Precisão do exame sugere que quantidade total de LDL não é sinal de risco
Exame de colesterol com laser (Foto: Divulgação)
Nada como olhos treinados de um pesquisador. O professor Antônio Figueiredo, do Instituto de Física da USP, trabalha com cristais líquidos há mais de 20 anos, mas jamais tinha visto a imagem do colesterol LDL, conhecido como mau colesterol. Quando viu, fez uma simples observação que pode mudar radicalmente o tratamento do colesterol realizado hoje em dia.
“Achei a imagem muito parecida com os constituintes básicos de cristal líquido, que vinha estudando”, ele conta. “E me perguntei se através de um exame com laser conseguiria ter os mesmos resultados de visualização, de que tinha com os cristais líquidos”.
A única forma de saber era testar e foi o que o professor e sua equipe fizeram. Nos laboratórios da USP, eles trabalham com equipamentos com laser, cuja luz amplifica o sinal e permite isolar partículas uma das outras. Para satisfação dos pesquisadore, eles comprovaram as semelhanças do LDL com cristais líquidos, e conseguiram separar as partículas nativas – puras, que não causam perigo - das alteradas, estas sim, mais temidas. Conclusão? Ao contrário do que é dito hoje, Figueiredo afirma que a quantidade total de LDL, não é o diferencial de risco. “O que coloca as pessoas em perigo é a fração alterada do LDL, seja por radicais livres, bactérias ou estresse, etc, e a combinação desta fração com outros elementos”, explica.
Esta precisão, inédita, poderia mudar o tratamento do colesterol imediatamente, não fosse a burocracia. É que os estudos fizeram parte de uma tese de doutorado e, por isso, não podem ser patenteados. “Chegamos ao limite do estudo na USP, o resto agora depende da iniciativa privada”, diz o professor. O pior é que a descoberta pode ser patenteada e desenvolvida por outros países antes do Brasil. “É uma pena. Inventamos e provavelmente teremos que comprar de outro”, lamenta Figueiredo.
Fonte: http://redeglobo.globo.com/globouniversidade/noticia/2011/07/exame-com-laser-feito-na-usp-pode-mudar-o-tratamento-do-colesterol.html
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