Blog da Renata
FREDERICO VASCONCELOS DE SÃO PAULO -
O coronel reformado da PM Paulo Telhada, 51, eleito vereador pelo PSDB
com a quinta maior votação de São Paulo, teme que a facção criminosa PCC
vire uma espécie de Farc, grupo guerrilheiro terrorista que atua na
Colômbia. Em 2009, ele foi nomeado comandante da Rota (grupamento de
ações ostensivas da Polícia Militar) pelo ex-secretário Antonio Ferreira
Pinto.
Para
ele, a troca de comando na Secretaria da Segurança Pública --Fernando
Grella Vieira assumiu em novembro-- "vai prejudicar muito" o combate ao
crime organizado. Folha - Como o sr. avalia a votação que recebeu? Paulo
Telhada - Uma grande e grata surpresa. Nunca havia me candidatado.
Havia me preparado para 50 mil votos. Quando recebi 89 mil, fiquei
apavorado... Aumenta muito a responsabilidade. Qual é o perfil do seu
eleitor? Muitas pessoas idosas me ligaram. Jovens que também me
acompanham prometeram o seu primeiro voto. Qual foi a influência da
corporação militar na votação? Foi 90%. As pessoas votaram em mim não
porque sou o Telhada, mas porque sou o coronel Telhada, que estava
comandando a Rota. Como será sua atuação na Câmara Municipal, uma vez
que a segurança pública é competência do governo estadual? Pretendo
trabalhar com a Guarda Civil Metropolitana, procurar a melhoria
salarial, aumentar o efetivo. Eduardo Knapp/Folhapress Paulo Telhada,
eleito vereador pelo PSDB, tem 36 mortes no currículo e diz sofrer
ameaças contantes Como viu a mudança no comando da Segurança Pública?
Com tristeza. Antonio Ferreira Pinto foi o melhor secretário de
Segurança Pública que São Paulo já teve. Antes de eu assumir a Rota, em
2009, qual era o combate ao crime organizado? A saída dele vai
prejudicar muito o combate ao crime organizado. A polícia está perdendo a
guerra contra o crime? A polícia nunca perde a guerra contra o crime. O
crime joga sujo e a polícia é obrigada a jogar dentro da lei. Como o
sr. avalia os assassinatos de PMs e pessoas comuns? Entendo a morte de
mais de cem policiais como uma retaliação do crime organizado. Os
líderes, quem não estava preso, morreram trocando tiros com a polícia.
Como o sr. analisa o agravamento da crise da segurança? Em três anos, o
crime organizado foi praticamente desestruturado. [Eles] Partiram para o
tudo ou nada. Começaram a atacar PMs de folga, aposentados. O bandido é
covarde. Não ataca o policial na viatura. Tenho medo que o PCC vire um
partido político, uma Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia].
A população aprova a Rota? A população adora a PM, adora a Rota. É
unanimidade. Qual a diferença entre a Rota de Maluf e a Rota de Alckmin?
Não existe Rota de Maluf. Como é um cara muito esperto, prega que a
Rota é criação dele. Não é verdade. A Rota é muito mais minha, que fui
comandante da Rota, ele não. Ferreira Pinto disse que a Rota de Maluf
era mais sangrenta... Eu vejo a polícia [hoje] muito mais preparada. A
Rota da época do Maluf vivia noutro mundo. Muita coisa mudou. Como o sr.
avalia o episódio que levou o repórter André Caramante, da Folha, a
deixar o país, sob ameaças? A integridade física dele o preocupa? Não,
não. Ele é responsável pelo que faz. Eu é que sou ameaçado de morte todo
dia. Fui criticado em todos os jornais, na internet: "Repórter ameaçado
pelo coronel". É uma grande mentira. Eu sou [chamado de] nazista,
fascista. Estou sofrendo um patrulhamento ideológico terrível. Falam aí
que tenho 36 mortes, quero saber onde arrumaram esse número. É mentira. E
o sr. tem quantas mortes? Não sei, eu nunca contei. Não faço essa
conta. Aconteceu, estou vivo, graças a Deus. Eu, que passei a vida
combatendo o crime, sou chamado de criminoso. Estou respondendo
inquérito policial.
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