Personagem de Giovanna Antonelli em 'Salve Jorge' inspira mulheres a entrar na polícia. Carreira exige diploma de Direito e concurso público.
Elas são lindas, jovens e poderosas... E andam armadas! Cada vez mais
mulheres assumem cargos de comando nas polícias brasileiras. O ambiente
ainda pode ser masculino, mas isso está mudando e elas têm a força.
Doutora Elisa, carioca de 31 anos, é lutadora de vale tudo e pós-graduada em Ciências Criminais.
Doutora Renata, mineira de 32 anos. Entre uma sessão e outra de pilates, faz treinamento intensivo de tiro.
A gaúcha doutora Elizângela tem mestrado, doutorado e dois livros sobre drogas e crimes sexuais.
Doutora Marcela, lutadora de boxe tailandês que já mostrou sua rotina em uma série sobre mulheres da lei.
O que essas belas mulheres têm em comum? A profissão: são delegadas de polícia.
É cada vez mais comum ver mulheres se formando para delegadas nas academias de polícia do país. No Rio de Janeiro, no último concurso para delegado de polícia, dos aprovados, 30% são mulheres.
“Sou delegada de polícia há 15 anos. Quando entrei essa realidade era
um pouco diferente. O percentual de mulheres vem aumentando na polícia”,
diz Jéssica de Almeida, diretora da Academia de Polícia.
Em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, 28% dos delegados de polícia hoje são mulheres. No Pará, esse índice chega a 36%.
Na novela ‘Salve Jorge’, a delegada Helô, personagem da atriz Giovanna Antonelli, reflete um pouco essa nova realidade.
“O charme das delegadas é poder ser feminina em um ambiente tão
masculino e ser respeitada pelo sexo oposto, já que a mulher viveu
tantos anos submissa”, afirma a atriz.
“Hoje em dia, o perfil da Polícia Civil está mudando. Não existe mais
aquela imagem do delegado truculento, mais velho”, avalia Renata
Fagundes.
A doutora Andréa Ferreira tem 25 anos e poderia até ser confundida com
uma modelo, mas ela comanda uma delegacia inteira em Taquara, no Rio Grande do Sul. “A equipe A vai entrar por trás da casa e a equipe B entra pela frente. Tudo certo? Então vamos nos arrumar”, coordena Andréa.
“A Academia de Polícia praticamente muda a nossa mentalidade de
enfrentar o medo. Então o medo acaba ficando em segundo plano”, diz a
delegada.
Quando elas estão em uma operação de rua, a beleza fica um pouco
escondida por debaixo do uniforme, mas na delegacia é diferente.
“Roupa de trabalho não tem decote. Eu evito usar calça jeans, procuro
roupas mais sociais. Sapato alto sempre, 24 horas, porque eu sou mulher.
A gente não pode esquecer que, independentemente da profissão, a gente é
mulher, vaidosa. Sempre o distintivo”, conta Marcela Ortiz.
“Unha, cabelo... A gente tenta cuidar. Acho que a questão da
apresentação pessoal da gente também é importante”, diz Elisangela
Reguelin.
“As pessoas ainda se surpreendem. Ficam, no primeiro momento,
surpresas, sem palavras. Elas ficam olhando, por exemplo, ‘eu pedi para
falar com o delegado’. Poxa, é ela a delegada? É ela que vai chefiar?
Será que ela tem capacidade? Mas quando você começa a se colocar, a
tomar as decisões corretas e mostrar o seu conhecimento jurídico...”,
conta Marcela.
“A gente tem que acertar, que ser competente, tem que mostrar que sabe o
que está fazendo para que as pessoas confiem na gente”, afirma Elisa.
“Acho que mais do que os homens”, avalia Marcela.
“Somos testadas o tempo todo e precisamos acertar o tempo todo. O menor erro perde a confiança”, diz Elisa.
Preconceito no trabalho e nos relacionamentos amorosos. Marcela conta
que já perdeu namorado por causa da profissão. “Aqueles homens mais
machistas, ou homens mais inseguros, não ficam muito tempo. Eles se
afastam”, completa Elisangela.
“Tem uma mistura de medo e, ao mesmo tempo, tesão naquela mulher ali,
que de repente tira uma arma da perna”, acredita Giovanna Antonelli.
“A arma tem que ficar no corpo. Agora está na bolsa porque está filmando, não vou ficar com ela aqui”, diz Renata Fagundes.
“O pessoal sempre tem curiosidade de saber o que a gente traz dentro da
bolsa. Telefone, escova de cabelo, tem a nossa pistola”, enumera
Elisangela.
Por que está aumentando a procura pelo cargo de delegada da polícia? “A
gente vem de uma polícia de enfrentamento para uma polícia que está
buscando a paz, uma polícia de pacificação. Eu acho que essa polícia
mediadora tem muito a ver com o papel da mulher. Essa delegada traz para
esse ambiente policial uma harmonia e uma capacidade de solucionar
conflitos. A mulher está percebendo que o cargo de delegado é bastante
feminino”, avalia Jéssica de Almeida.
“O que tem de mulher dizendo ‘eu vou fazer concurso para delegada por
sua causa, por causa da Helô’... Está virando ‘in’ ser delegada”,
comemora a atriz.
Se você se animou, não pense que é fácil. É preciso se formar na
faculdade de Direito, prestar concurso público. “A gente estuda
bastante. São concursos longos, que duram praticamente um ano e meio”,
diz Andréa. Mas só pode assumir uma delegacia, se passar na formação da
Academia de Polícia. “Para aprender a atirar, defesa pessoal e depois de
um ano e meio, dois anos, a gente se forma em delegada. Tem que estudar
muito não só antes de fazer o concurso, como durante e depois”, diz
Andréa.
A atriz Giovanna Antonelli conta o que descobriu da vida de delegada de
polícia, que surpreendeu. “Hay que endurecer, pero sem perder ternura
jamais. É verdade, né?”.
Um comentário:
Legal, independente de quem seja o delta, se for competente e resolver os problemas. Porém, faltou um pouco de seriedade no tipo do celular usado pela delegada na delegacia. Com orelha de coelhinho porra!!!
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