domingo, 6 de janeiro de 2013

PF investiga espiões no Planalto

Bisbilhotagem.
Documentos foram entregues pelo deputado Miro Teixeira (PDT-RJ)
Publicado no Jornal OTEMPO em 06/01/2013

FOTO: LÉO LARA - 3.9.2008
Segundo araponga arrependido, grupo atuava no Palácio do Planalto e no Congresso
Brasília.A Polícia Federal (PF) abriu investigação para apurar uma suposta rede de espionagem ilegal com atuação em Brasília que teria políticos e autoridades entre seus alvos. Suspeita-se que até a presidente Dilma Rousseff tenha sofrido tentativa de bisbilhotagem do grupo, além de senadores e deputados.
As investigações foram abertas a partir de informações e documentos entregues ao Ministério Público Federal e ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pelo deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), em julho passado.
Os documentos incluem extratos de ligações telefônicas e trocas de e-mail entre parlamentares do Congresso Nacional. Miro disse ao "Estado de S.Paulo" que recolheu o material de um araponga, que se sentira ameaçado e estaria agora sob proteção policial. "Criou-se na capital do país, sob os olhos dos Poderes da República, uma sociedade anônima de criminosos e violadores de dados pessoais" afirmou. "Não há cidadão nesse país, nem mesmo a presidente, seguro da sua privacidade, e isso é muito ruim para a democracia".
Contatada, a PF informou que abriu procedimento preliminar de investigação para verificar a autenticidade dos documentos, mas não comentará que encaminhamento deu ao caso para não atrapalhar as apurações. O órgão confirmou que há indícios veementes de crime no material, e que o caso será apurado com rigor.
O grupo ao qual o espião arrependido está ligado tem foco de atuação no Distrito Federal, voltado para autoridades do governo local. Mas o material entregue por ele inclui aparentes extratos de ligações e de e-mails de parlamentares federais, como o senador Blairo Maggi (PR-MT), o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e o ex-senador Demóstenes Torres, cassado por envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Nem a PF ou o deputado, todavia, veem associação automática do grupo com o contraventor. "Os extratos eram usados pela quadrilha como efeito demonstrativo para convencer clientes a fecharem negócio", disse Miro.
Mercado
Arapongas atuam em todo o país
Brasília. Segundo o delegado Marcos Leôncio Sousa Ribeiro, presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), quadrilhas de arapongas atuam impunemente em praticamente todos os Estados, fazendo espionagem industrial, bisbilhotagem contra particulares e, sobretudo, dossiês contra políticos.
"É um mercado anárquico, sem fiscalização ou controle, exercido muitas vezes por profissionais sem qualificação ou compromisso ético", diz, completando que esse mercado movimenta mais de R$ 1 bilhão ao ano no Brasil

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