- Data de publicação Terça, 26 Junho 2012 00:36-Ilustrações: Google Images
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de
São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, divulgou nesta
sexta-feira que havia um plano para matar o promotor criminal José
Heitor dos Santos, que atuou por 15 anos na cidade de Mirassol e foi
transferido no ano passado para Rio Preto. O plano teria sido motivado
por vingança ao trabalho de Santos, que investigou irregularidades na
administração municipal de Mirassol.
Segundo a investigação, o promotor seria assassinado a tiros de fuzil
no caminho entre o Fórum de Rio Preto e sua casa. Dias antes da
divulgação do plano, Santos tinha mudado o trajeto, e poucas pessoas
sabiam da alteração.
O Gaeco, que é do Ministério Público, ouviu cinco suspeitos de
envolvimento com o plano, entre eles o ex-prefeito de Mirassol Odelson
Fernandes de Souza, que foi preso em abril. Ele estava foragido e é
acusado de corrução. Souza teria exigido propina de credores para
liberar pagamentos no período em que foi prefeito, entre 1998 e 2000.
Ele negou participação no plano.
Também prestou depoimento o sindicalista e candidato a prefeito Marco
Rogério Fanelli (PTN), que também negou participação. Procurado pelo
Terra, ele não foi localizado em sua casa.
Foram ouvidos ainda um policial civil e um ex-servidor público de
Mirassol, que também fariam parte do grupo interessado na morte do
promotor. O ex-servidor seria o idealizador do plano e a pessoa que
compraria o fuzil, e possivelmente quem executaria o plano a mando de
comparsas. Ele também negou as acusações.
Segundo o promotor João Santa Terra, do Gaeco, o esquema chegou ao
conhecimento do MP por uma testemunha que diz ter presenciado conversas
entre os suspeitos, em setembro de 2011, em um posto de gasolina em Rio
Preto. "Um deles dizia que iria matar o promotor e falou como isso seria
feito", disse o promotor.
As imagens do sistema de segurança do posto mostram o ex-servidor
conversando com o ex-prefeito no mesmo dia. "Os acusados confirmaram que
são eles nas imagens, mas negaram o teor das conversas", disse Santa
Terra. Chamada a depor, a testemunha confirmou tudo.
Ao tomar conhecimento da denúncia, o Gaeco solicitou à Procuradoria
Geral da Justiça que tomasse medidas de segurança e o promotor passou a
ser escoltado por dois policiais militares. Em conversa com colegas, ele
revelou que vinha recebendo ameaças e comentou que estava sendo
perseguido por estranhos que rodeavam sua casa. O promotor também foi
vítima de um acidente em que as rodas do seu carro caíram sem aparente
explicação.
Decepção
Os promotores não escondem a decepção com colegas do Judiciário. De
acordo com Santa Terra, o Gaeco entrou com pedido de busca e apreensão
para tentar apreender armas na casa dos suspeitos, mas o pedido foi
negado pelo Juizado da 2ª Vara Criminal de Rio Preto. Segundo Santa
Terra, outra decepção é com a legislação brasileira, que não prevê
punição para casos como esse.
"Mesmo que a gente comprove que eles fizeram um plano para matar
nosso colega ou que foram autores das ameaças, não temos como puni-los",
disse. De acordo com Santa Terra, o Gaeco deverá colher novos
depoimentos de outras testemunhas e fazer diligências para concluir as
investigações sobre o caso.
DELEGADOS.com.br
Revista da Defesa Social & Portal Nacional dos Delegados
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