Novos depoimentos revelam que o acusado de contravenção Fred Arbex pagava para manter jogo e caça-níqueis
Maurício de Souza
Segurança foi reforçada nos corredores da ALMG, durante depoimento dos denunciantes do esquema
Cinco policiais
confirmaram, nesta segunda-feira (23), em depoimento à Comissão de
Direitos Humanos da Assembleia, o pagamento de propina à cúpula das
polícias Militar e Civil por bicheiros de Juiz de Fora, na Zona da Mata.
A Polícia Federal entrou no caso e o presidente da Comissão, deputado
Durval Ângelo (PT), disse que existem suspeitas de que mais de um juiz
estaria envolvido no caso. Como o Hoje em Dia revelou,
denúncias dão conta de que o acusado de contravenção Frederico Arbex
pagava semanalmente propina aos policiais para que permitissem a
exploração de máquinas caça-níqueis e do jogo do bicho. Os policiais
afirmaram que o coronel reformado da Polícia Militar Anselmo Fernandes,
hoje secretário do prefeito Custódio Mattos (PSDB), de Juiz de Fora,
comandava o esquema.
“Tem um juiz envolvido. Esse juiz já foi punido pelo Conselho Nacional
de Justiça (CNJ), uma punição suave. A punição foi administrativa de uma
suspensão por ter liberado irregularmente o Arbex. Mas foi uma denúncia
de que o juiz estaria no caixa do Carlinhos Cachoeira de Minas Gerais.
Também há suspeita de que poderiam ter outros juízes envolvidos”,
afirmou Durval. Os quatro militares e um policial civil ouvidos, na
última segunda-feira (23), tiveram a identidade mantida em sigilo. Seis
policiais da Assembleia fizeram a segurança dos denunciantes. Os
corredores do Legislativo, no setor onde eram colhidos os depoimentos,
chegaram a ser isolados. O juiz punido pelo CNJ é Murilo Sá. Ele
continua a receber os vencimentos, de cerca de R$ 20 mil, apesar de ter
sido afastado do trabalho. A reportagem não conseguiu contato com ele.
De acordo com o deputado Sargento Rodrigues (PDT) – um dos responsáveis
por ouvir os policiais –, também compareceu à audiência Renato Bossali,
que se disse ex-sócio de Arbex. Ele informou que o lucro com o jogo do
bicho era de R$ 60 mil mensais. Desse total, conforme o deputado
Sargento Rodrigues, R$ 4 mil eram revertidos aos policiais por semana.
Um dos militares alega que chegou a receber proposta de R$ 15 mil para
entrar na quadrilha. Depois, passaria a repartir os R$ 4 mil semanais
com os colegas. “Tivemos esse sócio que fez essa avaliação. Ele foi
sócio por um ano e meio. É muita grana que corre lá”, afirmou o
pedetista.
O Ministério Público acompanhou os depoimentos. Rodrigues pediu à
promotora presente à sessão que avaliasse a evolução patrimonial dos
policiais acusados de corrupção. “Tivemos dois policiais falando que o
major está construindo uma mansão avaliada em R$ 1 milhão em um
condomínio de luxo. Que o capitão que é presidente do inquérito Policial
Militar está construindo uma casa de luxo e outras duas. Será que o
salário deles é compatível com a evolução patrimonial? Claro que não”,
afirmou. O major denunciado é Renato Prestes, que nega ligação com o
jogo do bicho. O capitão é Yosho Yamaguchi. Apesar de ser acusado de
pertencer ao esquema do contraventor, ele é responsável pelo inquérito
militar, que apura justamente a corrupção policial. No telefone fixo da
PM, não foi fornecido o número do capitão.
Na última segunda-feira, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Juiz
de Fora informou que mantém no comando do Departamento Municipal de
Limpeza Urbana o coronel Anselmo. Já o coronel negou as acusações,
porém, preferiu não entrar em detalhes. “Já falei tudo que tinha para
falar”, resumiu. Ele se disse indignado com as denúncias.
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