quarta-feira, 11 de março de 2009

ciência e saúde

11/03/09 - 06h03 - Atualizado em 11/03/09 - 08h11

Cientistas britânicos descobrem o 'peixe-drácula'

Criatura de 17 mm de comprimento vive em um córrego em Myanmar e tem duas presas feitas de osso.

Da BBC

Pesquisadores do Museu de História Natural de Londres (NHM, em inglês) descobriram um peixe com presas feitas de osso.


A criatura, apelidada de "peixe-drácula", tem cerca de 17 milímetros de comprimento e foi encontrada em um único córrego em Myanmar.


Os cientistas acreditam que um processo evolucionário levou o peixe a perder os dentes e, mais tarde, fez com que ele desenvolvesse presas de ossos.

Foto: BBC
Peixe com presas feitas de osso foi encontrado em córrego em Myanmar. Segundo pesquisadores, machos usam as presas para empurrar os outros peixes sem machucá-los. (Foto: BBC)

Em artigo na revista Proceedings B, da Royal Society, os pesquisadores disseram que os machos usam as presas para empurrar os outros peixes mas sem machucá-los.


"Quando você os observa em cativeiro, pode ver os machos lutando", disse Ralf Britz, do NHM. "Eles exibem a mandíbula inferior, incrivelmente aberta, e depois cutucam um ao outro, mas não se vê nenhum ferimento."


Britz, que trabalha com fauna birmanesa há mais de dez anos, deu à espécie o nome de Danionella dracula, em homenagem ao famoso personagem com presas.


As minúsculas criaturas chegaram à Grã-Bretanha em um lote de peixes de aquário e, inicialmente, os pesquisadores pensaram que se tratava de exemplares de uma espécie próxima, já conhecida.


"Depois de um ano e pouco em cativeiro eles começaram a morrer e, quando eu os coloquei em preservativo e examinei sob o microscópio, pensei: 'Meu Deus, o que é isto? As presas são feitas de osso", disse Britz.


"E quando eu olhei os detalhes, tingi o osso e a cartilagem com cores diferentes e usei uma enzima para dissolver o músculo, eu vi claramente que não eram dentes."


Ao invés de ossos de mandíbulas parecia que eles tinham desenvolvido fileiras de protuberâncias que se pareciam com dentes e, supostamente, tinham a mesma finalidade. E os machos tinham presas extraordinárias.


Os pesquisadores usaram dados obtidos pelo DNA para classificar a nova criatura e concluíram que a linhagem perdeu os dentes há cerca de 50 milhões de anos.


A nova espécie foi comparada a outras da mesma família e os cientistas observaram que, aparentemente, o peixe-drácula atinge a maturidade sexual antes mesmo de seu organismo ter se desenvolvido totalmente. Eles acreditam que a reprodução prematura pode ser mais bem sucedida e, portanto, benéfica para a espécie.


A criatura possui 44 ossos a menos do que o mais estudado de seus parentes, Danio rerio, também conhecido como peixe-zebra ou paulistinha.


Os cientistas reconhecem que demorou para perceberem que o peixe-drácula era uma espécie nova. Eles sugerem que é possível que outras pequenas criaturas com presas grandes estejam nadando em outros aquários sem que as pessoas consigam identificá-las como exemplares de Danionella dracula.


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