segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Ser gordo e saudável é melhor do que ser magro e fora de forma

Saúde
Paradoxo da obesidade diz que condicionamento vale mais que peso
Publicado no Jornal OTEMPO em 15/10/2012

HARRIET BROWN
The New York Times
FOTO: DJAMILA GROSSMAN/THE NEW YORK TIMES
Malhação. Segundo pesquisas médicas, é melhor se manter em forma e um pouco acima do peso do que ser magro
Nova York, EUA. As pesquisas de saúde realizadas com foco na obesidade descobriram um fato que está intrigando até mesmo os pesquisadores. O chamado paradoxo da obesidade indica que pacientes moderadamente obesos, com certas doenças crônicas, frequentemente vivem mais e melhor do que pacientes de peso normal com as mesmas doenças. O acúmulo de evidências nesse sentido está inspirando especialistas a reverem a associação entre a gordura corporal e doenças.
Os especialistas estão buscando explicações para isso. Uma das hipóteses é que, uma vez desenvolvida uma doença crônica, o corpo precisa de reservas maiores de energia e calorias do que precisaria normalmente. Se os pacientes não têm essas reservas, eles podem ficar desnutridos até se seu peso estiver normal. A tese é do diretor do programa preventivo de cardiologia da Universidade da Califórnia, Gregg Fonarow.
Ou, talvez, as pessoas magras que desenvolvem diabetes, doenças cardiovasculares e outras condições crônicas tenham variações genéticas que as tornam mais suscetíveis e as colocam em maior risco, quando elas ficam doentes.
Além disso, muitos pesquisadores abordam a obesidade medindo o índice de massa corporal, que não leva em consideração a gordura do corpo, as anormalidades metabólicas ou outras nuances da compleição física.
Qualquer que seja a explicação para o paradoxo da obesidade, a maioria dos especialistas concorda que as descobertas jogaram luz sobre o papel da gordura corporal. "Manter a boa forma física é tão bom quanto manter o peso. Mas, se for para priorizar um deles, os dados indicam que é melhor se manter em forma do que se manter magro. A boa forma parece um pouco mais protetora para a saúde do corpo", recomenda um dos primeiros a documentar o paradoxo, o médico Carl Lavie.

Traduzido por Raquel Sodré
Localizada
Gordura no abdômen é a mais prejudicial de todas
Nova York. Pesquisas que consideram isoladamente o peso e a forma física também mostram que estar gordo e em forma é melhor do que ser magro e com um mau preparo físico. Segundo estudo recente da Universidade de Sidney, exercícios aeróbicos regulares podem não levar à perda de peso, mas reduzem a gordura no fígado, onde ela pode causar o maior dano metabólico.
O endocrinologista da Escola de Medicina da Universidade de Boston, Neil Ruderman, foi o primeiro a identificar uma condição que ele chamou de "peso normal metabolicamente obeso", em 1981. As pessoas com essa condição estão dentro dos níveis normais de índice de massa corporal (IMC), mas também têm anormalidades metabólicas. Elas tendem a ter gordura abdominal, mais propensa a afetar o coração e o fígado do que a gordura acumulada nos quadris e coxas.
A epidemiologista Katherine Flegal analisou dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição dos EUA e descobriu que os maiores riscos de morte estavam associados a estar ou abaixo do peso ou morbidamente obeso. Os menores riscos de mortalidade estavam entre aqueles na categoria de sobrepeso - com IMC entre 25 e 30 -, enquanto uma obesidade moderada - entre 30 e 35 de IMC - não ofereceu riscos maiores do que os das pessoas que estavam na faixa da normalidade.
"Na maioria das vezes, o preparo cardiovascular é um fator mais importante na predição de riscos de morte do que somente saber seu peso", diz o diretor do Centro de Pesquisa de Estilos de Vida Saudáveis, Glenn Gaesser. (HB/NYT)

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