25/03/2014 09:04 - Atualizado em 25/03/2014 09:04
Frederico Haikal/Hoje em Dia
Agentes serão afastados do trabalho por pelo menos 30 dias
A vulnerabilidade de unidades que integram o sistema de segurança
pública mineiro facilita a ação de bandidos que, cada vez mais ousados,
invadem quartéis e batalhões da Polícia Militar e até anexos de prisões
para roubar armas. Na segunda-feira (24), criminosos atacaram a Central
Integrada de Escoltas, junto ao Presídio Antônio Dutra Ladeira, em
Ribeirão das Neves, na Grande Belo Horizonte, e furtaram 45 armas, além
de farta munição.
Para especialistas, a ação comprova que traficantes, homicidas e
ladrões de banco estão sendo “abastecidos” por armas exclusivas das
forças de segurança.
Desde 2011, pelo menos três unidades da PM, além do Fórum de Contagem,
foram invadidos com essa finalidade. Uma carabina, um fuzil e uma
pistola semiautomática roubados em outubro de 2013 da 180ª Companhia da
PM, em Vespasiano (RMBH), foram usados na execução do advogado Jayme
Eulálio de Oliveira, de 37 anos, dias depois. Cinco militares chegaram a
ser afastados do trabalho suspeitos de envolvimento no caso.
Para o vice-presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado estadual Sargento
Rodrigues, servidores podem estar ajudando bandidos. O desvio de conduta
de agentes públicos, diz, fortalece quadrilhas organizadas, colocando
em risco policiais e a população.
“Não acredito em fragilidade do sistema e sim na conivência de
servidores nesses furtos, principalmente no paiol de armas da Dutra
Ladeira”, disse, citando o episódio de segunda. Segundo ele, as próximas
72 horas serão cruciais para a localização dos armamentos. “Se não
forem recuperados até lá, será mais uma prova da fragilidade do
sistema”.
O coordenador do Centro de Pesquisa e Segurança Pública da PUC Minas,
Luiz Flávio Sapori, diz que a vulnerabilidade foi percebida pelos
criminosos, que agem sem medo. Enquanto isso, os policiais são incapazes
de proteger os próprios equipamentos e locais de trabalho.
Para Sapori, a situação é grave e há falhas na vigilância do estoque de
armas nas unidades prisionais e até nos quartéis. “É um grande vexame. A
Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) tem a obrigação de revelar
o que aconteceu e prender os envolvidos”, afirma, completando que a
corrida deve ser contra o tempo. “Essas armas já estão sendo negociadas
no mercado negro. Durante a Copa do Mundo, os fuzis e as pistolas
poderão ser usados”.
Presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária de Minas
Gerais (Sindasp), Adeílton de Souza Rocha confirma a situação. Segundo
ele, a entidade denunciou à Seds a necessidade de melhorias na Central
de Escoltas, antes da inauguração, em maio de 2013, mas nada teria sido
feito para solucionar a questão.
“No local não há muro de proteção, iluminação ou policiamento. Além
disso, apenas uma cerca de arame farpado isola o imóvel. E uma rua de
terra dá acesso direto à BR-040, o que facilita a ação dos bandidos”.
Ponto a ponto
O Hoje em Dia teve acesso aos nomes dos agentes que estavam de plantão
na Central de Escoltas. São eles: Mauro Santana (coordenador); Sidnei
Souza Abreu; Marcos Tadeu Alves; Alan Máximo Pinto; Marcos Ferreira dos
Santos; Milton Gomes da Silva; Marco Antônio Rodrigues Nogueira; Edney
Ramos da Silva e Alan Pereira.
Todos ficarão afastados por 30 dias, prorrogáveis por mais 30,
dependendo do andamento das investigações. A Corregedoria da Seds apura
se houve desvio de conduta de funcionários.
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