quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Pagamento em dia vira tarefa difícil com onda de greves

Além da paralisação nas transportadoras de valores, o que deixa caixas sem dinheiro, Correios também param

Paula Takahashi -
Publicação: 12/09/2012 06:00 Atualização: 12/09/2012 06:45
Pagar as contas em dia vai se tornar uma prova de fogo para os consumidores. Primeiro, os empregados das empresas transportadoras de valores pararam, deixando centenas de caixas eletrônicos sem dinheiro. Agora, os Correios também decretaram greve por tempo indeterminado para reivindicar reajuste salarial de 43,7%, comprometendo a entrega das correspondências. Por fim, os bancários agendaram para hoje assembleia de trabalhadores em todo o Brasil para que possa ser aprovada paralisação da categoria a partir da próxima terça-feira.
Há mais de uma semana, o Sindicato dos Empregados em Empresas de Transporte de Valores do Estado de Minas Gerais (Sintrav-MG) decretou greve para pressionar alta de 27% dos salários. Com a mobilização, mais de R$ 200 milhões já deixaram de ser distribuídos às agências bancárias da Grande BH. Ontem, uma das três empresas que aderiram ao movimento retomou as atividades, o que não impediu que máquinas permanecessem desligadas em algumas agências, enquanto outras apresentavam restrição de saques e cédulas. “Vamos levar para assembleia amanhã (hoje) a proposta do juiz de reajuste de 6,5%, mas não acreditamos que será aprovado”, explica Emanoel Sady, presidente do sindicato, ao se referir ao percentual apresentado em audiência de conciliação com as empresas, realizado na segunda-feira. Ele calcula que as duas empresas que ainda estão paradas sejam responsáveis por mais de 50% do abastecimento da capital.
Quem também não aceitou as condições apresentadas pelo patronal foram os funcionários dos Correios, que começaram a parar ontem. Minas Gerais e Pará foram os primeiros estados a aderir ao movimento, com estimativa de que 17 mil funcionários já tenham cruzado os braços. Em nota, a Federação Nacional dos trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) afirmou que assembleias em outros estados estão previstas para os dias 18 e 25, com expectativa de novas adesões. Em Minas, o resultado do primeiro dia foi animador para o sindicato. “Pelo menos 25% dos empregados já aderiram ao movimento na Grande BH, com pico na área de distribuição, onde cerca de 60% dos carteiros pararam”, calcula a diretora do Sindicatos de Trabalhadores dos Correios de Minas Gerais, Irani Fernandes. Segundo os Correios, 98% do efetivo continuava trabalhando. A empresa oferece reposição da inflação de 5,2%.
Também em campanha salarial, o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), considerou insuficiente a proposta dos bancos de ajuste de 6% dos salários apresentada em 28 de agosto. O sindicato ainda aguarda avanço nas negociações com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) até o dia 17 para que a nova proposta seja apresentada durante a assembleia. Além do aumento de 10,25%, a categoria reivindica piso salarial de R$ 2.416,38, além de participação nos lucros e resultados de três salários.
Metalúrgicos
Os metalúrgicos de Betim e região ameaçam endurecer as negociações com as empresas do polo automobilístico concentrado em torno da Fiat. “A conversa não caminha com proposta de 4,5% de reajuste, que sequer repõe a inflação. Pleiteamos 12%”, afirma o presidente do sindicato, João Alves de Almeida. Ontem, trabalhadores atrasaram em 30 minutos a produção da Magna, empresa de autopeças. “Novas mobilizações nas portas das fábricas serão realizadas até o dia 18”, afirma Alves.

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