Outra vez correndo risco de processo de cassação, o ex-militar reage agredindo a presidenta da República e insinuando que ela seria uma ladra
Deputados do Psol,do PT, do PSB e do PPS protocolaram esta semana um
requerimento junto à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados pedindo
abertura de processo disciplinar contra o deputado Jair Bolsonaro
(PP-RJ) por quebra de decoro parlamentar. Esta é a segunda representação
contra o deputado proposta por seus pares nesta legislatura. E, outra
vez, em entrevista ao Congresso em Foco, Bolsonaro
reagiu à notícia à sua maneira. Ao responder sobre o episódio, o
deputado ex-militar partiu contra a presidenta Dilma Rousseff,
insinuando que ela é uma ladra. “Por que ninguém pergunta o que ela fez
com o dinheiro que roubou quando era militante?”, perguntou Bolsonaro. É
a segunda vez que Bolsonaro agride a presidenta. Em novembro, ele
insinuou, em discurso no Plenário, que Dilma seria homossexual:
“Dilma, pare de mentir. Se gosta de homossexual, assuma. Se o teu
negócio é amor com homossexual, assuma. Mas não deixe que essa covardia
entre nas escolas de primeiro grau”. Bolsonaro referia-se ao material
sobre homofobia que seria distribuído nas escolas.
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A reação contra Dilma veio em seguida a uma avaliação de que a
Comissão da Verdade, instituída para esclarecer episódios obscuros
ocorridos durante a ditadura militar, seria uma farsa. “Eles indicam só
quem eles querem, estão garimpando as testemunhas. Nessa discussão não
há espaço para o contraditório”, afirmou o deputado para quem a comissão
só ouvirá críticos ao regime militar. “Esta é a comissão da mentira. É
como na comissão nacional, em que a principal interessada nisso, a
presidenta Dilma Rousseff, é quem escolherá os integrantes. E ela
deveria ser a primeira a ir lá depor”.
A representação contra Bolsonaro, à qual ele respondeu com a agressão
à presidenta da República, é consequência da acusação de que ele teria
agredido verbalmente um funcionário da Câmara, o secretário da Comissão
de Direitos Humanos, Márcio Araújo. De acordo com o documento, Bolsonaro
tentou impedir a realização da primeira reunião de subcomissão da
Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara que visava recolher
informações para contribuir com os trabalhos da Comissão Nacional da
Verdade. Realizada na terça-feira (3), a comissão ouviu ex-integrantes
do Exército brasileiro, que combateram guerrilheiros no Araguaia.
Os militares exigiram que a sessão fosse realizada em um espaço
reservado e restrito aos parlamentares e assessores técnicos da Casa
porque disseram estar sofrendo constantes ameaças. Segundo a
representação, Bolsonaro, que não é membro da CDH e nem da Comissão da
Verdade, atrapalhou a reunião saindo e entrando no plenário, “tentando
atrair a imprensa, no claro intuito de mostrar sua inconformidade com a
deliberação dos parlamentares em realizar aquela reunião”.
Os deputados presentes também informaram que Bolsonaro tentou, sem
sucesso, obter a lista com os nomes dos depoentes da mesa da secretaria.
Em seguida, o deputado agrediu verbalmente o secretário da comissão,
Márcio Araújo. Quando ele tentou intervir: o deputado do PP respondeu:
“A conversa não chegou ao chiqueiro”. De acordo com a representação, o
secretário teria alertado Bolsonaro de que não era permitido fotografar a
sessão, pois era fechada.
Gravação na TV
Em conversa com o Congresso em Foco, Bolsonaro
confirmou a declaração, mas explicou que falou rispidamente com o
secretário porque ele impediu que uma servidora da comissão entregasse a
ele a relação dos depoentes. Após o episódio, Bolsonaro tentou fazer
uma foto do servidor, que, segundo o parlamentar, o agrediu para tomar a
câmera fotográfica de sua mão. “Quando ele proibiu a funcionária, deu
vontade de ir atrás dele, mas eu ia ser acusado de agredi-lo. Então,
pedi a um assessor que buscasse a máquina fotográfica para eu poder me
defender. Foi aí que a confusão começou. Antes, estava tudo tranquilo”,
explicou.
Para sua defesa, Bolsonaro afirmou que pedirá as gravações feitas
pela TV Câmara, que segundo ele, mostram o momento em que o secretário
da comissão negou o espelho da pauta ao parlamentar. “Pelo menos o áudio
terá que ser repassado ao Conselho de Ética. Eu não posso ser julgado
pelo que aconteceu em uma sessão secreta”, afirmou.
Para o deputado, o fato de a reunião ter sido filmada revela que a
comissão não tem legitimidade. “Eu já fiquei indignado porque sessão
secreta é para vocês da imprensa. Se é sessão secreta por que a câmera
da TV Câmara estava com a ‘luzinha’ acesa?”, questionou ao Congresso em Foco.
Segundo o texto da representação, Bolsonaro infringiu o artigo 5º do
Código de Ética e Decoro Parlamentar ao “pertubar a ordem das sessões da
Câmara ou das reuniões das comissões, praticar atos que infrinjam as
regras da boa conduta, praticar ofensas físicas ou morais nas
dependências da Câmara e revelar conteúdo de debates ou deliberações que
a Câmara ou comissão hajam resolvido ficar secretas”. A Corregedoria da
Câmara analisará a representação e decidirá se encaminha ou não a
representação ao Conselho de Ética da Casa, que pode pedir a abertura de
processo por quebra de decoro contra Bolsonaro.
http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/bolsonaro-pergunta-%E2%80%9Co-que-dilma-fez-com-o-dinheiro-que-roubou%E2%80%9D/
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