Linda tarde de sol
Minha
mãe, uma otimista por vocação, me censurou noutro dia dizendo que tenho
tido o hábito de escrever, na maioria das vezes, sobre coisas
desagradáveis. Mais crítico, diz ela. A realidade não me permite ser tão
otimista. Começo o texto, então, para ser carinhoso com ela, de forma
diferente.
Numa linda tarde de sol, num dos bairros mais aprazíveis de Belo
Horizonte, família moradora no Belvedere, em agradável residência que se
esperava super segura, surpreendeu-se com a casa totalmente revirada,
por uma demorada e bem-sucedida visita de ladrões, ao retornar de um
passeio no domingo. Sem acreditar no desastre, tudo foi percorrido para a
triste conclusão. Chamou-se então a polícia que fez os BOs de praxe e
que, na maioria das vezes, servem para pouco ou nada. A PM chega,
estacionam-se duas ou três viaturas na porta do local visitado,
relata-se minuciosamente o ocorrido, anota-se o que relata o assaltado
sobre o que lhe foi levado, pergunta-se se há suspeitos, prometem-se
providências e boa noite. A vítima, ainda na esperança de poder alcançar
o que lhe levaram, dirige-se a delegacia de polícia civil, a quem
legalmente cabe a investigação do fato e responsabilização dos culpados,
através da formação do inquérito, base da ação penal. Tudo nos
conformes. É o rito.
A surpresa da lesada veio quando chegou à delegacia responsável pela área, que fica na esquina da avenida do Contorno com a rua Carangola. Lá ela foi atendida por um policial, que a ouviu atentamente e, depois do relato, respondeu-lhe lamentando como, também para ele, o policial, são chatas essas circunstâncias. Relatou à queixosa que também havia tido o carro furtado, nas proximidades daquela delegacia, há uns dez dias, sem tê-lo ainda encontrado e sem muita esperança para tal. Queixou-se do descaso dos governos para com a Polícia Civil, da falta de material, de equipamentos, de funcionários e de agentes, especialmente quando comparados os recursos destinados à Polícia Militar para compra de viaturas, instalações, armas e propriamente a contratação de efetivos.
O BO da PM ele se recusou a receber, com o convincente argumento de que nos arquivos daquela delegacia já se achavam mais de 16 mil BOs iguais sem qualquer função prática; aquele seria o 16.001.
Pediu apenas que a delegada não ouvisse o comentário, mas que isso é o absolutamente corriqueiro. O policial estava preocupado com o humor da delegada. Como cidadão, dane-se o humor de qualquer agente público. Quero providências. Para tal, pago impostos e cumpro com meus deveres. Delegado, investigador, secretário, juiz, promotor, governador, inspetor são servidores públicos. Que como tal se assumam e desempenhem suas responsabilidades funcionais.
Não é preciso dizer que depois de tanta sinceridade do policial e da constatação de que estamos inquestionavelmente desprotegidos, a vítima voltou pra casa, com a decisão de contratar alarmes e um serviço particular de segurança para sua guarda. Infelizmente a solução para essa situação, que atormenta toda a população acima de todos os limites, só virá quando a sociedade se unir para exigir respostas que não sejam falácias e desculpas. E nesse caminho, quando a polícia e seus agentes passam a ser vítimas da insegurança e da delinquência que corre solta, é possível imaginarmos que providências possam ser produzidas. Do jeito que estamos, o que esperar?
A surpresa da lesada veio quando chegou à delegacia responsável pela área, que fica na esquina da avenida do Contorno com a rua Carangola. Lá ela foi atendida por um policial, que a ouviu atentamente e, depois do relato, respondeu-lhe lamentando como, também para ele, o policial, são chatas essas circunstâncias. Relatou à queixosa que também havia tido o carro furtado, nas proximidades daquela delegacia, há uns dez dias, sem tê-lo ainda encontrado e sem muita esperança para tal. Queixou-se do descaso dos governos para com a Polícia Civil, da falta de material, de equipamentos, de funcionários e de agentes, especialmente quando comparados os recursos destinados à Polícia Militar para compra de viaturas, instalações, armas e propriamente a contratação de efetivos.
O BO da PM ele se recusou a receber, com o convincente argumento de que nos arquivos daquela delegacia já se achavam mais de 16 mil BOs iguais sem qualquer função prática; aquele seria o 16.001.
Pediu apenas que a delegada não ouvisse o comentário, mas que isso é o absolutamente corriqueiro. O policial estava preocupado com o humor da delegada. Como cidadão, dane-se o humor de qualquer agente público. Quero providências. Para tal, pago impostos e cumpro com meus deveres. Delegado, investigador, secretário, juiz, promotor, governador, inspetor são servidores públicos. Que como tal se assumam e desempenhem suas responsabilidades funcionais.
Não é preciso dizer que depois de tanta sinceridade do policial e da constatação de que estamos inquestionavelmente desprotegidos, a vítima voltou pra casa, com a decisão de contratar alarmes e um serviço particular de segurança para sua guarda. Infelizmente a solução para essa situação, que atormenta toda a população acima de todos os limites, só virá quando a sociedade se unir para exigir respostas que não sejam falácias e desculpas. E nesse caminho, quando a polícia e seus agentes passam a ser vítimas da insegurança e da delinquência que corre solta, é possível imaginarmos que providências possam ser produzidas. Do jeito que estamos, o que esperar?
Resposta – Dr. Cylton Bandão (Chefe da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais)
O
caso tratado pelo colunista Luiz Tito (“Linda tarde de sol”, 18.3)
exige uma resposta no sentido de se assegurar que o bom atendimento à
população é uma obrigação de qualquer setor do Estado. Mais que isso, o
cumprimento do dever de quem recebe o cidadão em uma repartição pública é
a única forma de justificar a existência do Poder Pública. Sendo assim,
informo que já determinei rigorosa apuração dos fatos, visando a
identificação do servidor que não teria recebido o boletim de ocorrência
(B.O). Tal comportamento não faz parte do compromisso que a Polícia
Civil tem com a população. Vamos adotar as medidas pertinentes e legais e
demonstrar, mais uma vez a todos os servidores, que não há
justificativa para que uma delegacia de polícia deixe de receber um BO, é
o mínimo que podemos fazer. A Polícia Civil tem recebido investimentos
suficientes. Os últimos governos dedicaram especial atenção aos pleitos
da nossa Instituição. Imprensa livre e comprometida com o bem estar
social é um dos mais vigorosos pilares da nossa democracia. O assunto
tratado é lamentável. Ainda assim, devemos seguir em frente, corrigindo
os equívocos e cumprindo nossa missão de oferecer ao cidadão e um
serviço de qualidade e comprometido com o interesse público.
SINDPOL
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