo período, as importações bélicas em todo o mundo aumentaram
somente 14%. Segundo informações do Ministério da Defesa, o gasto total
com armamentos subiu 243%.
Esse aquecimento do setor bélico brasileiro é um cenário com o qual o
país não está acostumado. Antes de 2008 (e desde o fim da Ditadura
Militar), as Forças Armadas contavam com pouquíssimos investimentos e
não havia perspectiva de uma mudança. Porém, a situação começou a mudar
em 2008, com a publicação do Decreto n° 6703, assinado pelo
ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. O decreto aprovava a Estratégia
Nacional de Defesa (EAD), que previa a “transformação das Forças
Armadas” para “melhor defenderem o Brasil.”
Com o incentivo, o setor começou a receber investimentos – em grande
parte necessários – para substituir equipamentos antigos. O
encorajamento ao armamento do país não parou por ali.
Em 2012, a presidente Dilma Rousseff assinou a Lei nº 12.598/12 que
“estabelece normas especiais para compras, contratações e
desenvolvimento de produtos e de sistemas de defesa”. Entre outras
regalias, há a desoneração para o setor de Defesa, dos impostos IPI,
Pis/Pasep e da Cofins.
O aumento considerável que vemos no setor de Defesa hoje é resultado
dessas políticas, e ele não passou despercebido pela comunidade
internacional. Em seu último relatório de Tendências na Transferência
Internacional de Armas de 2013, o Instituto de Pesquisa pela Paz
Internacional de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês) chama a atenção
para o aumento na compra de armas praticado pelo Brasil e um de seus
pesquisadores sênior, Siemon Wezeman questiona que uso o país teria para
um submarino com propulsão nuclear. “Me parece que o dinheiro que está
sendo gasto na compra e operação de novos equipamentos seria mais
bem-utilizado em outras áreas”, disse à reportagem de O TEMPO.
É em meio a esse aquecimento sem precedentes do setor bélico que o
ministro da Defesa Celso Amorim declarou, no último mês, que o país
precisa de realocar mais recursos para as Forças Armadas. “As
necessidades são muitas, sobretudo se o Brasil quiser ter a projeção
nacional que deseja e se quiser defender seus recursos e soberanias sem
depender de ninguém”, disse Amorim à “Folha de S.Paulo”. O ministro
viaja neste mês à Suécia para finalizar a negociação de compra dos caças
Gripen.
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