Crescem
37% em Minas o número de reclamações contra as polícias militar e
civil. Reclamações contra serviço de saúde crescem 51% em Minas. A
Agência Nacional de Saúde suspende a venda de 301 planos de saúde no
país devido ao crescimento do número de reclamações de empresas que não
estavam cumprindo os prazos de atendimento.
As três notícias divulgadas nos últimos dias por este jornal têm em
comum o crescimento do número de reclamações de uma população que vinha
se destacando em todo o mundo por sua passividade. Somos um povo que,
embora tenha apoiado a campanha pela Lei da Ficha Limpa, raramente saiu
às ruas para protestar contra a corrupção. Ou contra leis que facilitam a
concentração de riqueza ou contra a comercialização de agrotóxicos e de
transgênicos, entre tantas outras questões que, se causam indignação,
esta fica restrita ao âmbito familiar ou, no máximo, é compartilhada com
os amigos.
É possível que o brasileiro não tenha o hábito de reclamar porque não
acredita que suas reclamações encontrarão resposta efetiva das
autoridades para corrigir os erros. Em vários momentos da nossa história
– e quem não se recorda dos “caras pintadas” que exigiam a saída do
presidente Collor, acusado de corrupção? – multidões saíram às ruas em
manifestações, sem qualquer êxito para a solução de seus problemas. Não
foram raros os casos em que tais manifestações de massa tiveram maus
resultados para o país, como aquelas que precederam a tomada do poder
pelos militares em 1964.
Apesar disso, as reclamações estão aumentando. Na sexta-feira (5) o Hoje em Dia informou
que todos os dias pelo menos oito pessoas registram reclamações na
Ouvidoria de Polícia de Minas Gerais. Foram 1.981 reclamações nos
primeiros oito meses deste ano. O que terá motivado os que se deram a
esse trabalho? O aumento da violência, a exigir um trabalho melhor da
polícia? É possível. Só em agosto último, foram registrados 3.576 casos
de homicídios, roubos, sequestros e estupros na Região Metropolitana de
Belo Horizonte. Em julho, foram 3.293 crimes violentos nos mesmos
municípios.
Ou terá crescido, na melhor das hipóteses, a credibilidade da
população nas autoridades responsáveis por apurar as reclamações
recebidas? Qualquer que seja o motivo, o importante é que parece haver
um despertar da cidadania entre nós. É possível até que esse sentimento
tenha reflexos amanhã nas urnas, para que sejam eleitos os melhores
candidatos. Que assim seja!
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