quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Mal caiu e energia da Cemig já pode ter reajuste de 11,23%

Choque
Consulta pública vai determinar novo percentual, que valerá em abril
Publicado no Jornal OTEMPO em 30/01/2013

PEDRO GROSSI
FOTO: LEO LARA/23.11.2011
Energia.A Cemig atende a cerca de 95% dos consumidores mineiros e terá revisão tarifária
A partir de abril deste ano, os consumidores mineiros de energia elétrica poderão tomar um choque. A celebrada redução de 18,14% na conta de luz dos consumidores da Cemig poderá ser de apenas 8,95% depois do dia 8 do referido mês. Na manhã de ontem, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou uma revisão tarifária que prevê alta de 11,23% para clientes residenciais do Estado. Para a indústria, haveria nova queda, dessa vez de 2,51%. Na média, a alta seria de 6,36%.
A revisão das tarifas é periódica e geralmente já está prevista nos contratos de concessão. Essa revisão não tem nenhuma relação com a lei 12.873, de janeiro deste ano, que determinou as quedas nas tarifas de energia com base no novo modelo proposto pelo governo federal para renovação das concessões de usinas.
Levando em conta a redução de 18,14% e a possível alta de 11,23%, para o consumidor o saldo será de queda de 8,95% - bem menor do que a esperada. Assim, a tarifa mais barata para os consumidores da Cemig, no patamar prometido pelo governo federal, durará apenas cerca de três meses.
É importante ressaltar que esses novos reajustes ainda terão de passar pelo crivo público antes de entrar em vigor. No dia 27 de fevereiro (ainda sem horário nem local definidos), acontecerá na capital uma audiência pública para discutir o tema. A partir do dia 31 de janeiro, pelo site da Aneel (www.aneel.gov.br) será possível enviar contribuições a essa proposta.
"Quero saber que critério foi utilizado para esse reajuste indecente", diz o deputado federal Weliton Prado (PT). Segundo ele, a tendência observada na Aneel para esse processo de revisão tarifária era de nova queda. "O próprio diretor geral da Aneel (Nelson Hubner) me disse que a tendência era de queda. Quem sugeriu esse reajuste foi o diretor Edvaldo Alves de Santana e quero saber dele qO deputado promete uma grande mobilização contra o reajuste. "Não pode ficar assim. Leva a gente a pensar se não foi o poder econômico da Cemig que determinou esse absurdo".
O especialista em energia Raimundo de Paula Batista Neto diz que, possivelmente, o reajuste já leva em conta a utilização das termelétricas, que são muito mais caras do que a energia hidrelétrica. "Se houve necessidade de utilização das termelétricas, a concessionária precisa arcar com os custos usando seu capital de giro e só será remunerada na próxima revisão tarifária", explica. "Se houver utilização de termelétricas em 2013,em função da queda nos níveis dos reservatórios, o próximo reajuste será pesado e, talvez, isso já esteja sendo antecipado".
Por meio de nota, a Cemig informou que, "por enquanto, não irá se pronunciar a respeito desses valores".
Previsão
Minas terá o menor percentual
Até o momento, calculando o impacto do 3º Ciclo da Revisão Tarifária da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nas reduções possibilitadas pela lei 12.783, sancionada na semana passada e que promoveram reduções de 18% a 25% nas tarifas de energia, a Cemig foi a concessionária com o menor percentual total de redução.
Além da Cemig, outras concessionárias já conheceram o reajuste proposto pela Aneel e que, confirmado após consulta pública, passa a vigorar em 8 de abril.
A Empresa Energética de Mato Grosso do Sul (Enersul) teve redução média de 3,67%, sendo uma queda de 1,42% para indústria e de 4,63% para residências. Além dessa queda, a concessionária já trabalha com a queda de 18,24%, possibilitada pela lei 12.783.
Para a Centrais Elétricas Matogrossenses (Cemat) também foi aprovada uma revisão para baixo na média das tarifas de energia. A queda será de 4,04% para residências e para a indústria haverá alta de 0,56%. Na semana passada, a tarifa da companhia para os consumidores residenciais tinha recebido um corte de 19,29%.
A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) terá alta de 14,42% para a indústria e uma queda de 1,94% para residências. (Com agências)
Caixa
Empresa vai emitir debêntures
Brasília. A emissão de R$ 1,6 bilhão em debêntures pela Cemig Distribuição no próximo mês cobrirá despesas com investimentos e o maior custo da energia térmica, que vem sendo utilizada pela empresa devido ao baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. A informação foi dada ontem pelo diretor de Finanças e Relações com Investidores da Cemig, Luiz Fernando Rolla.
Segundo Rolla, o aumento expressivo para os consumidores residenciais se deve à necessidade maior de uso das usinas térmicas, cuja energia é bem mais cara. "Por causa do custo da energia térmica, os consumidores não irão perceber claramente os ganhos de eficiência da Cemig que serão repassados às tarifas", afirmou ontem o executivo.
"Vamos captar recursos no mercado para fazer frente a essas despesas, além dos investimentos", completou Rolla.

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