quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Exército faz cerco rígido ao uso do dinamite para evitar crimes

 Entra em vigor em novembro portaria do Exército que fixa regras mais rígidas para quem fabrica, comercializa, transporta ou usa dinamite. Meta é acabar com roubos do produto

Paula Sarapu - estado de Minas
Publicação: 16/08/2012 06:43 Atualização: 16/08/2012 08:06

 (Moisés Silva/EM/DA Press)

A onda de explosões a caixas eletrônicos que assusta principalmente Minas Gerais, São Paulo e Paraná fez o Exército baixar uma portaria endurecendo as exigências às indústrias, mineradoras, pedreiras e empresas que armazenam explosivos. Por causa da facilidade que permite até a menores conseguir dinamite, a partir de novembro todos os depósitos deverão apresentar um rígido esquema de segurança, cumprindo determinações como a instalação de câmeras de monitoramento, plano detalhado de transporte para esse tipo de carga e até o uso de cães, quando for o caso. A iniciativa do Exército é uma tentativa de diminuir o número de explosões de caixas eletrônicos, uma vez que a polícia não tem conseguido êxito no combate a esse tipo de crime.
No primeiro semestre, de acordo com dados da Divisão de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército, a produção de explosivos chegou a 21.175 toneladas em todo o país. Em Minas, onde a Polícia Civil investiga 169 ataques a caixas eletrônicos com uso de dinamites até 1° de agosto, as empresas compraram 3.715 toneladas de explosivos, quase 15% do total, neste mesmo período. É uma quantidade expressiva de dinamite, o que preocupa as autoridades da área de segurança.

Minas tem 997 empresas autorizadas pelo Exército a armazenar, usar, produzir ou comercializar produtos controlados. Segundo o Comando Militar da 4ª região, responsável pelo estado – exceto Triângulo Mineiro –, elas são fiscalizadas a cada dois anos para a renovação do certificado de registro. Quando há irregularidades na documentação ou depósito de explosivos de maneira inadequada ou pouco segura, a empresa é autuada e multada com valores de R$ 500 a R$ 2.500, quantia referente à pré-interdição. O registro pode ser cassado na última instância, cancelando o direto da empresa de usar e guardar explosivos.
De acordo com a nova portaria, o plano de segurança deve ser assinado por um responsável técnico. Até então, somente a empresa, como pessoa jurídica, era responsabilizada. As normas anteriores já previam pelo menos um vigilante e preservação de limites e distâncias de segurança para edificações, ferrovias, rodovias e outros depósitos, mas a nova regra obriga a instalação de um sistema eletrônico de monitoramento capaz de captar e gravar imagens de toda movimentação de pessoal na área de manuseio de material explosivo.
Exige, ainda, a definição de procedimentos de revista pessoal na entrada e saída desses galpões; instalação de alarmes e meios de comunicação por rede fixa, celular ou rádio com uma empresa de segurança ou órgão de segurança pública; e apresentação de um croqui com a localização das barreiras, cercas e muros. No plano de transporte, o Exército quer a especificação dos trajetos e rotas utilizadas, a quantidade de paradas, horários previstos, pessoal envolvido no deslocamento da carga explosiva e, em alguns casos, até rastreamento do veículo por satélite e escolta. O plano de segurança tem validade de um ano e deve ser seguido sob pena de pagamento de multa e cassação do certificado de registro.
Legislação alterada
A portaria altera a legislação de 2000 e foi publicada pelo Comando do Exército em Brasília em 10 de maio. As empresas e indústrias têm 180 dias para se adequar, prazo que se encerra na primeira quinzena de novembro. A partir de então, o 4° Comando Militar seguirá um cronograma de fiscalização nas empresas mineiras, exigindo o cumprimento da medida. Para as fábricas, a mudança está na comercialização de explosivos 100% rastreáveis, com chip ou código de barras, permitindo que se possa identificar a origem do material em caso de furtos, roubos e desvios.
De acordo com o coronel Wilton Lopes, do Centro de Comunicação Social do Exército em Brasília, a legislação é atualizada de acordo com os anseios da sociedade. “A portaria se adapta à realidade nacional e às questões que preocupam a sociedade. Nesse caso tem a ver com os reflexos nas explosões de caixas eletrônicos. A ideia é ter um controle mais efetivo nas pedreiras, mineradoras e fábricas, rastreando os explosivos e tornando mais difícil o desvio desse material”, explica o oficial.

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