quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Globo terrestre digital oferece uma visão dinâmica do mundo

Ciência
Ideia ainda é mais restrita a museus, mas espera-se que vá para salas de aula
Publicado no Jornal OTEMPO em 20/02/2013

MARK VANHOENACKER
The New York Times
FOTO: CHIP CLARK/SMITHSONIAN INSTITUTION VIA THE NEW YORK TIMES
Raridade. "Science on a Sphere" é um dos modelos de globo digital criados nos Estados Unidos, com cerca de 1,8 m de diâmetro
New York, EUA. No salão principal de exibições científicas do Cape Town Science Center, na África do Sul, um velho globo terrestre sem vida aparece sob lâmpadas fluorescentes, praticamente ignorado pelas crianças em excursões escolares. Mas, ao se subir uma escadaria, outro globo - digital - surge em uma sala escura. Essa esfera brilhante de luz faz as crianças ficarem olhando estarrecidas.

Até recentemente, limitações técnicas e financeiras praticamente confinaram esses modelos modernos a ambientes como centros espaciais. Com os avanços da tecnologia e com a queda dos preços, porém, fica mais provável uma esfera digital surgir algum dia em uma sala de aula.

Como sugere o nome, um globo digital é uma tela moldada no formato de esfera. Assim como os tradicionais, os globos digitais variam em tamanho, mas um modelo típico tem cerca de 60 cm de diâmetro. Nele, a imagem pode ser alterada ao toque de um botão. Controlado por um teclado ou tablet, um globo digital pode alternar entre imagens estáticas, como as fronteiras políticas e topográficas ou de vegetação. Ele pode exibir fenômenos complexos, como a formação de sistemas climáticos e o efeito do aquecimento global, além de mostrar a superfície da lua, as paisagens de Netuno ou o céu noturno.

Entre tantas funcionalidades, o modelo moderno ilumina o planeta humano, mostrando guerras, colonizações, fluxos modernos de comércio ou tráfego aéreo, além de ensinar matemática, oferecer jogos, exibir filmes ou servir como uma tela em branco para algum artista esférico.

Tentativas. Durante séculos, cartógrafos tentaram representar um planeta redondo em mapas planos com algumas distorções. Os fabricantes de globos terrestres (incluindo o próprio Gerardus Mercator, que fez uma projeção cilíndrica do globo no século XVI) enfrentaram um problema inverso: aplicar de forma eficaz informações a uma superfície esférica.

Para engenheiros de globos digitais, a "solução" seria um monitor de computador esférico. Edward R. Tufte, autor de "The Visual Display of Quantitative Information" (Apresentação Visual de Informações Quantitativas, em livre tradução), é um entusiasta quanto ao potencial dos globos digitais de nos lembrar das realidades offline do planeta.

Até que uma empresa como a Apple lance algum dia uma tela retina esférica, os globos digitais dependerão de projetores óticos. Mas como projetar uma imagem de forma que ela surja igualmente clara, nítida e sem distorções na superfície de uma esfera?

Existem diversas soluções óticas. Mas a distinção mais ampla é se a imagem é projetada de forma externa ou interna. O mercado para globos externamente projetados - leia-se "Science on a Sphere", os populares dispositivos instalados em cerca de 85 locais institucionais - é limitado pelo custo, pela natureza fixa da instalação e pelo fato de que um espectador que chegar perto demais pode se ver contemplando uma das memoráveis descrições do sultão otomano Solimão, o Magnífico; "a sombra de Deus na Terra".
Mercado
Preço e luminosidade estão entre as limitações
Nova York. Os globos digitais que logo poderão sair dos museus lançam uma luz imperfeita sobre o mundo. Uma pequena parte do extremo hemisfério Sul (perto do polo Sul) fica bloqueada pelo projetor e sua base. A luminosidade, mesmo tendo melhorado bastante, continua sendo um problema.

Além disso, o maior obstáculo é o custo: cerca de US$ 43 mil por um de 60 cm da iGlobe, de Franklin, no Estado norte-americano de New Hampshire; US$ 40 mil por outro de 80 cm da ARC Science, de Loveland, no Colorado; ou US$ 21 mil por um de 60 cm da Global Imagination, de Santa Clara, na Califórnia.

Mas os preços estão caindo. Mike Foody, CEO da Global Imagination, espera ter preços especiais para escolas - US$ 2.500 em um ou dois anos, valor que estaria na faixa de outros equipamentos de alta tecnologia, como lousas interativas.

Desde 2007, a Mayo High School, em Rochester, em Minnesota, usa um globo digital nas aulas. O diretor do planetário da escola, Lawrence Mascotti, afirma que a confiança das crianças em mídias digitais faz com que o globo seja uma forma de os professores "brincarem" no nível dos alunos. (MV/NYT)

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