sábado, 1 de setembro de 2012

Cidades do interior de Minas também contarão com bafômetros

Cem medidores devem ser comprados até o fim do ano, 30 deles neste mês, para serem usados em Betim, Contagem, Juiz de Fora, Valadares e Uberlândia, inicialmente só nos fins de semana

Valquiria Lopes -Estado de Minas
Publicação: 01/09/2012 06:00 Atualização: 01/09/2012 07:10

Na capital, blitzes da campanha começaram nos fins de semana e passaram a ser realizadas diariamente (Marcos Vieira/EM/D.A Press %u2013 23/9/11)
Na capital, blitzes da campanha começaram nos fins de semana e passaram a ser realizadas diariamente
Belo Horizonte vai deixar de ser a única cidade entre os 853 municípios mineiros a ter estrutura conjunta para prevenir e punir a mistura álcool e direção. Até o fim do ano, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) vai comprar 100 etilômetros para levar as blitzes da Lei Seca também para o interior. Betim e Contagem, na região metropolitana, além de Juiz de Fora (Zona da Mata), Governador Valadares (Vale do Rio Doce), Uberlândia (Triângulo) e Montes Claros (Norte), estão na lista de municípios escolhidos para ter – nos fins de semana – as ações coordenadas da campanha “Sou pela vida, dirijo sem bebida”, implantada na capital em 14 de julho de 2011.
Até o fim de setembro, 30 bafômetros devem ser adquiridos, por meio de licitação, para início das operações e vão se somar aos equipamentos já existentes nessas cidades. As equipes locais vão receber ainda notebooks para consultas on-line dos prontuários de veículos e condutores e para lavrar as ocorrências em caso de infração ou crime de trânsito. A expectativa do governo do estado é de que até 2013 a campanha seja estendida para mais 12 cidades, cobrindo assim os 18 municípios que formam as Regiões Integradas de Segurança Pública (Risps).
Conforme o cronograma, as ações começam neste mês em Uberlândia, município que com 361.040 veículos detém a maior frota entre as seis do grupo. Em outubro, Montes Claros, Betim e Contagem iniciam as operações integradas, o que está previsto para ocorrer em novembro em Governador Valadares e em dezembro em Juiz de Fora. Antes da implantação, policiais civis e militares serão treinados para adotarem protocolos de atendimento já implantados na campanha em Belo Horizonte. O Corpo de Bombeiros e a Guarda Municipal dessas cidades serão convidados a participar das ações, que são coordenadas pelas polícias Militar e Civil.
Entre os critérios levados em consideração pela Seds para escolha dos municípios estão os números da população, da frota de veículos e de acidentes, como explica o subsecretário de Integração das Polícias da Seds, Robson Lucas da Silva. “Levantamos um somatório de fatores para escolher esses municípios, que estão entre os maiores de Minas. Com o aumento da população e da quantidade de veículos, os acidentes de trânsito acabam sendo uma consequência”, diz Robson Lucas.
Para o subsecretário, inaugurar o serviço no interior é um avanço na mudança de cultura sobre a combinação álcool e volante, já que no interior a permissividade com a bebida alcóolica no trânsito é mais perceptível. “Infelizmente, grande parte dos moradores das cidades do interior interpretam como um fato natural fazer uso de álcool e volante, bem como outras infrações de trânsito, como dirigir sem cinto de segurança. Queremos mudar essa mentalidade”, afirma.
Em defesa da expansão
Mas para mudar o entendimento da população, especialistas defendem que a fiscalização organizada deve ser expandida para todo o estado e não somente para seis cidades, além da capital. “Sem dúvida, esse é um avanço, mas infelizmente ainda muito pequeno. O álcool é o fator mais importante nos acidentes de trânsito com morte e é preciso agir com rigor em todos os lugares”, destaca o professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Davidson Pires de Lima.
A defesa médica baseia-se nas alterações que o álcool provoca no organismo. Ele explica que os reflexos são alterados com qualquer quantidade de bebida e quanto maior a dose, pode aumentar a gravidade do acidente e a severidade da lesão. Lima se posiciona a favor da legislação que pune o motorista que infringe a legislação de trânsito e dirige embriagado. “Se fosse um legislador, agiria da mesma forma. Temos que prevenir crimes de trânsito com legislações rígidas e punições para o motorista infrator”, frisa.
Já o engenheiro civil e consultor em transporte e trânsito Silvestre Andrade, que também considera tardia a implantação, explica que não há como pensar em Operação Lei Seca em Belo Horizonte sem tratar de toda a região metropolitana. “Os municípios são uma extensão da capital. Temos pessoas morando em uma cidade e trabalhando em outra e consequentemente vindo ou passando por Belo Horizonte. Embora as blitzen possam pegar limites de município, é sempre interessante agir em cada um deles”, diz.
O subsecretário concorda com os especialistas e diz que as primeiras inaugurações atendem regiões estratégicas de segurança pública que replicarão o trabalho para as cidades das regiões integradas de segurança pública. Ele destacou, no entanto, que existem restrições orçamentares e que o trabalho precisa ser feito seguindo o cronograma.

Nenhum comentário: